No início dos anos quarenta o Brasil vivia o Estado-Novo e Getúlio Vargas se perpetuava no poder, depois de enfrentar várias insurreições. A Segunda Grande Guerra eclodia na Europa e o fantasma deste conflito rondava o país com torpedeamento de navios mercantes brasileiros pelos submarinos alemães e italianos. Estes atos obrigaram o Governo Federal fechar os portos para proteger suas embarcações mercantes, ocasionando uma crise sem precedentes às cidades que dependiam da navegação mercante.
Antonina estava inserida neste contexto e os atos do Presidente Getúlio trouxeram sérias consequências à economia capelista. As empresas Loyd Nacional e a Companhia de Navegação Costeira, que operavam, essencialmente, na exportação de madeira e erva-mate, praticamente paralisaram suas atividades deixando um grande número de estivadores sem trabalho.
Antonina estava inserida neste contexto e os atos do Presidente Getúlio trouxeram sérias consequências à economia capelista. As empresas Loyd Nacional e a Companhia de Navegação Costeira, que operavam, essencialmente, na exportação de madeira e erva-mate, praticamente paralisaram suas atividades deixando um grande número de estivadores sem trabalho.
Na tentativa de superar a crise, insignes capelistas foram ao Rio de Janeiro, Capital Federal, sensibilizar o Presidente Vargas para que as empresas voltassem a operar em Antonina, mas não foram recebidos. Outra tentativa foi feita pelas senhoras da sociedade capelista, as quais também retornaram a Antonina sem sucesso.
Foi então que o senhor Manoel Eufrásio Picanço, na época chefe da Tropa de Escoteiros Valle Porto, ofereceu ao Prefeito Hélio Trevisan uma saída: entregar em mãos ao Presidente Vargas uma carta constando os motivos pelos quais as duas principais Cia Marítimas deveriam retornar a operar nos cais Antoninenses. Mas o feito precisaria ter grande repercussão e então Maneco Picanço sugeriu que cinco escoteiros deveriam ir a pé entregarem a carta ao Presidente Getúlio Vargas. Movidos pelo desespero, as lideranças locais não questionaram o chefe Maneco e este, ao chegar na caserna, reuniu-se com seus comandados para expor a corporação sobre a necessidade do feito. Imediatamente cincos voluntários ergueram as mãos, pois alguns eram filhos de estivadores que sentiam na pele as dificuldades geradas pelo bloqueio presidencial, eram eles:
Alberto Shtorach Junior
Milton Horibe
Lydio dos Santos Cabreira
Antonio José Gonçalves
Manoel Cabral
Para esta heróica e memorável missão a "Patrulha Touro" foi formada. A chefia do grupo foi dada ao escoteiro Alberto Shtorach Junior, o Beto, por ser o mais velho – tinha 21 anos - e acabara de servir o exército. Milton Horibe, 16 anos, era o guia da missão e responsável por armar as barracas. Era um dos fundadores da Tropa Valle Porto e participou do ajuri Joinville – São Paulo como guia do primeiro Grupo Tefé. Lydio dos Santos Cabreira foi designado como monitor da Tropa Touro e participou do Raid a pé Antonina - Curitiba, perfazendo um trajeto de 82 quilômetros, juntamente com os escoteiros Rubens Nargone Vieira, Lourival Silva e Alceu Pereira da Silva, em 05 de maio de 1940. Antonio José Gonçalves, o Canário, era o escoteiro mais novo, contava na época com 15 anos e sua tarefa era ajudar Manoel Cabral, o Manduca, com a comida. Canário era submonitor da Patrulha da Onça e tinha uma vantagem sobre os demais: só caminhava descalço.
Com a tropa formada, restava detalhar a estratégia da caminhada, mas antes Maneco Picanço chamou à caserna os pais dos escoteiros e os fez assinar um termo, eximindo o Grupo Escoteiro Valle Porto de qualquer responsabilidade se algo de grave acontecesse aos membros da missão. O material a ser levado foi providenciado, estudaram, cansativamente, a trilha a ser percorrida e decidiram pela mais curta, porém mais difícil: irem pelo Cacatu, cortando a Serra Negra.
3 comentários:
O seu blog está cada vez melhor. Esta postagem sobre a odisseia dos escoteiros capelistas está no ponto. Bravo, Luiz! Fico aqui, aguardando novos textos. Abração!
Obrigado, meu amigo, pelas palavras.
quer que este blog se orne um instrumento para o antoninenses se expressarem
tanto que coloquei uma poesia do Maurício
abraços
Olá Luís Henrique!
Fiquei encantada com o seu Blog. Continue escrevendo.
Parabéns, Bj.
Eleusis
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