Por Paulo Roberto Cequinel
Começo reafirmando algo que já disse em meu blog intestinal: Antonina não é pior do que qualquer outra cidade ou lugar e não está acima nem é melhor que sua gente, não é uma entidade superior ou intangível, mas é, antes e sobretudo, resultado do nós fazemos, acertando e errando, divergindo, discutindo, escolhendo.
Filho adotivo e meio relapso, admito, gosto da sensação de segurança e da tranqüilidade, da falta de pressa, da calma e das belas imagens das montanhas e do mar que nos cerca, e devo dizer que detesto quando alguém diz que por aqui nada vai pra frente, ou que tudo acaba fechando. Então o sujeito abre lá o seu negócio (epa!), é incompetente e relapso, quebra, e a culpa é da cidade, é minha e de todos os capelistas?
Gosto das pessoas, sempre muito simples e em geral muito divertidas, do trânsito que anda sem problemas maiores, embora alguns motoristas sejam lamentáveis.
Gosto do calçamento das ruas, de pedras centenárias e duradouras e dos prédios antigos e históricos e gosto, que luxo, quando posso pagar depois uma compra no mercado quando esqueço carteira, cartão e grana.
Gosto da Casa Verde, do Buganvil, do Le Bistrô, da Casa da Pizza, do Cantinho de Antonina e do Baía de Antonina, e do Albatroz, e da Nair, e gosto tanto que não estou cobrando nada para dizer isso.
Gosto de Antonina, meus amigos, por gostar, por ter escolhido viver por aqui embora não tivesse raízes e, vejam bem, gosto de Antonina apesar de certos antoninenses que acham que isso, ser antoninense os torna seres melhores que os “estrangeiros”, e gosto daqui apesar daqueles que consideram ter o monopólio do amor pela cidade.
Sou capaz de somar minhas modestas, esquálidas e desimportantes forças por Antonina desde que não me venham com essa conversa mole de “união pela causa maior” - que é desmobilizadora e despolitizadora, porque não vou me permitir ajuntamento com certos figurões, dos quais quero completa e segura distância.
Afinal, cabelos e barbas brancas, penso ser merecedor de um pouco de respeito.
2 comentários:
Certa vez, ouvi, num documentário, o grande zoólogo e compositor Paulo Vanzolini dizer, sobre a Amazônia, que tem um especial e maravilhoso tempo, mas não se trata desse tempo cronológico, nem do clima, mas daquele tempo espiritual, dimensional, aquele ritmo pulsante no qual passamos a viver a vida mais lentamente, mais satisfatoriamente, num ritmo peculiar em que todo o universo conspira. De uma forma semelhante percebo esse seu texto. Que é uma declaração de amor à Antonina e ao modus vivendi de um lugar abençoado pela natureza.
Pedroso, cuidado. Tem gente que garante que solto a franga. Você poderá ficar, digamos, muito mal falado, prezado.
Um abraço e obrigado.
PAULO ROBERTO "CALM" CEQUINEL
THE QUIET FIRE ORNITORRINCO CORPORATION
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