"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

PRECISO FALAR DE DONA LAURA

Não posso deixar de falar de dona Laura. Minha infância foi vivida na Ermelino de Leão, onde ela morava com o marido Geraldo e os filhos Geraldo Leão, Alexandre e Rafael. Fui frequentador assíduo da casa e ri muito com as histórias do velho Geraldo, do jeito peculiar com que ela contava piadas e me apaixonar pelo seu sorriso reluzento mesmo quando a dor lhe impunha aceitar as reservas da vida.
Quando se mudaram para a Conselheiro Alves de Araujo, fui com eles e lá no quarto do Gê aprendi a amar o rock e ser arrebatado pelo ritmo frenético das “colheradas” incendiárias do velho Geraldo.
Lembro muito bem quando Gê e eu passamos no vestibular – ele nas Belas Artes eu na Federal – e ouvimos dela a reveladora frase: “Este ano foi dos vagabundos”. Logicamente que a interpretação que demos era diferente do contexto comum, tanto que rimos muito, pois sabíamos que a conotação que ela nos deu tinha um amplo sentido de liberdade.
Pois é, dona Laura acordou do pesadelo da vida e agora nada mais importa. Para os que a amam a saudade será aquele membro amputado, fisgando, esperando que o tempo pratique seus milagres.
Só espero que ela não siga a recomendação daqueles que a querem no lugar comum. Não seria justo! A austeridade que há lá não compreenderia seu sorriso reluzente. Mas se assim for, que alguém sempre esqueça a porta aberta...

2 comentários:

Jeff Picanço disse...

Luiz, cada um a seu tempo, que privilegio termos convivido com um ser humano deste porte!
bela homenagem!

Pr. TEODORO disse...

Meus amigos, minhas amigas. Leitores e comentaristas deste blog.

Poucos aprenderam com essa excelente professora, mas muitos deveriam ter aprendido.

A sociedade vigente está altamente adulterada seja oriunda dos males do capitalismo: injustiça, miséria, poder excessivo, etc, ou como diria Durkheim tudo o que assola a sociedade é uma questão de moralidade. A política é parte da complexidade de relacionamento humano, ou seja, peculiaridade dos fenômenos sociais, por ser um indivíduo sociável o homem busca a vida em comunidade, onde surge a política entrelaçando as relações dos meios com os fins entre as pessoas, pois a política está relacionada ao coletivo e suas questões públicas, não ficando isolada ao partidarismo, ou a profissionalização de desfalques econômicos nas esferas de órgãos públicos do Estado.
Na edificação de uma sociedade livre e justa e essencialmente solidária, a política pressupõe um valor moral: os homens têm direito de ter suas opiniões e expressá-las. Partindo dessa conjectura é preciso haver critérios de valores a fim de instituir relações hierarquicas para nortear as ações da coletividade. Uma vez que, toda pessoa tem capacidade de atuar e cogitar com certa independência em relação ao seu meio social, ou em opor-se a este, cônscio da descoberta do ser que deliberadamente decide. Portanto a ética é um inacabável pensar, refletir e construir, tendo a escola dever de educar para que os educandos possam julgar com autonomia e tomar parte nessa construção, articulando com clareza uma ética-política para a transformação. Hoje no processo educacional, o professor não é mais o eixo da ação educativa, mas o educando por estruturas dinâmicas é um ser ativo procedente das experiências vivenciadas em seus múltiplos aspectos de conhecimento, tornando-se assim o centro da prática pedagogica. O compromisso que a escola tem com a construção da cidadania solicita necessariamente a compreensão da realidade social e de sua teia de soberania e dependência. O trabalho da escola com problemáticas sociais proporciona a ação política e a magnitude dos princípios democráticos e éticos da sociedade, essa visão crítica da realidade viabiliza instrumentos de modificação, favorecendo o entendimento ético e político do sujeito.
É com base na relação política da estruturação escolar com a comunidade, passando pela distribuição de poder entre os trabalhadores até chegar na afinidade professor e aluno que ocorre a contribuição da escola na intervenção da realidade social, pois a ética encontra-se também nas relações entre os agentes constituintes dessa instituição. Portanto essa perspectiva do trabalho pedagógico possibilita o desenvolvimento da autonomia moral, centrada no ato consciente de se posicionar criticamente diante de normas , já que a validade destas são derivadas do concenso do grupo. Em suma a ligação intríseca da ética com a política, inspira a reflexão sobre as diversas faces de conduta social ressalta a emancipação ético-político, mediada pela cumplicidade de aprender e ensinar da escola.

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento