"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



terça-feira, 14 de setembro de 2010

AFONSO, O PARALAMA DO SUCESSO


Minha visão e meus ouvidos ainda se lembram dele na prainha, embalando os banhistas com as canções que saíam do estridente “paralama do sucesso”. Era tempo de carnaval, mas não eram as marchinhas, nem axés, nem lambadas que soavam dos agudos alto-falantes do seu famigerado trio elétrico e sim uma variedade de estilos musicais que ia do Pop à música clássica. Afonso era como um Arlequim da commedia dellárte, um fenótipo bobo da corte, um boto festeiro que aparecia sorrateiro para encantar as mocinhas da aldeia.
Quando o carnaval acabava e as cinzas lavavam os lábios das moças, o Arlequim guardava a fantasia e ia cuidar do mar. Mas para ele o mar não era dos peixes, nem do Cisne Branco que flutuava no mar azul e sim das sereias de Afrodite que habitavam as ilhas isoladas do litoral do Paraná. Quando a noite caia a saudade batia e o soldado embarcava sedento de volta para a sua casa, onde nos braços de sua amada ele se guardava para quando o carnaval chegar.
Depois de tantos carnavais o faceiro marinheiro partiu para terras distantes. Deixou nos lábios da fogosa menina a sensação do beijo derradeiro, no amor verdadeiro o desejo enterrado eternamente na alma e o leve sorriso de quem entendia o porquê ele gostava do tombo do navio e do balanço do mar. Para nós que não amamos o mar foi o Arlequim que partiu, o trio elétrico que se calou, os palácios de Veneza que ruíram sob a constelação de estrelas mortas. Mas na poesia esquecida é de Afonso que sinto falta, da sua vocação para a alegria, do seu debochado trio elétrico “Paralama do Sucesso” que zumbia pelas ruas de Antonina nas noites de carnaval.
A você, Afonso, minha eterna lembrança e agradecimento por ter tornado o carnaval de Antonina mais alegre.

2 comentários:

Edson Negromonte disse...

Eita, Luiz, mais uma bola dentro!

Anônimo disse...

Obrigada meu querido, então lendo o que escreveu lembrei de uns dos carnavais que o pai chegou em casa sem o carrinho de mão, depois que repousou de uma boa madrugada de carnaval que deu conta que o carrinho havia sumido... E começou a retroceder os pensamentos para lembrar onde havia deixado o carrinho, o qual carinhosamente vc o chamou de "paralama do Sucesso" ele o chamava de "Extropochifrodalho"rs...

Não precisou pensar muito, pq o telefone tocou e simplesmente o velho Afonso de guerra tomou tantas que um outro homem guiava o carrinho para ele, enquanto o pai foi dormir, o homem que carregava o carrinho se mandou para a ponta da pita, e lá foi seu Afonso pegar o seu "paralama do sucesso" para mais uma noite de carnaval...

Valéria

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento