"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



terça-feira, 24 de abril de 2012

O CATECÚMENO CRIACIONISTA



Esqueçam secularismo, Estado laico e outras coisas do gênero. A questão agora não é política e sim doutrinária e seus reflexos sobre as crianças que estudam em escolas de cunho religioso.
O vídeo em questão mostra, de maneira ufanista, a supersticiosa base educacional que são submetidas crianças adventistas, como se a escola fosse uma espécie catecúmeno criacionista. Logicamente que eu respeito os que são a favor e contra as duas teorias (evolucionista e criacionista), mas submeter crianças a uma visão unilateral sobre a criação do universo é, no mínimo, um atentado ao bem-estar psicológico delas, devido ao caráter compulsório da religião.
Aqui em casa, por exemplo, cada um tem uma maneira de enxergar a fé e isso é respeitado, embora discutidos. O fato de existirem idiossincrasias diferentes não significa que deva haver discórdia, intolerância e ódio, pela simples razão que a liberdade religiosa é algo garantido pela constituição e como tal deve ser respeitada e defendida – que isso fique bem claro!
O problema justamente está no fato da religião sempre servir de mote para a violência, devido ao seu caráter impositivo e doutrinário. Há séculos pessoas morrem em nome de um deus vaidoso que tudo vê e que a qualquer momento está pronto para castigar os hereges e pecadores – quem nunca ouviu falar a famigerada frase “Deus castiga” – ou perdoá-los, caso arrependam-se ou convertam-se, desde que se submetam, anteriormente, ao castigo divino.
Submeter crianças pela ótica criacionista do universo é dar elas uma visão estreita do mundo, da espiritualidade e da capacidade de se ir além do que é pregado nos púlpitos e palcos templários. Mostrar-lhes os dois lados e provocar a discussão sobre ambas, no meu ponto de vista, também é um erro, pois a educação religiosa não se resume ao “cientificismo” criacionista e sim as situações periféricas que há séculos são as matizes da intolerância contra aqueles que não seguem os dogmas das suas religiões.
Ensinar, discutir ambas as teorias eu considero imprudência, mas mais imprudente ainda é ensinar que deus é responsável por todas as coisas. Tal avaliação além de provocar as situações acima citadas, provoca, mais tarde, a castração intelectual e inibi o desenvolvimento de uma postura mais crítica sobre a vida.
O pior é que estes pastores, professores e cientistas acreditam que tal educação faz um bem para as crianças, como se as protegessem de um mundo que se perdeu pelo distanciamento dos valores cristãos, mas que na verdade não passa de uma visão apócrifa em si mesma.
Perceber essas questões não é nada fácil, devido à relação da nossa psique com o sagrado, mas, no meu ponto de vista, pode-se tornar um viés para que nos livremos, pelo conhecimento (filosófico e científico), dessas superstições de fundamentos desagregadores e alienantes, pela simples razão que hoje entendemos que a liberdade é um postulado imanente.

16 comentários:

Henrique disse...

Parabéns, Luiz Henrique seu texto é muito claro e lúcido. Não sei se pode ser compreendido por algumas mentes alienadas e outras comprometidas com as recompesas terrestres. A religião, assim como a política tem sido objeto de manipulação, com propósitos de lucro e de poder. Infelizmente não podemos ter um mundo sem ambas.

Anônimo disse...

a fé criacionista como está na bíblia, "resolve" psicologicamente (é uma boa muleta) a angustia de saber de onde viemos. Em termos práticos, por ser fé, recusa o questionamento, fundando o espírito em 'um tipo de certeza'....
Quem achar que 'esconder a cabeça embaixo da asa' é a solução, paciência!!!!

Mas cá pra nós:- a teoria evolucionista não resolve duas grandes questões que atormentam inexoravelmente o espírito humano:-

1)- de onde viemos?
2)- para onde vamos?

Acabei de ler ontem uma frase atribuída a Millor Fernandes:-

A CONVICÇÃO DO ATEU ESTÁ NA RAZÃO DIRETA DE SUA SAÚDE....

(pra meu consumo, pois melhor atende à lógica humana, tenho que o doutrinário espírita é o que melhor responde às angústias humanas:- A ETERNIDADE ESTÁ CONTIDA PELO PRÓPRIO UNIVERSO E VIVEMOS CENTENAS E CENTENAS DE VIDAS.... EM VÁRIOS LUGARES DIFERENTES DO UNIVERSO, EM BUSCA DA PERFEIÇÃO.... ESTA VIDA É SÓ MAIS UM EPISÓDIO DESTA INFINITA E CATIVANTE NOVELA!!!

Mas, tendo-se por parâmetro que fé é tudo aquilo que não se prova cientificamente, pode-se dizer que esta questão não tem solução objetiva, pois o próprio ateismo e a descrença em mais vidas é um ato de fé...

Mas, pensando bem, qualquer opção é válida, desde que se viva bem com ela, pois o que quer se seja, tenha ou aconteça depois da morte, so saberemos quando lá chegarmos...

Recuso-me a pensar que uma vida tão trabalhosa possa ter seu fim em "carniça" podre embaixo da terra, que até cachorro vira-lata recusa....

Anônimo disse...

E por falar em ateismo, e descrença de eternidade, essa é uma boa "religião" pra toda pessoa que tá 'co'a mão na massa' e não resiste entupir os próprios bolsos com o que não lhe pertence..... desde que o 'homem de capa preta' lá do forum não pegue....

Amigos do Jekiti disse...

É óbvio que para algumas perguntas ainda não obtivemos respostas, mas provavelmente, um dia a teremos, como tantas outras que obtivemos pelo conhecimento científico e filosófico. Acredito que o medo pelo fim da vida nos levou a tentar preencher o vazio da nossa existência com muitas crendices remontadas desde os tempos do politeísmo, coisa que há dois mil anos consideramos absurdas.
A evolução deu à humanidade a possibilidade de elevarmos nossas discussões sobre o que até então eram verdades absolutas. Hoje a ciência nos abre portas e janelas para outras possibilidades, as quais nos distanciam cada vez mais das supersticiosas relações com o transcendente. Na verdade, o que desejo, para o meu e nosso conforto, é a busca pela verdade, embora a configure, ainda, como utópica, mas que de fato é necessária para que nos force a caminhar.
abraço

Henrique disse...

Hoje estamos num nível de idéias muito elevado neste blog.
Acredito que nada é estático no Universo. Tudo evolui. E como falou nosso amigo anônimo, também acredito que a Doutrina Espírita, com seus derivativos ( hoje já existem até os universalistas ) é a que mais responde aos nossos anseios do conhecimento de nós mesmos.

Anônimo disse...

RELIGIÃO -vem do verbo latino RELIGARE - ou seja, reatar o que foi desatado..... Seria então, vincular o homem a seu destino eterno:- esta seria, na minha opinião, a única certeza. Como isso se realiza?
- Façam a sua escolha, salientando que o antropomorfismo da bíblia é, no entanto, figurativo e muito grosseiro... enfim.... há que o adote ao pé da letra....

Henrique disse...

Justamente a interpretação ao pé da letra é que leva ao meu modo de entender o indivíduo ser fanático.
As traduções da bíblia foram muitas e como cada um já tinha sua filosofia religiosa, tendia a interpretação para o lado mais conveniente. Tradutore traditore.

Ricardão da Capela disse...

Isto mesmo continuem assim, fé; razão; ciência...enquanto isso eu fici me importando com outras "cositas" que vocês não estão dando a devida importância.

Amigos do Jekiti disse...

Big Richard,
O espaço é livre e democrático, portanto coloca o que te afliges.

Amigos do Jekiti disse...

Concordo com o Henrique. Perfeita avaliação!

Henrique disse...

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Os livros do Novo Testamento foram escritos em qual língua? Que idioma Jesus utilizou em suas pregações? Traz algum benefício a leitura dos Evangelhos no original? Até que ponto as traduções são confiáveis?

Nos meados do Séc IV a.C., Felipe II da Macedônia promove a unificação política da Grécia preparando o terreno para que seu filho, Alexandre magno (336 a 323 a.C.) leve a cabo inúmeras conquistas, responsáveis por mudanças radicais e duradouras no Mundo Antigo, especialmente na Palestina. A Grécia se torna um império.

Em decorrência da ascensão do Império Greco-Macedônio houve uma ampla divulgação da cultura e língua gregas por toda parte. Os diversos dialetos se fundiram, dando origem a uma nova forma de linguagem, mais popular, mais simples, chamada (koiné), que se tornou a língua universal da época.

De acordo com os historiadores esse dialeto foi francamente utilizado em Roma, Alexandria, Atenas e Jerusalém nos tempos do Cristo. Por esta razão todos os livros do Novo Testamento forma escritos na koiné, embora Jesus utilizasse o Aramaico em suas pregações.

Desse modo o texto do Novo Testamento utilizado nos círculos cristão brasileiros é uma tradução para o português dos livros gregos deixados pelos evangelistas.

Há um antigo ditado na Itália que afirma ser o tradutor um traidor (Traduttore, Traditore). E de certo modo somos obrigados a endossar esta afirmação.

Por mais que o tradutor esteja imbuído do sincero propósito de oferecer ao leitor um texto isento de vícios, incorreções e imprecisões, por vezes os obstáculos são intransponíveis e aquilo que pretendia ser uma tradução se torna inevitavelmente uma interpretação.

A razão é simples. Toda língua possui suas peculiaridades, sua beleza, seus trocadilhos e suas ambigüidades poéticas, resistindo a todos os esforços do tradutor no sentido de adaptá-la a outro idioma.

Para exemplificar essa dificuldade, selecionamos uma passagem evangélica bem conhecida dos espiritistas, o encontro de Nicodemos com Jesus, retratado em João 3:1 a 13, onde o Divino Mestre aborda de modo sutil e poético a Reencarnação.
Eis o relato do apóstolo João:
1 E havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, líder dos judeus. 2 este veio ter com ele de noite e lhe disse: Rabi, sabemos que és mestre vindo de Deus pois ninguém pode fazer os sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. 3 Em resposta Jesus lhe disse: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não for gerado do alto/de novo não pode ver o Reino de Deus. 4 Nicodemos lhe diz: Como pode um homem, sendo velho, ser gerado; porventura pode entrar, uma segunda vez, no ventre de sua mão e ser gerado. 5 Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não for gerado a partir da água e do espírito não pode entrar no Reino de Deus. 6 O que é gerado a partir da carne é carne, e o que é gerado a partir do espírito é espírito. 7 Não te admires de te ter dito: Necessário vos é ser gerado do alto/de novo. 8 O espírito/vento sopra onde quer e ouves sua voz mas não sabes donde vem, nem para onde vai. Assim é todo aquele que é gerado partir do espírito. 9 Em resposta Nicodemos lhe disse: Como pode suceder estas coisas? 10 Em resposta Jesus lhe disse: Tu és o Mestre de Israel e não sabes estas coisas? 11 Em verdade, em verdade te digo que falamos o que sabemos e testificamos o que vimos, e não aceitais o nosso testemunho. 12 Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais? 13 Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o filho do homem.

Anônimo disse...

Vejam os princípios da mecânica quântica e chegarão à conclusão que não sabemos nada de nada. É o mistério da vida.

Amigos do Jekiti disse...

Não entendo nada de mecânica quântica, mas, curioso que sou, fui ler a respeito, sem profundidade. Achei muito instigante o princípio da dualidade partícula-onda e a fórmula do Princípio da Incerteza.
Gostaria de mais impressões sobre o assunto.

Bobinho disse...

PQP - Ponte que partiu, até física teórica sai em comentário neste blogue. Um dia um amigo disse que em Antonina os bagrinhos discutem desde egiptológia a fisica teórica quântica, eu não acreditei nele, agora confirmou-se.

Bacucu com Farinha disse...

...estamos prestes a descobrir a anti-matéria em Antonina, você duvida disso?_rss

Bobinho disse...

Bacucu nem toque neste assunto, a anti-matéria os cientistas deram o nome de "molécula de Deus". Falei!!! Pronto já vêm o Cequinel.

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento