"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



segunda-feira, 29 de novembro de 2010

É O MEU GURI... OLHA AÍ!



Não sou daqueles que sente orgulho do que fora feito na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão, pois acredito que muitos dos bandidos são frutos de uma política selvagem de concentração de renda que obrigou a camada mais pobre da população carioca a se pendurar em barracos, por conta de política separatista destes últimos 100 anos.
É preciso que entendamos que a criminalidade do Rio de Janeiro e em outros grandes centros é proveniente da desigualdade social que induz o adolescente, sem perspectiva, a encontrar uma maneira de ascender socialmente, pois no Rio pobres e ricos, favelas e condomínios de luxo fazem parte da mesma paisagem.
Fico aqui imaginando um menino do morro da Rocinha sonhando em ter o que tem um menino que mora ao lado em um condomínio de luxo de São Conrado. Claro que pela oferta da assimilação o favelado desejará ter a mesma condição de vida que seu semelhante mais rico, mas ao se deparar com a falta de perspectiva acaba se entregando ao aparentemente mais fácil caminho da criminalidade.
Para entendermos melhor essa desigualdade é preciso retornar aos tempos da escravidão até o ano de 1960, quando o Rio deixou de ser a capital do Brasil e depois aos anos 70 quando se evidenciou a incompetência do Estado em combater o tráfico. Mas não vou aqui relatar essas situações e nem tampouco esmiuçar o descaso da administração, a selvageria capitalista, nem o separatismo das elites da zona sul que oprimiram e obrigaram negros, pobres, descendentes de escravos exilarem-se em morros e periferias.
A causa dessa criminalidade no Rio é evidente e não é apenas com a tomada de território, instalação de UPPs que o problema acabará. É preciso de uma vez por todas que as autoridades e sociedade organizada resgatem a enorme dívida social daqueles pingentes favelados, sem acesso à educação, saúde, saneamento básico e emprego e lhes ofereçam uma maneira de se auto-afirmarem como cidadãos.

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O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento