"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



sexta-feira, 11 de maio de 2012

A SOCIEDADE DO MEDO

Para a minha amiga Sônia Nascimento.

A sociedade antoninense se transformou num mar de intrigas, de fofocas, de pseudo esperança, de aniquilamento de reputações, de depreciação de valores, de desconfiança, de esquecimento, de ressentimentos e de dominadores e dominados.
As dezenas de mídias sociais e blogs capelistas retratam, em seu cerne, essas máximas e toda essa nefasta relação que temos com a política é fruto das frustrações geradas pela analogia que fazemos entre o que fomos e o que nos tornamos. Bato nessa tecla, porque tenho a certeza que nossos males, nossa baixa autoestima, provêm da decadência econômica gerada pela agonizante situação do porto e pelo fim das Indústrias Matarrazzo. Isso não é difícil de constatar, porque em nosso subconsciente residem as mais obscuras imagens de uma sociedade que ainda esconde na arrogância as suas frustrações de desejar aquilo que um dia já foi.
Nossa auto-identidade está sustentada, nesses novos tempos, nos pilares do canibalismo e da autofagia, que nos impede de enxergar as nossas potencialidades culturais, históricas e ambientais, cuja vocação, a meu ver, são os meios de conquistar nossa independência, sem que precisemos recorrer às esmoladas ofertadas pela baixa política.
Uma reflexão sobre esses entraves é a certeza que tenho que nossas instituições estão embargadas pelo fisiologismo político e religioso, representados pelos agentes distribuidores de “insumos” assistencialistas e pelos símbolos da ganância que faturam a fé de um povo carente de cultura e educação. Isso se deve, a meu ver, pela campanha difamatória contra as instituições políticas, bem como pelo aniquilamento das alas mais progressista da igreja católica, provocando uma onda geradora de intolerância, preconceito e autofagismo predatório. Essa estratégia nada mais que a luta pela hegemonia dessa onda ideológica contra o Estado Social, que insiste em manter a sociedade dividida em dominadores e dominados para que a sociedade continue sendo controlada pela imposição da fé e da ordem política e social. Essa situação vemos constantemente dentro das comunidades mais carentes, onde há uma forte influência religiosa, nos mesmos moldes daqueles tempos em que as elites eram as donas do saber, ou seja: a comunidade mais carente deixou de ser dominada pela cultura elitista, para se tornar presa fácil da alienante imposição da fé e da baixa política.
Esses fatores nos são tão inerentes que é difícil de refutá-los, pois a prova está nos comentários das dezenas de blogs antoninense, nos quais refletem muito mais uma onda de desesperança que descrédito nas instituições políticas; mas tudo isso não é o todo, é apenas o reflexo de uma sociedade frustrada, que não aprendeu a fazer de suas dores a grande oportunidade para seu desenvolvimento.
A decadência econômica também reflete essa dualidade e nos faz viver em uma sociedade cheia de medos, por conta das muitas frustrações que sentimos a cada administração que passa e que não nos devolve nossa autoestima. Essa é uma situação recorrente e vem pelo menos se arrastando há mais de trinta, porque, como já disse antes, não fomos capazes de tirar das nossas tantas potencialidades os meios para nos desenvolvermos social, cultural e economicamente.
Mas se tudo está perdido realmente eu não sei. Só sei que nos tornamos reféns dos nossos próprios medos, não só pela inércia e falta de visão administrativa da nossa classe política, como também na incapacidade de gerarmos novas lideranças. Embora entenda que esses dois fatores são importantes, não posso deixar de acrescentar que esse quadro de desesperança e descrédito é também por conta da aliança da nossa classe política com os interesses externos, cuja postura me leva a crer que é para os seus próprios interesses.
Todo esse abandono de valores nos deixou de herança uma sociedade sem virtudes, cujo legado não pode ser creditado apenas à nossa classe política, e sim a incapacidade de não nos organizarmos social e politicamente e atuar, organizadamente, para que as nossas necessidades básicas sejam atendidas e nossas potencialidades sejam melhores exploradas.
A somatização desses fatores, em tese, é proveniente da onda ideológica conservadora edificada por uma elite que só se preocupou com seus próprios interesses e que impunha ao povo o cabresto de rebanho, com o objetivo de mantê-lo tutelado. Com o seu desaparecimento Antonina se sentiu desamparada, porque era aquela casta de privilegiados que definiam o seu destino e, o povo, sem seus donos, ficou a mercê dos falsos messias, que os tutelou ainda mais com seu assistencialismo danoso e seus dogmas reacionários e alienantes.
Não é à toa que um povo sem perspectivas é presa fácil para esses oportunistas, devido a necessidade que ele tem de depositar esperanças em algo lhes dê o mínimo de amparo, porque a nossa sociedade ainda não conseguiu se desvencilhar daquela cultura elitista que nos deixou de herança uma política fisiologista e assistencialista, sustentada sobre uma moral religiosa que nos restringe. A prova disso está na proliferação de igrejas evangélicas, as quais nos oferecem uma analgésica recompensa de felicidade a priori, para que continuemos com a nossa postura de rebanho.
Não vou aqui prevaricar sobre a fé de ninguém, mas essa proliferação anormal de igrejas só nos prova o quanto precisamos preencher esse vazio que remonta a pelos menos trinta anos, e que nos faz reféns dos nossos próprios desatinos, pela simples razão que nos insiram a agir conforme a imposição daqueles que se impuseram como o dono dos nossos destinos
Portanto, como somos uma sociedade que vive sob a égide da coerção social, política e religiosa, todas as novas palavras e perspectivas são tratadas com intolerância e preconceito, não só pelo medo que sentimos de nos arrebatarmos outra vez de esperança, mas pela incapacidade que temos de tirar as vendas dos olhos que nos colocaram dentro dos catecúmenos e cenáculos para que não enxerguemos nada além do que nos mostraram.

18 comentários:

Anônimo disse...

Falou bem... depreciação de valores. Voce é um contribuinte publicando um monte de merda em seu blog.

Anônimo disse...

Anamnese funérea de um perdido reino,secundum L.H.R.F.

Amanhã será outro dia.
Não desanime, caro bloguista.
Antonina não está perdida, como diz o seu artigo.
O PV. só está começando...
Um dia... teus sonhos serão realidade.
Espero que não se decepcione com o teu PT...

Tô fora. Tchau
(Ay gobierno? Soy contra)

Anônimo disse...

Surpreendente tratado da escatologia antoninense.
É o fim dos tempos.
Pode acender o pavio da bomba.

Meu Contos Teus Poemas disse...

Obrigada pela homenagem, Luiz. Gostei de ser defendida, meu amigo. Você tem uma paciência infinita com os anônimos raivosos e, por sua causa, para imitá-lo e quem sabe aprender a ter também essa capacidade, não vou responder a eles. Se você, que os conhece, acredita que um dia esses senhores entenderão, então eu também vou ter esperanças. Enquanto isso, a luta continua, a caravana passa e a gente vai semeando em terra fértil (mas usando o adubo orgânico que eles estão a destilar).

Anônimo disse...

Só Xto. salva. É o que dizem os Evangélicos.
Esse pessimista artigo aí de cima diz a mesma coisa:- Só O PT salva...
são ambos chiitas no mesmo nível.

(pior que o negativismo ali expresso, só Nietche, Sartre, e os demais profetas do nada)

em tempo:
O reino não é exceção quanto ao fenômeno relgioso, que acontece em todo o Brasil.
Isso nada tem a ver com o atraso ou progresso da população, e sim com o anseio da alma humana em se reatar à sua própria existência eterna. As religiões evangélicas ocupam o lugar que o catolicismo deixou ao se haver distanciado do povo.
Se tem espertalhões que se aproveitam disso, isso já é uma outra história.

Anônimo disse...

O Paraná também tem, por aqui, o seu "vale da ribeira"
Mas isso não é motivo de desânimo ou desespero.

Resta explorar o grande potencial turistico. Uma hora a "ficha cai" e aparece um prefeito que acredite e leve a sério essa "mina de ouro"

É só deixar a cidade "um brinco" que o investidor aparece.

Otimismo e esperança, minha gente. Acreditem no futuro de nossa cidade.

Pra isso que o PV está começando a brotar em nossos rincões.

Anônimo disse...

LH, mas que a sua amiga no seu comentário lá abaixo fez uma acusação irresponsável, fez. Ela deve se retratar, não ao comentaristas que observou esse ato falho ou não dela, mas aos conselheiros eleitos. E não se esconder em seu texto.

Amigos do Jekiti disse...

Acho engraçado isso.
Vc entra no anonimato para criticar uma pessoa (de coragem) que nem sequer ofendeu ninguém e ainda exige retratação???
Ora bolas, onde nós estamos???
Quem vc pensa que é????

Anônimo disse...

Meu amigo, Luiz.
Desista meu nobre... eles preferem as trevas.

Anônimo disse...

Luiz Henrique, agora dando uma passada no CaF achei de suma importância o artyigo que posto abaixo:

O Ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski enviou ao ansioso blogueiro a seguinte frase para ser transformada em banner que ilustrará a abertura solene do III Encontro Nacional de Blogueiros Sujos do Barão de Itararé, que se realizará, este mês, em Salvador, a partir do dia 25:

“A Constituição Federal, nos artigos 5o., incisos IV e IX, e 220, garante o direito individual e coletivo à manifestação do pensamento, à expressão e à informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, independentemente de licença e a salvo de toda restrição ou censura”
--------------
Isto posto não há mais de ser perguntado e respondido.

Entende-se o sequinte: Aqui no Reino fica assim "pau que bate em Chico, bate em Francisco"; para se preservar, a saúde, a reputação; a ganância; a viadagem; a fofoca...da tradicional sociedade antoninense, o ínclito editor deverá pesquisar um soft na internet que: postou um comentário apareça o IP do comentarista ou comediante no ato.

Edgar - O minoano

Anônimo disse...

Quem vc pensa que é????

Você pensa em mim(anônimo)toda hora.
Me come, me cospe, me deixa.
Talvez você não entenda,
Mas hoje eu vou lhe mostrar.

Eu sou a luz das estrelas;
Eu sou a cor do luar;
Eu sou as coisas da vida;
Eu sou o medo de amar.

Eu sou o medo do fraco;
A força da imaginação;
O blefe do jogador;
Eu sou!... Eu fui!... Eu vou!...

Eu sou o seu sacrifício;
A placa de contra-mão;
O sangue no olhar do vampiro
E as juras de maldição.

Eu sou a vela que acende;
Eu sou a luz que se apaga;
Eu sou a beira do abismo;
Eu sou o tudo e o nada.

Por que você me pergunta?
Perguntas não vão lhe mostrar
Que eu sou feito da terra,
Do fogo, da água e do ar!

Você me tem todo dia,
Mas não sabe se é bom ou ruim.
Mas saiba que eu estou em você,
Mas você não está em mim.

Das telhas eu sou o telhado;
A pesca do pescador;
A letra "L" tem meu nome;
Dos sonhos eu sou o amor.

Eu sou a dona de casa
Nos pegue pagues do mundo;
Eu sou a mão do carrasco;
Sou raso, largo, profundo.

Eu sou a mosca da sopa
E o dente do tubarão;
Eu sou os olhos do cego
E a cegueira da visão.

Eu!
Mas eu sou o amargo da língua,
A mãe, o pai e o avô;
O filho que ainda não veio;
O início, o fim e o meio.
O início, o fim e o meio.

Eu sou o início,
O fim e o meio.
Eu sou o início
O fim e o meio.

Raul "incógnito" Seixas

Amigos do Jekiti disse...

Edgar.
Eu sei qual é a intenção desses orquestradores.
obrigdo pela dica
abraço

Anônimo disse...

A dica se chama "caça às bruxas". Nixom fez a mesma coisa com os comunistas americanos, Nessa, conseguiu se eleger presidente. Muito democrático isso.

Os textos publicados no anonimato são responsabilidade.... continuem a ler mais a Constituição...

Anônimo disse...

Edgar: tem solução mais simples:- suprimir o anonimato.

Amigos do Jekiti disse...

não estou num bom dia, acho que vou detonar esses anônimo, pq sei que a constituição não garante livre manisfestação anônima.

Anônimo disse...

Na publicação anônima o editor é responsável.

Pra mim é ponto final neste blog.

Henrique disse...

Não esquenta Luiz Henrique, vc. sabe:



É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela.
Friedrich Nietzsche

Reginaldo Gouvea disse...

Caro editor, ninguém tem P R O C U R A Ç Ã O para falar em nome do Partido Verde de Antonina.

Tem anônimo passando da conta, peço desculpa ao Partido dos Trabalhadores pelos comentários que não retratam a opinião deste partido.

Respeitamos todas as SIGLAS partidárias, parece-me que tem pessoas aqui que querem fazer guerrinha com o nome alheio e isso pode respingar neste tão importante Blog.

Desejo que o editor seja mais criterioso ao abrir espaço para os comentários anônimos.

Grande Abraço.

Reginaldo Gouvea
Presidente do Partido Verde Antoninense.

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento