Logicamente não é nenhuma
novidade para uma cidade que tem um dos menores índices de desenvolvimento do
Paraná enfrentar desafios. As necessidades de Antonina nas áreas da educação,
saúde, emprego e segurança são tão prementes que qualquer medida estruturante
levará muitos anos para que os frutos sejam colhidos.
O grande problema está na
falta de um projeto de cidade que atenda as necessidades daqueles que há
décadas sofrem com a falta de políticas públicas e desenvolvimentistas, desde a
estagnação do Porto e o fechamento das Indústrias Matarazzo.
Se analisarmos os desafios concluiremos
que o maior deles é oferecer ao jovem os meios para que ele construa a sua cidadania.É preciso que se parta da
premissa de que o jovem é a vítima e não o algoz pelo aumento da criminalidade
e que a falta de políticas públicas é a maior responsável pela delinquência
juvenil, tráfego e consumo de drogas.
Não precisamos fazer um estudo
sociológico para que a sociedade perceba que a saída para esses jovens é
oportunizar programas destinados à prática esportiva, cultural e, principalmente,
de trabalho e emprego. No entanto é preciso que a administração reconheça a
necessidade de trabalhar em conjunto com representantes das comunidades e que
juntos possam obter diagnósticos sobre a situação socioeconômica das suas
famílias.
É preciso agregar esses
estudos junto aos pais e responsáveis, porque é de conhecimento geral que as relações
familiares influenciam no comportamento desses jovens. As relações afetivas e a
busca da identidade na adolescência, geralmente são fatores que atuam
diretamente na maneira pela qual o jovem atua na sociedade e, como se sente
muito incompreendidos, procuram se alojar em grupos afins para serem aceitos.
Muito dessas escolhas carecem,
por parte do jovem, uma melhor avaliação do grupo do qual faz parte, devido aos
prejuízos causados pelas deformações no ambiente familiar. Tudo isso acarreta
uma fragilidade na percepção do jovem em construir sua identidade, em buscar
meios para a sua vocação dentro da sociedade. É justamente nessa situação é que
o jovem se torna vulnerável e em muitos casos é levado pelo confronto social e
afetivo ao consumo de drogas.
O pior das consequências dos
problemas acarretados pelos jovens é a postura da sociedade que, como um meio
de se proteger, incitam as autoridades com reivindicações militarescas e
legislações corretivas que, a meu ver, em nada solucionarão os problemas da delinquência.
Redução da menoridade penal e até atitudes de higienização social, provam o
quanto a falta de entendimento desses problemas, por parte da camada
conservadora, impedem que evoluamos socialmente e o quanto somos responsáveis
pelos conflitos, uma vez que esses jovens são frutos do ambiente no qual são
criados.
Entendo que responsabilizar o Estado
e a família não é a melhor maneira de amenizar o problema. As soluções estão
justamente na capacidade que ambos têm de entenderem e, mutuamente, auxiliarem
um ao outro em medidas que canalizem no jovem suas potencialidades e aptidões, com
o objetivo de ajudá-lo a encontrar sua identidade e fazer dela o meio para a
conquista da sua cidadania plena.
Mas infelizmente há um percentual razoável que não se enquadrará em nenhuma política, por conta dos desvios psíquicos causados pelo o uso das drogas. Esses precisam ser absorvidos por programas psicossociais e, dependendo do grau, serem retirados, compulsoriamente, das ruas, para que possam receber tratamento adequado. Se um dia esses jovens poderão ser inseridos socialmente é uma resposta que ainda ninguém tem, porque talvez as soluções não estejam nessas respostas e sim no entendimento do porquê eles preferem o pó.
2 comentários:
Educação é a solução. Porém como dar educação para uma criança com fome e sem acesso a uma saúde digna?
Como anda a educação em Antonina, sei de pessoas que tem recursos que levam seus filhos todos os dias para estudar em escola particular em Morretes. Será que o ensino público caiu tanto em Antonina? Existem outros fatores externos como a má qualidade da TV, as drogas, não sei não é um dilema difícil apara Antonina.
Seus questionamentos são perfeitamente cabíveis. O problema da educação é muito mais de gestão que falta de dotação orçamentária.
Pelo que sei, o Maria Arminda é um bom exemplo, pq não se limita o que é dado dentro das salas de aula.
A formação do cidadão é uma das ênfases para o corpo docente.
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