"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



segunda-feira, 4 de julho de 2011

O TESOURO DO MORRO DA JENELINHA

Houve outrora, em Guarapirocaba, um pobre e modesto alfaiate chamado Benitodin, homem inteligente e trabalhador, que não perdia a esperança de vir a ser riquíssimo. Como e onde, no entanto, encontrar um tesouro fabuloso e tornar-se, assim, rico e poderoso?
Um dia, parou na porta de sua humilde casa, um velho mercador do Cacatu, o Pipico, que vendia uma infinidade de objetos extravagantes. Por curiosidade, Benitodin começou a examinar as bugigangas oferecidas, quando descobriu, entre elas, uma espécie de livro de muitas folhas, onde se viam caracteres estranhos e desconhecidos. Era uma preciosidade aquele livro, afirmava o mercador, e custava apenas três dinares. Era muito dinheiro para o pobre alfaiate, razão pela qual o mercador concordou em vender-lhe o livro por apenas dois dinares.
Logo que ficou sozinho, Benitodin tratou de examinar, sem demora, o bem que havia adquirido. Qual não foi sua surpresa quando conseguiu decifrar, na primeira página, a seguinte legenda: "o segredo do tesouro do Morro da Janelinha." Que tesouro seria esse?
Benitodin,recordava vagamente de já ter ouvido qualquer referência a ele, mas não se lembrava onde, nem quando. Mais adiante decifrou: "o tesouro do Morro da Janelinha, enterrado pela Mãe do Ouro, entre as montanhas do Feiticeiro, foi ali esquecido, e ali se acha ainda, até que algum homem esforçado venha encontrá-lo."
Muito interessado, o esforçado tecelão dispôs-se a decifrar todas as páginas daquele livro, para apoderar-se de tão fabuloso tesouro. Mas, as primeiras páginas eram escritas em caracteres de vários povos, o que fez com que Benitodin estudasse os hieróglifos morretenses, a língua dos jekitinenses, os dialetos dos apinajés e o idioma dos bagrinhos.
Em função disso, ao final de três anos Benitodin deixava a profissão de alfaiate e passava a ser o intérprete do rei, pois não havia na região ninguém que soubesse tantos idiomas estrangeiros e as línguas mortas guarapirocabanas . Passou a ganhar muito mais e a viver em uma confortável casa.
Continuando a ler o livro encontrou várias páginas cheias de cálculos, números e figuras. Para entender o que lia, estudou matemática com os calculistas da cidade e, em pouco tempo, tornou-se grande conhecedor das transformações aritméticas. Graças aos novos conhecimentos, calculou, desenhou e construiu uma grande ponte sobre o rio Pequeno, o que fez com que o rei o nomeasse prefeito.
Ainda por força da leitura do livro, Benitodin estudou profundamente as leis e princípios religiosos de sua cidade, sendo nomeado primeiro-ministro daquele reino, em decorrência de seu vasto conhecimento. Passou a viver em suntuoso palácio e recebia visitas dos príncipes mais ricos e poderosos do mundo, como: Dom João Gabriel I e único, do principado do Jardim Maria Luiza; Dom Antônio Eugênio, Barão da Ermelino de Leão; Conde Luís Henrique XXI, o Vigia, do Condado do Clube Literário...e outros. Graças a seu trabalho e ao seu conhecimento, o reino progrediu rapidamente, trazendo riquezas e alegria para todo seu povo. No entanto, ainda não conhecia o segredo do Moro da Janelinha, apesar de ter lido e relido todas as páginas do livro.
Certa vez, teve a oportunidade de questionar um venerando sacerdote, F. Machado, a respeito daquele mistério, que sorrindo esclareceu:
"O tesouro do Morro da Janelinha já está em seu poder, pois graças ao livro você adquiriu grande saber, que lhe proporcionou os invejáveis bens que possui. Afinal, Janelinha na língua dos índios Carijós, significa saber e Feiticeiro quer dizer trabalho."
Com estudo e trabalho pode o homem conquistar tesouros inimagináveis.
O tesouro do Morro da Janelinha é o saber, que qualquer homem esforçado pode alcançar, por meio dos bons livros, que possibilitam "tesouros encantados" àqueles que se dedicam aos estudos com amor e tenacidade.
Fonte: livro Os Melhores Contos, de Malba Tahan
( O Tesouro de Bresa )
Contextualizado por Fortunato Machado Filho

3 comentários:

Anônimo disse...

estorinha pra boi dormir

Anônimo disse...

Caso o Malba Tahan tivesse conhecido Pipico, este personagem impar que nasceu e viveu em Antonina, provavelmente o tivesse incluído em alguma de suas obras.
Pipico foi o maior frequentador do SUS da época. Sua vocação era vender muambas. Me lembro que certa vez ( me contaram ) ele chegou a derrubar um pranchão de madeira no pé para não ter que trabalhar, pegou uma semana de licença médica.

Anônimo disse...

Anônimo 23:45

Quando um texto fala em, "com estudo e trabalho pode o homem conquistar tesouros inimagináveis", vc só quer é dormir, depois não sabem o "porqueê" que quando tem concurso para estivador em Antonina, aparece candidato até da Grécia, entendeu ou quer que desenhe! Seu "come/dorme e Caga", esse é o verdadeiro Anônimo CAGÃO.

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento