"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Minissérie da Globo associa servidores e centrais sindicais à corrupção

E eis que a TV Globo volta à pauta, novamente por razões pouco nobres. As redes sociais já têm batido na tecla dos interesses escusos por trás da minissérie “O Brado Retumbante”, e aos poucos a própria emissora vai confirmando tais intenções. Em seu terceiro capítulo, o folhetim associa os trabalhadores do serviço público do país e as centrais sindicais à corrupção. Tudo muito sutil, com o cuidado necessário para evitar futuros problemas na Justiça.
Logo no começo do capítulo desta quinta-feira (20), Paulo Ventura, sósia de Aécio Neves que cai de paraquedas na cadeira de presidente da República, anuncia à nação o envio ao Congresso de um Projeto de Emenda à Constituição (PEC) que cria a Lei de Responsabilidade Pública, cujo texto prevê punição dobrada a qualquer tipo de delito cometido por agentes públicos, quer sejam servidores, parlamentares, ministros de estado ou juízes. Em seguida, durante o jantar, o mandatário reclama à primeira-dama: “Parece que a grita vai ser grande. As centrais sindicais já ameaçaram greve geral por tempo indeterminado se a lei da ‘responsa’ for aprovada”.
Corta a cena. As emissoras de TV repercutem o conteúdo da lei, otimistas por sua aprovação. Mais um corte, desta vez para um cenário tomado pela penumbra, no qual deputados e senadores corruptos articulam um meio de arquivar a referida PEC. Algumas cenas à frente, ao sair do teatro, o presidente é apupado por manifestantes, identificados como servidores, que seguram cartazes com os seguintes dizeres: “Funcionários públicos repudiam perseguição” e “abaixo o autoritarismo”.
Durante o discurso à nação, o presidente fictício avisa que “minorias organizadas” vão tentar derrubar a PEC e faz uma proposta: “Estou aqui para convidar a maioria desorganizada para defendê-lo”, referindo-se ao projeto. Qualquer semelhança com as convocações feitas por figuras como Reinaldo Azevedo para as “marchas contra a corrupção” ocorridas no ano passado são mera coincidência.
O ataque é bem articulado, mas está longe de ser uma novidade. Desde os tempos de Getúlio Vargas, os veículos de Roberto Marinho e a chamada “grande mídia” em geral associam o sindicalismo e qualquer forma de organização de trabalhadores à baderna, à mamata pública e à corrupção. Milhares de páginas de jornais e revistas já foram dedicadas a martelar nos cérebros da população as “verdades” do Partido da Imprensa Golpista (PIG), obviamente sem nunca exibir quem foram os corruptores da história. Muda-se a forma, mas o conteúdo está longe de ser original.

Descompasso
A eleição de Lula para a Presidência vai completar uma década em outubro deste ano, mas a mídia brasileira, com a TV Globo à frente, ainda está longe de se conformar com as mudanças pelas quais o Brasil vem passando – apesar de também se beneficiar delas. Se o Brasil caminha atualmente para um futuro com mais desenvolvimento e menos desigualdade, esse novo cenário se deve em grande parte às lutas travadas pela classe trabalhadora e suas diversas formas de organização, apesar de toda a gritaria antipopular orquestrada pelos meios de comunicação.
Felizmente, com a internet esse tipo de carimbo sobre movimentos populares aos poucos vai deixando de surtir o efeito de outrora. “O Brado Retumbante”, “Veja”, o “Jornal Nacional” ou a “Gazeta de Jequitinhonha” têm todo o direito de gerar um debate sobre corrupção – ou qualquer tema delicado – na sociedade, mas precisam fazê-lo com responsabilidade e, sobretudo, honestidade. Em tempos de agressões com bolinha de papel e crimes em reality shows, a Globo demonstra não ter assimilado qualquer lição desses recentes fatos – e tampouco compreender os anseios de sua audiência.
do Blog do Moacir Soares

Por Amigos do Jekiti
Sou funcionário público, como meu pai e minha mãe, como minhas tias, meu avô e minha esposa. Vivi no meio deles e com eles aprendi o significado da palavra servir (servidor). Por muitos anos acompanhei meu pai chegar tarde em casa por conta da extenuante tarefa de fechar o 'caixa' e ver minha mãe, até altas horas, corrigir provas porque tinha que cumprir com o seu calendário escolar. Foi assim com minhas tias professoras e meu avô "carvalhinho", que morreu pobre devido à sua aposentadoria minguada de servidor municipal.
Quando ingressei no serviço público, em 1980, levei comigo essas imagens e exemplos e, depois de alguns no serviço público, encontrei outra servidora, com a qual me casei. Durante os 32 anos como servidor público - que sentiu na pele a falta de um Plano de Cargos e Salários decente, que conviveu com o sucateamento dos serviços prestados à população e teve que fazer malabarismos financeiros devido à defasagem salarial - jamais me esqueci dos paradigmas que meus pais, tias, avô e esposa foram e são para mim.
Hoje, prestes a me aposentar, olho para TV e me sinto ofendido com a tentativa espúria da Rede Globo em querer desmoralizar a carreira do servidor público, como se nela houvesse uma gangue que só quer roubar o erário público.
Por meus pais, tias, avô, esposa e colegas, que exercem e exerceram com dignidade suas funções públicas, deixo aqui meu brado retumbante de repúdio à Rede Globo de Televisão, pelo conteúdo demagógico e ofensivo da sua minissérie aos servidores públicos deste país.

2 comentários:

PAULO R. CEQUINEL disse...

Prezados Luiz e Lia:
Eu e Sônia, servidores aposentados da Petrobras, nos associamos ao seu protesto.
Incondicionalmente.

Amigos do Jekiti disse...

e nós a vocês, meus amigos.

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento