"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Comissão da Verdade não é revanche, diz nova ministra de Dilma

Agência Estado

Brasília - Com um discurso duro, mas tentando mostrar que o atual momento é de diálogo e sem espaço para revanches, a petista gaúcha Maria do Rosário assumiu hoje a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). A cerimônia contou com a presença do ministro da Defesa, Nelson Jobim. Nos últimos anos, as duas pastas, com Paulo Vanucchi e Jobim no comando, mantiveram duros embates, criando problemas políticos para o governo Lula.
O discurso da nova ministra procurou demonstrar a diferença entre as duas gestões. Quando se referiu ao período que os militares tomaram o poder, por exemplo, Maria do Rosário preferiu usar o termo "período de exceção", ao contrário de Vanucchi, que sempre usou "ditadura". No fim de sua fala, a ministra defendeu o "reconhecimento da responsabilidade do Estado pelas graves violações de direitos humanos com vista a não repetição do ocorrido" e pregou que "devemos enfrentar as questões para caracterizar a consciente virada de página do momento da história".
Em seguida, a ministra fez um apelo ao Congresso para que aprove a formação da Comissão da Verdade. "A constituição da Comissão da Verdade não se trata, jamais, de qualquer atitude de revanche como disse, em seu discurso, a presidente Dilma", reforçou a nova ministra.
Tentando mostrar que não quer ter problemas no relacionamento com os militares, ela prosseguiu dizendo que "estamos movidos pelo entendimento e até pelo reconhecimento que no Brasil de hoje, no Estado brasileiro, não há qualquer instituição contra a democracia". Segundo Maria do Rosário, "as Forças Armadas são parte da consolidação democrática deste Brasil e nas Forças Armadas há o desejo de trabalharmos de forma conjunta neste processo de consolidação da democracia".
Sobre a abertura de arquivos das Forças Armadas, Maria do Rosário disse que isso faz parte de um amplo debate, sem contradições. "Hoje, no governo, não temos qualquer contradição entre setores dos Direitos Humanos e das Forças Armadas. Somos parte de um mesmo projeto nacional de democracia e as Forças Armadas contribuem para a consolidação do processo democrático", afirmou.
Questionado se a fase de embate entre Defesa e Direitos Humanos estava encerrada, o ministro Jobim, em entrevista ao fim da cerimônia, disse que está trabalhando para "virar a página". Perguntado sobre algumas partes mais duras do discurso da ministra, que pediu o reconhecimento do Estado quanto aos mortos e desaparecidos políticos, Jobim disse: "É isso que está sendo feito. Tudo que ela diz está sendo feito. Estamos trabalhando por isso". Ele afirmou também que não se opõe à criação da Comissão da Verdade, justificando que participou da elaboração desse texto.

Por Amigos do Jekiti
O mais importante é reescrever a história daqueles anos difíceis, através da apuração e esclarecimento das práticas de torturas por parte do Estado e permitir que as pessoas possam saber toda a verdade sobre a morte e desaparecimento dos seus parentes. É dever de todo cidadão o apoio irrestrito à essa comissão para que ela tenha condições de resgatar a dignidade daqueles que morreram lutando contra a ditadura e expor a toda a nação a verdade sobre aqueles tempos de exceção. Dilma começou muito bem, dando ao povo brasileiro o direito de saber o que aconteceu nos porões da ditadura. Isso se chama dignidade, cidadania, respeito e dá garantias para que as nossas instituições democráticas respeitem ainda mais os direitos humanos em nosso país.

2 comentários:

Fortunato disse...

Um regime autoritário, seja ele de esquerda ou de direita, que não cumpre com o Estado de Direito e com os Direitos Humanos e que marginaliza civis pelo simples fato destes pensarem livre e de forma diferente não pode angariar para si a verdade.

Os agentes de Estado que representavam esse mesmo regime autoritário não podem ter direito à anistia. Devem ser julgados por seus atos. Sem isso, a ferida continua aberta e a honra e o respeito pelas Forças Armadas permanecem sob risco. É o que afirma o Dr. Fabio Konder Comparato, sobre a ação da OAB para a revisão da Lei de Anistia:

“A OAB tentou recuperar a honorabilidade das Forças Armadas. Para nós é indispensável que a corporação militar seja respeitada . Ela não é respeitada, não foi respeitada pelos torturadores e os atuais comandantes não se incumbem de lavar essa ferida.”



O fato de termos desaparecidos políticos é motivo de vergonha sim, mesmo que o desaparecimento tenha ocorrido há séculos.O que não pode é haver anistia para os torturadores. Estes não podem e não serão anistiados pela História.

Cortes de Justiça internacionais já se manifestaram contra a anistia dada a esses brasileiros que sequer sabemos os nomes.Já são idosos certamente, mas não podem se esconder da História e nem do crivo da Nação. Não se trata de perseguição.
O fato é que a anistia gerou fatos como o da campanha eleitoral contra a Dilma Roussef, que de torturada pelo regime,acabou virando terrorista nas mãos dos marqueteiros da campanha de Serra, enquanto a extrema-direita dos torturadores inpunes, sorria feliz.
Tudo porque ainda tentam esconder a História dos torturadores no Brasil.A campanha contra Dilma serve de exemplo de que não podemos colocar debaixo do tapete a tortura imposta aos brasileiros com acompanhamento norte-americano.

Conforme afirma Dr. Fabio Konder Comparato,

” é lícito e honesto que governantes e seus subordinados havendo cometido durante anos crimes de grande violência contra os cidadãos, na véspera de deixar o poder, preparassem uma lei para torná-los impunes?” e que:

“é compatível com a Ética e o Direito que membros das Forças Armadas, abandonando a tradicional virtude militar da coragem de lutar em campo aberto contra o inimigo da pátria, se transformem em capitães do mato, executem sumariamente os seus adversários armados ou não, ocultem os cadáveres, ou então se infiltrem nas prisões para realizar atos de tortura bestial?”

Cabem às nossas consciências responderem.

Edson de Araújo disse...

Dia 16 é o aniversário do meu grande amigo, compadre e irmão: Marcelo Gato.
Fará 70 anos, o cabra da peste.
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santos,vereador e, um dos deputados federais mais votados no país.
Perdeu o mandato federal, cassado pela famigerada ditadura de direita.
Minha mulher, deve a vida a esse grande camarada!
Presa no Doi-codi, sequestrada que fora por bandidos do Exército Brasileiro, só está viva porque o Marcelo, avisado para calar a boca,convocou a imprensa internacional,denunciou, e entregou seu mandato prá salvar os amigos!
Ele e Nelson Fabiano!
Já estou bebo!
Já estamos com ele!
Tomando todas!
Deus e o diabo que lhe paguem grande Gato!

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento