"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



terça-feira, 22 de março de 2011

A VALSA VIENENSE DE BETO RICHA

O Governador Beto Richa disse agora no Paraná TV que já desponiblizou 5 milhões de reais para ajudar pequenos empreendores recuperarm seus negócios. Segundo o governador os juros são baixos e pode ser retirado através do Banco de Fomentos do Paraná. Além do crédito, haverá ajuda técnica para que os recursos sejam melhor aplicados.
Quem acompanha de perto as consequências da nossa tragédia deve saber que os morreteanos já retornaram para suas casas, enquanto os antoninenses estão morando em abrigos. Como o microcrédito não é para a construção de casas aos desabrigados, acredito que os recursos servirão muito mais para Morretes que Antonina. Explico o porquê: Morretes precisa levantar sua agricultura e nada melhor nesse momento que uma linha de crédito, a juros baixíssimos, para alavancar os negócios... E Antonina, onde entra?
Pois bem! Morretes e Antonina foram os dois municípios mais atingidos pela calamidade, cada uma com suas consequências econômicas: enquanto Morretes sofreu com as enchentes que dizimou sua agricultura, Antonina sofreu com o desmoranamento dos morros, gerando algumas centenas de desabrigados. A relação que há entre as duas cidades é o turismo, alicerçado pela gastronomia.
A situação das estradas, naturalmente, gera insegurança naqueles acostumados a "descerem" para seus passeios, idas aos comércios de artesanato e restaurantes típicos das duas cidades.
Logicamente um dia tudo voltará ao normal, mas até esse dia chegar muitos dos restaurantes, bares e pousadas sofrerão com a crise, principalmente os de Antonina, por ser, basicamente, a segunda opção. Com base nessa constatação, lanço algumas perguntas, para as quais não tenho respostas:
  1. Por que o comércio utilizaria esses créditos se ninguém vai lá comprar?
  2. Por que os donos de bares e restaurantes comprariam comida se ninguém vai lá comer.
  3. Por que os donos de pousadas fariam investimentos se ninguém vai lá se hospedar?
  4. Será que Beto Richa tocou mais uma vez a falsa vienense para os antoninenses dançarem?
Quem tiver respostas para essas perguntas por favor as façam.

4 comentários:

Fortunato disse...

Luiz Henrique, estava aqui no meu aconchego tentando imaginar e criar um texto racional para uma reflexão do nosso povo, sobre a tragédia que nos aconteceu. Nada...nada criei. Bloqueio mental, então fui nos meus arquivos dos tempos de faculdade e fui ver se tinha algum texto em que eu pudesse contextualizar e bricolar, de tantos arquivos que tenho aleatóriamente cliquei e eis que apareceu esse texto do Rubens Alves, um texto simples, mas com um profundidade ímpar.

Abs

Natinho.



"Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre."

Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.

Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa. Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.

Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação também.

Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si. Não pode imaginar a transformação que esta sendo preparada para ela. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM! E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado.

Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras, a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém.

Extraído do livro "O amor que acende a lua", de Rubem Alves.



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Αφθονία

Anônimo disse...

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Amigos do Jekiti disse...

Natinho, é isso aí!
Não sou nada brilhante em comparação a Rubem Alves, mas no meu humilde texto coloquei a questão da dor como uma oportunidade de crescimento. O dor do povo causada pela calamidade, pode acender esse fogo e transformar tudo isso numa saborosa pipoca.
Só lamento pelo comentário aí em cima. Esse tipo de coisa mostra que ainda somos canibais de nós mesmo. Enquanto alguns querem a pipoca outros querem apagar o fogo.
Na verdade, Natinho, não é cada povo que merece seu governante e sim cada cidade merece o povo que tem.
abraço!

Fortunato disse...

Só lamento pelo comentário aí em cima(...)

Luiz Henrique, não lamente não! Esse é apenas um. O que vale para uma cidade como Antonina é o vídeo(Os Heróis Anônimos de Antonina) postado hoje por vc, que também é uma homenagem a todos os voluntários que foram solidários nessa hora.

Esse vídeo pode ser o começo de uma mudança cultural no nosso meio, não sociólogo para datar quando começou essa cultura de somente fazer críticas negativas.

Começamos a exercitar o elogio, tão importante para a autoestima da pessoa.

Pais e mães antoninenses; começem a praticar o elogio como uma forma de educação para o futuro de seus filhos(as). Uma criança com alta autoestima, será um adulto mais sadio, com auto-critica, independente, acredita mais em si...ele consegue mudar si mesmo, mudando a si, ele(a) leva essa mudança a sociedade.

Abs

Natinho

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento