"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



quinta-feira, 21 de abril de 2011

O CAVEIRÃO VIRTUAL

Estava cá com meus botões querendo entender o porquê os seguidores anônimos dos blogs antoninenses comportam-se agressivamente contra uma idéia ou opinião alheia. Muitos desses comentários nem sequer tem a ver com o conteúdo editado e muito menos servem para garantir um debate mais adequado. O festival de delírios é tão escabroso que inibe qualquer debate sobre as coisas de Antonina, além de servir de instrumento da proliferação do ódio, do rancor e da alienação. Naturalmente este estilo autofágico antoninense de discutir e fazer política provém da falta de perspectiva do povo, desencadeada pela decadência do porto e o fechamento do Matarazzo. Se uma cidade não oportuniza ao seu povo uma perspectiva de futuro, certamente ela se tornará um lugar de disputas truculentas entre grupos políticos antagônicos, cujos colaboradores servem como uma espécie de “caveirão” para abrir espaço à força para que seu líder tenha uma posição de destaque na política capelista.
Reputo como perigosa essa guerra virtual feita nas sombras dos blogs, pois ela pode desencadear um vício, uma doença coletiva, que degenera valores sociais e políticos e cria um instrumento de sujeição do povo à “autoridade moral” constituída nas urnas. Não obstante, a coerção física e mental, além de escravizar, afasta o povo dos seus verdadeiros valores e transforma a autoridade constituída numa espécie de dono do destino daqueles que se sujeitam a segui-lo em troca de pequenos favores.
Essa sujeição voluntária legitima a autoridade a agir de acordo com as necessidades dos seus seguidores e estes determinarem, indiretamente, como a autoridade deve agir. Em suma: a autoridade nada mais é que o espelho do seu povo, porque este não tem um ideário maior e aquele legisla dentro dessa conveniência. Com essa prática cria-se um vínculo e ambos acabam sendo reféns de promessas, as quais muitas vezes não são cumpridas, tornando as relações entre colaboradores e políticos uma sucessão de conveniências, isto é, aquele que defendia de repente passa a atacar.
Em regra geral tanto a autoridade como os seus seguidores justificam essa relação na autodefesa, isto é, na garantia das suas posições sociais, e quando se sentem ameaçados reagem de maneira truculenta contra aqueles que também buscam sua ascensão através das mesmas regras. O laço que os liga é frágil, não ideológico, exclusivamente de caráter material, e a idéia nada mais é que a de conservá-la, até que um não tenha mais interesse no outro ou o outro lado ofereça mais.
Assim, portanto, caminha a humanidade e me parece que esse quadro ainda se manterá por muito tempo até Antonina despertar para uma nova era. Seu povo é o condutor maior dessa mudança, desde que impeça oportunistas ascenderem ao poder, votando, conscientemente, em quem realmente têm compromissos com políticas desenvolvimentistas e sociais.

8 comentários:

Anônimo disse...

O povo de Antonina evoluiu em uma base diferente de outras comarcas de províncias, como por exemplo Santa Catarina que foi colonizada por agricultores vindo da Ilha dos Açores. Antonina, como todo mundo sabe, era conhecida como Capela, daí seus habitantes serem chamados de capelistas. Em agosto de 1797, foi elevada à categoria de Vila, com a denominação de Antonina, em homenagem ao D. Príncipe D. Antônio. Em 06 de novembro de 1797, sua sede foi elevada à categoria de Comarca da Província de São Paulo. Isto se deu em função de vários pedidos da população que não se conformava com a existência de muitos malfeitores e desordeiros que vieram, para cá atraídos pela cobiça do ouro. Posteriomente com a descoberta das Minas Gerais, esse problema amainou um pouco. Dos indios Carijós que habitavam esta região, não vale a pena nem citar, coitados. Depois vieram os árabes, como todos sabemos, a despeito de suas virtudes, ser um povo meramente negociante, assim como os portugueses. Os poucos japoneses que chegaram foram alocados no Cacatu, quando nem existia estrada. Poucos ficaram, os demais foram para Curitiba e Norte do Paraná. O ciclo portuário arrefeceu com com a queda da exportação de madeira e erva mate.
O comportamento, a cultura e costumes do Capelista não pode ser diferente em função de suas raizes. Cabe as novas gerações mudar e isto se dará com boa educação e boa saude para a população. Um dia chegaremos lá.

Amigos do Jekiti disse...

Sua contextualização é muita boa e através dela podemos discutir algumas questões. Por exemplo: Será que os indios carijós foram dizimados pelos forasteiros? Os japoneses foram embora por falta de condições para desenvolverem suas lavouras?
Com a queda da exportação de madeira e erva mate, Antonina não teve capacidade para encontrar outras maneiras de desenvolver sua economia?
Se a decadência econômica de antonina deu lugar a políticos que se perpetuam no poder apenas praticando assistencialismo barato?

Anônimo disse...

O amigo acertou em cheio. Entretanto não devemos culpar somente os políticos, pois o caldo cultural resultantes dos fatos históricos é muito forte. Não devemos esquecer também na nobre raça negra. Que tem pouca ou quase nenhuma representatividade nos fatos. Observe-se que o poder aquisitivo das famílias capelistas era pequeno em relação a outras Comarcas. Em Paranaguá por exemplo, existem fortes indícios que se vendiam e compravam escravos até o ínicio do século XX.
Agora, maginem a Baia de Antonina,
nessa época, além da beleza, existia a fartura e riqueza de peixes e crustáceos.
Dizimava-se os varões indios mas mantinham-se as suas mulheres. Formando-se nova etnia (SIC) a do caiçaras. Tudo isto me leva a recordar a música do Chico Buarque; "o tempo passou na janela e só Antonina não viu".
Ainda é tempo, vamos trazer faculdades e escolas técnicas para Antonina, vamos achar maneiras de atrair investimentos privados para gerar mais empregos e riquezas. Antonina pelo seu passado merece.

Amigos do Jekiti disse...

Sem querer ser pretensioso, mas o meu propósito é este, isto é, Antonina precisa de uma política desenvolvimentista. Nossa cidade precisa ser reinventada e para isso é necessário descontruir certos mitos, principalmente nosso complexo de vira-lara e autofagismo. Não dá mais para aguentar esses oportunistas de plantão compram o voto do povo humilde por uma migalha.O povo precisa de políticos libertários, visionários e com forte compromisso social.
Não me iludo com o agora, pois sei que isso levará tempo, mas já passou da hora de começar.

Amigos do Jekiti disse...

Para não deixar dúvidas, informo que não quero segregar ninguém com a minha opinião a favor de políticos com perfis desenvolvimentistas. Isso não temnada a ver com escolaridade e formação profissional e sim com sensibilidade social. Lula é o maior exemplo disso.

Fortunato disse...

O QUE MUDA NOSSO PLANETA É CONSCIÊNCIA.
O QUE CRIA CONSCIÊNCIA É EDUCAÇÃO.
O QUE PERMITE EDUCAÇÃO É A LIBERDADE.

Anônimo disse...

Quem derrubou a ditadura militar não foram os políticos. Quem decidiu mudar este País não foram os políticos. As pessoas quando se unem e se mobilizam, e os poderosos ficam preocupados é o sinal que estão no caminho certo.

Amigos do Jekiti disse...

Sinto discordar da sua colocação. Em primeiro lugar não é o povo que inicia a mudança, ele é o objeto, o sujeito é a consciência da mudança. O povo, sem subestimá-lo, segue essa consciência pq sente a sua força da mudança. Nenhuma revolução na história da humanidade partiu do povo e sim de uma onda de consciência política e social. O que povo precisa é aprender a se indignar com o atual status quo. É preciso pensar uma nova Antonina, para que o povo derrube a "bastilha" dos fisiologistas.

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento