Pois é, Pedro, nosso querido e eterno bilheteiro do Cine Ópera morreu em decorrência do desmoronamento do Morro da Laranjeiras. Em sua homenagem, posto abaixo uma singela homenagem que fiz a ele em 13/09/2010.
PEDRO, O BILHETEIRO DO CINE ÓPERA
por Luiz Henrique Ribeiro da Fonsecafoto de João Gabriel dos Santos (João Garça)
Morei na mesma rua do cinema, onde passei minha infância e adolescência. Por anos vi Pedro colocar e retirar cartazes da parede do Cine Ópera e à noite, na portaria, receber os clientes, ao lado da sua inseparável urna de bilhetes.
Toda semana tinha um lançamento – geralmente eram os filmes ingênuos das chanchadas da Atlântida ou do Mazzaropi - e a fila dobrava a esquina da Igreja São Benedito. Quem vinha do sítio, estacionava sua canoa, bem cedinho, no “rego” do mercado e de lá seguia, alinhado, para garantir sua entrada. Quem morava na cidade também tinha que comprar seu bilhete logo cedo, caso contrário só assistiria ao filme na seção do dia seguinte.
Às vezes passava em frente ao cinema, saindo do Brasílio Machado, e me deparava com o anúncio de um filme desejado. Como, quase sempre, não tinha dinheiro para a entrada, juntáva-me, à noitinha, com os meus amigos para iniciarmos o "namoro" com o nosso querido bilheteiro... Depois de muitas súplicas, ele nos deixava entrar, sorrateiros, para que o gerente não nos visse... Ainda bem que Pedro estava lá!
Na década de setenta o Cine Ópera entrou em decadência e para sobreviver recorreu às pornochanchadas, para deleite de Ceci "cagado" que, à miúde, consumia seu desejo nas primeiras fileiras do cinema. Na tela do Cine Ópera não havia mais Mazzaropi, Oscarito, Grande Otelo, Tônia Carrero, entre outros, e sim atores mais jovens, de pouco talento, mas de bunda e seios a mostra, para os quais a gente não podia olhar... Mas ainda bem que Pedro estava lá!
Meu interesse, algumas vezes, não era assistir aos filmes e sim aprontar com meus amigos algumas inocentes barbaridades contra os policiais “pé-de-galinha”, Ceci “cagado” e outro que levava o apelido de “Dejango”, por andar com a cartucheira na altura do joelho. Muitas vezes éramos pegos em nossos pequenos delitos e levados à gerência para algum corretivo, depois proibidos de entrar no cinema, mas isso não durava mais que dois dias... Porque Pedro sempre estava lá!
Hoje já não existe o Cine Ópera, pois voltou a ser o velho Theatro Municipal. Quando passo em frente ou entro para assistir algum espetáculo me vem à mente sua figura de corpo galgas e de sorriso brando. Ás vezes o encontro na portaria e minha saudade me obriga parar e relembrar os tempos do bom e velho Cine Ópera. À medida que disparo minhas convulsões e arrancos, percebo os seus milagres, como se as emoções sentidas naquele momento não passassem de um engano do tempo. Quando vou embora, carregado pelas tantas lembranças, sempre olho para trás e, antes de dobrar a esquina, digo, baixinho, só para eu ouvir: "ainda bem que Pedro estava lá"!
4 comentários:
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Edson,
o link não acessa via facebook
o que é?
Reproduzi a notícia no Facebook, Luiz!
Tenho amigos lá que conhecem Antonina.
Edson, meu facebook é luiz henrique fonseca, me add, ok?
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