"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O CÉU É SÓ UMA PROMESSA

Por Luiz Henrique Ribeiro da Fonseca

"Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada." Começo esse escrito com a frase de uma canção da banda gaúcha, Engenheiros do Hawai, que mostra o quanto ela ainda é atual, apesar de ter sido um sucesso dos anos 80. Partindo dessa premissa, afirmo que políticos fazem promessas e não as cumprem, pois, dentro de uma moral própria, seus discursos têm um único objetivo: alcançarem seus interesses pessoais. Esse comportamento nada mais é que o postulado da vitória de um sobre o outro e que, a princípio, define a máxima de que é preciso se eleger a qualquer custo.
Cada político se candidata com o propósito de programar sua proposta galgada, em primeiro lugar, dentro de uma ideologia pessoal, embora fundamentada nas necessidades de sua cidade ou região. Mas o jogo democrático exige uma adaptação por parte da liderança, pois ele se obriga a adotar um comportamento político, uma ética própria que, de maneira geral, foge da nossa compreensão, de nosso pensamento. Essa natureza dá o dinamismo, o ponto de partida, a estratégia para que candidatos alcancem seus objetivos futuros, sem considerar a moralidade dos atos e, depois de eleitos, esquecem o que prometeram em campanha.
Escrevi este preâmbulo para opinar sobre a enorme quantidade de políticos e cabos eleitorais que vieram a Antonina, neste final de semana, por conta da aglomeração das “presas” eleitorais que estiveram nas festividades da padroeira. Mas o que me impressionou foi a unanimidade de todos em considerar Antonina uma cidade voltada para o turismo. Considero importante essa visão, pois não deixa de ser uma verdade e isso é a prova de que eles enxergam para onde Antonina deseja ir. Esse potencial de nossa cidade foi praticamente uma consciência global, embora, na maioria das vezes, o que propuseram aqui, vai depender, depois de eleitos, de algumas alianças com os políticos locais e é através destes que os eleitores devem cobrar.
Essa tradução não é difícil de fazer para o cidadão comum que muitas vezes sente-se traído ou indignado com o não cumprimento do que foi prometido e aderem a indignação estéril ao invés de cobrar o que essas coligações lhes propuseram. Mas como a política tem uma ética diferente da moral essa pressão vai depender, em parte, dos interesses futuros do político local (eleições municipais), simplesmente porque a dinâmica eleitoral pode definir parcerias diferentes das atuais. Essa é uma premissa, infelizmente, e, por incrível que pareça, podem unir lados opostos, devido aos interesses pessoais e políticos. É compreensível que tudo isso é abstrato aos olhos do povo, como se tudo estivesse distante do real, mas não está para quem vive na política e da política, pois na verdade cada qual trabalha, em primeiro lugar, para si, depois para o outro. Essa prática desencadeia um descrédito da classe política e faz com que a população vá a busca de segurança e perca o sentindo social e cívico, dando lugar à crítica e ao individualismo.
Em minha opinião uma saída contra esse paraquedismo eleitoral seria o voto distrital, que algema as coligações e aproxima os candidatos da região do seu eleitorado, bem como as pressões em suas propostas. Esse sistema político-eleitoral é mais justo, pois divide o Estado em regiões eleitorais de acordo com o total geral das cadeiras para o legislativo, sentando em uma delas aquele candidato que obtiver maior votação no seu distrito.
Outro aspecto é o fortalecimento da ideologia partidária, não permitindo a proliferação de partidos nanicos que mais parecem pequenas tribos, onde um cacique manda em poucos índios e, dependendo da votação da legenda, pelo sistema da proporcionalidade, podemos eleger candidatos nos quais não votamos como se mirássemos um alvo e acertássemos outro.
Enquanto a atual lei eleitoral vigorar, resta aos capelistas votarem em políticos da região e, se eleitos, cobrá-los para que Antonina se insira em seus planos políticos, caso contrário o céu continuará sendo uma promessa (de campanha).

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O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento