"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A ODISSÉIA DA PATRULHA TOURO


PRÓLOGO

No início dos anos quarenta o Brasil vivia o Estado-Novo e Getúlio Vargas se perpetuava no poder, depois de enfrentar várias insurreições. A Segunda Grande Guerra eclodia na Europa e o fantasma deste conflito rondava o país com torpedeamento de navios mercantes brasileiros pelos submarinos alemães e italianos. Estes atos obrigaram o Governo Federal fechar os portos para proteger suas embarcações mercantes, ocasionando uma crise sem precedentes às cidades que dependiam da navegação mercante.
Antonina estava inserida neste contexto e os atos do Presidente Getúlio trouxeram sérias consequências à economia capelista. As empresas Loyd Nacional e a Companhia de Navegação Costeira, que operavam, essencialmente, na exportação de madeira e erva-mate, praticamente paralisaram suas atividades deixando um grande número de estivadores sem trabalho.
Na tentativa de superar a crise, insignes capelistas foram ao Rio de Janeiro,  Capital Federal, sensibilizar o Presidente Vargas para que as empresas voltassem a operar em Antonina, mas não foram recebidos. Outra tentativa foi feita pelas senhoras da sociedade capelista, as quais também retornaram a Antonina sem sucesso.
Foi então que o senhor Manoel Eufrásio Picanço, na época chefe da Tropa de Escoteiros Valle Porto, ofereceu ao Prefeito Hélio Trevisan uma saída: entregar em mãos ao Presidente Vargas uma carta constando os motivos pelos quais as duas principais Cia Marítimas deveriam retornar a operar nos cais Antoninenses. Mas o feito precisaria ter grande repercussão e então Maneco Picanço sugeriu que cinco escoteiros deveriam ir a pé entregarem a carta ao Presidente Getúlio Vargas. Movidos pelo desespero, as lideranças locais não questionaram o chefe Maneco e este, ao chegar na caserna, reuniu-se com seus comandados para expor a corporação sobre a necessidade do feito. Imediatamente cincos voluntários ergueram as mãos, pois alguns eram filhos de estivadores que sentiam na pele as dificuldades geradas pelo bloqueio presidencial, eram eles:

Alberto Shtorach Junior
Milton Horibe
Lydio dos Santos Cabreira
Antonio José Gonçalves
Manoel Cabral

Para esta heróica e memorável missão a "Patrulha Touro" foi formada. A chefia do grupo foi dada ao escoteiro Alberto Shtorach Junior, o Beto, por ser o mais velho – tinha 21 anos - e acabara de servir o exército. Milton Horibe, 16 anos, era o guia da missão e responsável por armar as barracas. Era um dos fundadores da Tropa Valle Porto e participou do ajuri Joinville – São Paulo como guia do primeiro Grupo Tefé. Lydio dos Santos Cabreira foi designado como monitor da Tropa Touro e participou do Raid a pé Antonina - Curitiba, perfazendo um trajeto de 82 quilômetros, juntamente com os escoteiros Rubens Nargone Vieira, Lourival Silva e Alceu Pereira da Silva, em 05 de maio de 1940. Antonio José Gonçalves, o Canário, era o escoteiro mais novo, contava na época com 15 anos e sua tarefa era ajudar Manoel Cabral, o Manduca, com a comida. Canário era submonitor da Patrulha da Onça e tinha uma vantagem sobre os demais: só caminhava descalço.
Com a tropa formada, restava detalhar a estratégia da caminhada, mas antes Maneco Picanço chamou à caserna os pais dos escoteiros e os fez assinar um termo, eximindo o Grupo Escoteiro Valle Porto de qualquer responsabilidade se algo de grave acontecesse aos membros da missão. O material a ser levado foi providenciado, estudaram, cansativamente, a trilha a ser percorrida e decidiram pela mais curta, porém mais difícil: irem pelo Cacatu, cortando a Serra Negra.

3 comentários:

Edson Negromonte disse...

O seu blog está cada vez melhor. Esta postagem sobre a odisseia dos escoteiros capelistas está no ponto. Bravo, Luiz! Fico aqui, aguardando novos textos. Abração!

Amigos do Jekiti disse...

Obrigado, meu amigo, pelas palavras.
quer que este blog se orne um instrumento para o antoninenses se expressarem
tanto que coloquei uma poesia do Maurício
abraços

Anônimo disse...

Olá Luís Henrique!

Fiquei encantada com o seu Blog. Continue escrevendo.

Parabéns, Bj.

Eleusis

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento