O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz hoje que privatização não é uma questão ideológica.
Questão ideológica é a propriedade dos meios de produção. É a discussão, que não está posta neste Governo, entre socialismo e capitalismo.
Totalmente diferente é o patrimônio público e o controle dos serviços públicos essenciais.
Separemos as coisas.
Entregar patrimônio público para grupos privados em condições ruinosas não é ideologia, é dilapidação.
Se as condições não são ruinosas, a questão passa a ser outra, a da importância daquele patrimônio para aqueles em nome dos quais você o administra e se a sua função é pequena ou suprível de outras formas.
A Vale, por exemplo, foi privatizada em condições ruinosas e tinha uma importância estratégica para o país – pelo fato de deter as maiores jazidas de ferro do planeta – insubstituível.
Tivemos N+1 governos de direita e nenhum deles tentou vender a Vale, exceto do de FHC.
Dizer, como fez FHC, que o que foi feito aos aeroportos ontem segue o mesmo modelo do que fez ele à Vale é uma mistificação absurda, que não se sustenta diante de um sopro.
É o mesmo que dizer que alugar um apartamento é o mesmo que vendê-lo.
Pior, porque no imóvel há um cofre contendo uma fortuna incalculável, que vai junto.
A Vale foi vendida, os aeroportos tiveram a administração concedida.
Na concessão, não há entrega de patrimônio, que retorna ao Estado, com todas as benfeitorias.
A questões, aí, são de outra ordem: se o serviço é essencial – e neste caso se permanece controlável pelo concedente - se a concessão atende ao interesse da população, a quem são entregues, e se é pago ao poder público por ela uma justa remuneração.
Nas concessões da telefonia, por exemplo, o princípio da essencialidade deveria fazer com que o Estado mantivesse o podere os instrumentos para controlá-la, e ele abriu mão disso. As concessionárias são donas do negócio, que virou uma caixa-preta diante da qual a Anatel faz papel de pateta.
O Estado não tem capacidade sequer para fixar tarifas. Ou alguém é capaz de dizer quanto custa um minuto de ligação telefônica?
Que dirá a de dirigir os investimentos na direção do que seja necessário para a população, como estamos vendo no processo de universalização da banda larga, que se arrasta a passos de cágado manco.
O processo de concessão das teles não apenas foi “preparado” com um brutal aumento das tarifas telefônicas como a outorga foi financiada com dinheiro do próprio Estado – caso da Telemar, hoje Oi – e dada ao controle de multinacionais.
Nem é preciso entrar nos meandros da corrupção e favorecimentos que aconteceram ali e que estão parcialmente descritos no A privataria tucana. de Amaury Ribeiro Júnior.
Pode-se ser favorável ou contrário à uma gestão mista – 51% privada e 49% da Infraero - de três grandes aeroportos do País. Mas não se pode apelar.
A primeira apelação é dizer que fora prometido manter exclusivamente estatais os aeroportos, como já ficou claro que não, nas palavras da própria então candidata Dilma Rousseff.
A segunda é comparar, por mais que se possa criticar, esta concessão às privatizações da era FHC.
E a terceira, e mais grave, é apelar para isso com o fim de se defender das evidências de que houve, além do crime de lesa-pátria, favorecimentos e maracutaias naqueles processos.
O problema de Fernando Henrique Cardoso não é ter privatizado por ser de direita. É ter privatizado por ser um vendilhão da pátria.
clique no link para ler matéria: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,privatizacao-nao-e-uma-questao-ideologica-diz-fhc,102250,0.htm
Blog Tijolaço
15 comentários:
Pelo menos desta vez, o Jekiti está certo: 1- no caso dos aeroportos; 2- e que o Dom Fernão H. Cardoso, imperador transitório do Brasil, jogou fora (quer dizer, jogou para os 'interessados'pegarem) uma riqueza incalculável do patrimônio nacional. a)- por vendas estúpidas e mesmo concessões absurdas:- ex:- as ferrovias, que foram e estão sendo 'picadas' e vendidas pelas concessionárias.
É preciso não confundir privataria com cencessão. No caso dos aeroportos a infraero e a principalmente a ANAC continuarão com as mãos sobre as questões estratégicas aeroportuárias.
Quando a esmola é demais até o santo desconfia.
Agora começa a aparecer a sacanagem, igualzinha à do FHC:- O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico financiou OITENTA POR CENTO da operação dos aeroportos.....
Em outras palavras, o dinheiro dos impostos financiou a aquisição de ativos públicos pelos aventureiros de sempre.....
Se não der certo, devolvem 'a coisa' pro governo, sem pagar o BNDES.... se que é vão pagar alguma coisa... Quem viver, verá...
(em tempo:- porcentagem expressiva dos capitais emprestados pelo BNDES saem do Tesouro Nacional, que se alimenta do dinheiro dos impostos, do nosso dinheiro)
Não adianta elogiar:- basta ser governo pra não valerem a cadeira em que sentam....
Prezados amigos do blog, venho insistindo a muito tempo sobre a diferença entre privatizar e conceder.
A Dilma não privatizou os aeroportos fez uma concessão pública para grupos privados e ainda vai ter retorno financeiro ( o Brasil vai ter diferentemente da era FHC) sobre os lucros que existirem.
Quanto ao BNDES, pergunto qual é o seu papel? Será que não é emprestar dinheiro? Parem com essa coisa de dizer que o BNDES deu dinheiro. Ele empresta sob garantias. Por isto o Atlético da baixada ainda não levou um centavo do BNDES. Quando der garantias leva. Se continuarem a ver TV e ler Gazeta,Veja, etc. nunca vão ser devidamenete informados.
Parabéns ao Luiz Henrique pela abordagem postada. Precisamos espalhar luz em nossa cidade.
Henrique
Este seu ponto de vista, que é a pura realidade, mostra o quanto o nosso povo anda desinformado, ficar lendo (Veja, Gazeta, Folha, Estadão, Globo)é o ápice da (des)informação. Até a tribuna do Paraná, mostra como são feita as negociações com o BNDS, ou seja, se o Atlético não der uma garantia como fiança, neste caso está sendo negociado o CT do Caju, o Atlético não leva a parte reivindicada.
Amigos do Jekiti, aula de ecônimia de gratis. rss
Um abraço.
Neuton Pires
Leia: BNDES
Jekiti, v. me arrenda o seu carro pra eu botar taxi na praça?
Só que eu não tenho dinheiro. Você me empresta o dinheiro pra te pagar???
(é isso o que aconteceu com os aeroportos)
Nao se esqueçam que os pais do plano real que deu certo e que o pt deu continuidade sao F H C E Itamar franco...
vale a afirmação dos céticos:- basta ser governo pra ser safado.
Nem todos os anônimos são safados, evidentemente.
Entretanto, o que tem de safado no anonimato não é brincadeira.
Meu caro, se fizèssemos um conrato em que vc me desse garantias de crédtos, poderiamos fazer o negócio. Não gastaria donheiro de gasolina e nem de manutenção e poderia usar o dinheiro para outras coisas.
Lembre-se que em nosso contrato eu ainda era o dono do carro, agora, se o dono fosse FHC ou Serra, eles venderiam o carro abaixo do valor de mercado e ainda emprestariam o dinheiro pra vc. Só que vc teria que dar um percentual para eles subornarem o diretor do departamento de trânsito.
obrigado pela dica ,qdo me aposentar daqui a 17 anos ,vou p Antonina trabalhar de taxista e ganhar muito dinheiro...
Marta Suplicy: Concessão não é venda
Marta Suplicy
Concessão não é venda
A política é uma arte que exige paciência e, às vezes, contorcionismo. Nesta última semana, essas "artes" ocuparam bastante espaço tanto no Senado quanto na mídia. Petistas e peessedebistas se esmeraram em dar suas versões frente à concessão dos aeroportos de Brasília, Guarulhos e Viracopos.
Enquanto governo e petistas comemoravam o enorme sucesso de uma concessão importante para a Copa, a Olimpíada e o desenvolvimento do país, a presidenta era acusada de "estelionato eleitoral". Aos petistas couberam de ironias até a cobrança de mea-culpa, por fazerem o que antes criticavam.
A intenção do estardalhaço foi igualar privatização com concessão e livrar, por meio desse artifício, a pecha de entreguista e mau negociador que tem corroído as chances tucanas nas últimas eleições.
Na privatização, há transferência de patrimônio e de responsabilidade para a iniciativa privada. Esses ativos não retornam mais ao poder público. A nova empresa -fruto desse processo- toma as decisões de acordo com seus interesses. É o caso da Vale, privatizada por R$ 3,3 bilhões, valor ridículo já à época da venda. Pior foi a venda da telefonia, que tirou qualquer participação da União nas empresas, além de entregar o ouro do século 21 para mãos estrangeiras. Esqueço: sem receber um tostão na venda.
Trocando em miúdos: a privatização feita pelo PSDB é como se eu vendesse meu apartamento. Venda feita e pagamento efetuado, não tenho mais nada a receber, seja de aluguéis ou futura valorização imobiliária.
Na concessão, que é o que foi feito no caso dos aeroportos, o bem ativo não é alienado. Depois de um tempo, volta para o governo, que até então tem a propriedade de 49% das ações dos aeroportos. Essa fatia permite ao governo, como sócio, participar das principais decisões, receber aluguéis e utilizar o ganho na melhoria de outros aeroportos, para os quais seria difícil conseguir interessados.
Dá para dizer que é igual? Não dá, porque não é venda. Na concessão, o tal apartamento continua sendo meu.
Até entendo o esforço para confundir as duas ações, foco de tantas eleições. O ponto importante é que se espera que os grandes aeroportos tenham nova infraestrutura pronta para a Copa e os pequenos sejam recuperados. O bom é que devido às novas condições econômicas do país, os R$ 24,5 bilhões arrecadados, com quase 350% de ágio, não irão para pagamento de dívida, e sim para melhorias para o povo.
Teremos progresso político se, nas próximas concessões, as falas não precisarem ser distorcidas e unirmos forças para ações de qualidade e proteção à economia do país.
MARTA SUPLICY escreve aos sábados nesta coluna.
Só complementando o artigo da Marta, o valor das reservas de ferro da Vale, foram reduzidos em mais de 100 vezes. Para então ser privatizada.
Digo eu, isto não é nem estelionato e o maior roubo do patrimônio dos brasileiros da história. Nem no tempo de Colônia de Portugal viu-se tal afronta ao povo brasileiro.
Jekiti, quero fazer negócio contigo: o arrendamento vai sair de graça, pois vou pagar só o dinheiro que V. me emprestou, se é que vou pagar....
Essa é a safadeza.
Ouve-se dizer que 80 por cento foi financiado pelo BNDES.
Os outros vinte, os vencedores tinham.
O único pagamento de verdade são esses vinte por cento, ou seja, quatro milhoes e oitocentos, menos, até que o valor mínimo estabelecido pelo governo.
Negócio das arábias, hein????
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