"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



domingo, 8 de janeiro de 2012

Sobre a Ganância e a Bestialidade "humanas"

Um amigo internauta me enviou o texto abaixo, no qual mostra até que ponto vai a bestialidade do homem. O texto reporta ao assassinato de uma índia de oito anos, da etnia awa-guajá, por madeireiros da região de Arame, no Maranhão. O texto ainda mostra a foto da indazinha queimada, mas por ser uma imagem muito forte, resolvi não portá-la.

por Rogério Tomáz Jr.

Uma criança de oito anos foi queimada viva por madeireiros em Arame, cidade da região central do Maranhão. Enquanto a criança – da etnia awa-guajá – agonizava, os carrascos se divertiam com a cena.
O caso não vai ganhar capa da Veja ou da Folha de São Paulo. Não vai aparecer no Jornal Nacional e não vai merecer um “isso é uma vergonha” do Boris Casoy. Também não vai virar TT no Twitter ou viral no Facebook. Não vai ser um tema de rodas de boteco, como o cãozinho que foi morto por uma enfermeira.
E, obviamente, não vai gerar qualquer passeata da turma do Cansei ou do Cansei 2 (a turma criada no suco de caranguejo que diz combater a corrupção usando máscara do Guy Fawkes e fazendo carinha de indignada na Avenida Paulista ou na Esplanada dos Ministérios).
Entretanto, se amanhã ou depois um índio der um tapa na cara de um fazendeiro ou madeireiro, em Arame ou em qualquer lugar do Brasil, não faltarão editoriais – em jornais, revistas, rádios, TVs e portais – para falar da “selvageria” e das tribos “não civilizadas” e da ameaça que elas representam para as pessoas de bem e para a democracia. Mas isso não vai ocorrer.
E as “pessoas de bem” e bem informadas vão continuar achando que existe “muita terra para pouco índio” e, principalmente, que o progresso no campo é o agronegócio. Que modernos são a CNA e a Kátia Abreu.
A área dos awa-guajá em Arame já está demarcada, mas os latifundiários da região não se importam com a lei. A lei, aliás, são eles que fazem. E ai de quem achar ruim.
Os ruralistas brasileiros – aqueles que dizem que o atual Código Florestal representa uma ameaça à “classe produtora” brasileira – matam dois (sem terra ou quilombola ou sindicalista ou indígena ou pequeno pescador) por semana. E o MST (ou os índios ou os quilombolas) é violento. Ou os sindicatos são radicais.
Os madeireiros que cobiçam o território dos awa-guajá em Arame não cessam um dia de ameaçar, intimidade e agredir os índios.
E a situação é a mesma em todos os rincões do Brasil onde há um povo indígena lutando pela demarcação da sua área. Ou onde existe uma comunidade quilombola reivindicando a posse do seu território ou mesmo resistindo ao assédio de latifundiários que não aceitam as decisões do poder público. E o cenário se repete em acampamentos e assentamentos de trabalhadores rurais.
Até quando?

8 comentários:

Pr. TEODORO disse...

Meus amigos, minhas amigas...

SOMOS UM POVO PASSIVO.

A resposta a tanta passividade pode estar em um estudo de Fábio Iglesias, doutor em Psicologia e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB).

Segundo ele, o “brasileiro” age de acordo com aquilo que os outros pensam, e não por aquilo que ele acha correto fazer. Essas pessoas pensam assim: se o outro não faz, por que eu vou fazer?

Conforme esse estudo, a crença de que “não vai dar em nada” é o discurso comum entre os “não-reclamantes”. É uma mistura de vergonha, medo e falta de credibilidade nas autoridades.

No microcosmo antoninense dá para ver muito bem esre comportamento do
nosso povo.

O brasileiro é protagonista do fenômeno “ignorância pluralística”, termo cunhado pela primeira vez em 1924 pelo americano Floyd Alport, pioneiro da psicologia social moderna.

Exemplo comum de ignorância pluralística: “Quando, na sala de aula, o professor pergunta se todos entenderam, é raro alguém levantar a mão dizendo que está com dúvidas”, afirma. Ninguém quer se destacar, ocorrendo o que se chama “difusão da responsabilidade”, o que leva à inércia.

Mesmo quem sofre uma série de prejuízos não abre a boca.

O antropólogo Roberto DaMatta diz que não se pode dissociar esse comportamento omisso dos brasileiros da prática do “jeitinho”.

Para ele, o fato de o povo não lutar por seus direitos, em maior ou menor grau, também pode ser explicado pelas pequenas infrações que a maioria comete no dia-a-dia.

“Molhar a mão” do guarda para fugir da multa, estacionar nas vagas para deficientes ou driblar o engarrafamento ao usar o acostamento das estradas são práticas comuns e fazem o “brasileiro” achar que não tem moral para reclamar do político corrupto.


Bem “AdJ”, se você é uma pessoa que reclama, protesta, faz valer o seu direito, você é exceção no Brasil. Todos os estudos feitos sobre o comportamento do “brasileiro” apontam numa mesma direção: somos passivos.

Henrique disse...

Esta aceitação do errado e uma certa conformação com situações atipícas é secular. Uma caracteristica que vem desde o descobrimento (SIC). No Paraná por exemplo: mais da metade do território pertencia à Espanha. Os bandeirantes na busca frenética do ouro, invadiram e tomaram todo o território. Não sei qual foi o acerto que houve com entre Espanha e Portugal na época. Posteriormente já quando o Paraná não era mais Comarca de S. Paulo, as terras foram vendidas pela União/Estado para uma empresa Inglesa, que montou seu escritório em Londrina ( de Londres ). O grupo o que fez? Loteou tudo e vendeu para novos fazendeiros para plantar café. O que aconteceu com os habitantes antigos cujas famílias viviam nas terras a mais de dois séculos? Foram mortos por jagunços. Andei muito pelas quelas bandas e o que dizem é que os rios Ivai e Piguiri são os maiores cemitérios do mundo.

Amigos do Jekiti disse...

Meus caros,
esses comentários pertinentes me lembram de Sérgio buarque de holanda, em Raízes do brasil, no qual o sociológo define o brasileiro como um ser emotivo, sentimental, que leva para a esfera pública essa relação familiar afetida, portanto, cordial.
Lembro também de Montaigne em seu Ensaios, no qual ele nos mostra a crueldade da tortura, que nasce no êxtase da fúria, pela simples diversão.
há também Rosseau e seu discurso sobre a desigualdade humana, no qual ele tbm afirma que a violência do homem se intensificou com seu direito á propriedade.
como, vimos, meus amigos, a questão é secular. se não podemos resolver o problema da violência então que adotemos mecanismo legais para condená-la.
Temos platão e a prática da dialética, da racinalidade do homem em alcançar a essência das coisas, da incessante busca pelo bem,através do mundo inteligível e sensível.
e por aí vai
abraços e obrigado pelas excelentes intervenções

Fala o que quer! Ouve o que não quer disse...

Infelizmente o homem muitas vezes é motivado pela ganancia.
Seja por terras, dinheiro, domínio, reservas de petróleo, gerras religiosas a vida não tem valor, quando o homem deixa de ser racional.
Essa criança é o exemplo monstruoso da degeneração do ser homem, que é capaz de tirar uma vida por bens materiais.
Um sorriso apagado em meio ao ódio

gostaria que os amigos vissem do que o homem é capas.
www.elfarra.ps
www.rawa.org

JUBA disse...

Quando se lê o livro As Veias Abertas da América Latina de Eduardo Galeano (inclusive encontra-se também em versão on-line), observa-se o estágio moral da humanidade. A lei do mais forte contra o mais fraco. Sente-se nojo do ser humano dito civilizado que na realidade é mais cruel e bárbaro que as feras, que ainda se debatem na inferioridade. Por incrível que pareça, nada mudou. Apenas os métodos se tornaram mais refinados e sutis, porém a crueldade parece ter aumentado mais.

Amigos do Jekiti disse...

Meu caro Juba, Vou reler as veias abertas, pois faz muito tempo que o li. Comprei a última edição (2010), na qual o próprio galeano lamenta que o livro ainda é atual.
Um dos maiosres texto sobre o relativismo que conheço è de Montaignê (Sobre os Canibais). Já no século 16 ele apontava a barbarie dos colonizados contra os indios canibais. O relativismo de Montaigne mostrava aos europeu que os antoprófagos brasileiros não eram mais brutais que os civilizados colonizadores.

ALAN RAUZE - Enviado Especial do AdJ em Roma disse...

**FUNDOS ABUTRES compraram títulos da dívida grega na bacia das almas, com desconto de 60% sobre o valor de face ** agora se recusam a endossar o plano da troika (FMI, CE e BCE) que prevê desconto de 50% dos direitos dos credores sobre o débito do país**sem essa adesão a troika veta a liberação de financiamentos essenciais para mitigar um naufrágio econômico e social em que o desespero elevou em 40% as taxas de suicídios e famílias entregam filhos a orfanatos por não conseguirem prover seu sustento** o New York Times afirma que títulos com vencimento em março estão sendo adquiridos por fundos hedge com a mesma finalidade especulativa** o mais paradoxal é que o BCE, que integra a troika e dita as regras a Atenas, ele próprio se isenta de conceder o desconto previsto, sendo todavia o maior credor da Grécia.

EMBLEMAS DA CRUZADA IMPERIAL

Quatro soldados americanos riem e urinam --ou simulam urinar-- sobre três cadáveres de talibãs no Afeganistão: o filme foi postado nesta 4ª feira no YouTube (http://www.youtube.com/watch?v=DmWDDPsA6c0&feature=player_embedded) e sua veracidade está sendo investigada pelo governo dos EUA. Há antecedentes. As cenas desconcertantes formariam apenas mais um emblema da lista a qual pertencem Abu Ghraib, Guantánamo e assassinatos em série de cientistas nucleares iranianos. São ícones da auto-investida cruzada do império contra o que se denomina e se justifica, aberta ou implicitamente, na mídia e em salões ilustres, como sendo a necessária construção de um escudo da civilização contra a barbárie, a ameaça à segurança, à democracia, aos direitos e à dignidade humana.
(Carta Maior; 5ª feira; 11/01/ 2012)

O GUARDIÃO DO PORTINHO disse...

O Senhor Ministro da Saúde pediu a colaboração da população no combate a dengue, porém esqueceu de solicitar aos Senhores Prefeitos a fazerem o mesmo. Antes de adentrarem em qualquer residência para ser vistoriada, quero lembrar que a Prefeitura deve dar o exemplo, para depois cobrar. Cobrar ela cobra, e muito bem.

Os terrenos abandonados nas áreas centrais de Antonina viram lixões. Cães na prainha e nas ruas de Antonina é normal. Nos fins de semana os prestadores de serviço(nem todos) de gastrônomia fazem de Antonina uma lixeira, para alegria dos urubus. E os moradores, como sempre, ficam a ver navios que hora atracam.

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento