Acompanhando os programas
esportivos não pude deixar de analisar as opiniões sobre os acontecimentos
gravíssimos entre a torcida do Atlético e do Vasco. A unanimidade por parte da
imprensa a favor da punição das torcidas não me causou espanto porque há anos é
uma situação recorrente. Embora esteja na lei não aceito que uma instituição
seja penalizada pelos atos de alguns membros, porque você acaba punindo,
diretamente, aqueles que não participaram do conflito. Mas a minha indignação
não se resume apenas a forma pela qual a lei desportiva é aplicada e sim na
falta de uma análise mais crítica sobre os problemas da violência, dentro e
fora de campo, e a hipocrisia com que o assunto é tratado.
Os problemas envolvendo
torcidas organizadas são recorrentes porque falta vontade política para criar
mecanismos que atenda os regimentos do estatuto do torcedor, no que tange a prevenção
e repressão contra aqueles que praticam atos de violência. Mas, no meu ponto de
vista, esses mecanismos serão possíveis se os agentes ligados ao futebol tratarem
o assunto com isenção e responsabilidade, sem fisiologismo político e interesse
clubístico.
Os fatos ocorridos em Joinvile
já dão provas que esses mecanismos não serão criados, porque o que se viu tanto
da parte dos governantes, segurança pública, mídia e comandantes de entidades
foi um festival esquivos e discursos hipócritas com o intuito de satisfazer a
opinião pública e a linha política editorial dos donos dos meios de
comunicação.
O que eu vi foi o recorrente
discurso da demonização das organizadas e dos cartolas, como fazem com a classe
política, com o intuito de despolitizar a discussão e a conseqüente não
formação de um senso crítico sobre o que há nas entranhas dessas entidades. A
meu ver a estratégia é desviar o foco do real problema com o objetivo de escamotear
contratos de transmissão, acordos políticos escusos, verbas de propaganda e
fisiologismo político de donos de emissoras com patrocinadores e entidade
representativas dos clubes.
Para não ser evasivo e nem
leviano, sito como exemplo a transmissão da sportv, na qual o narrador falava
que a culpa do episódio da briga era da torcida do Atlético ao invadir a área
neutra, e para reforçar essa idéia as cenas de selvageria eram mostradas em
plano fechado, para que o telespectador não tivesse o devido senso crítico para
tirar suas conclusões.
Depois que o jogo terminou e
todos os torcedores e dirigentes estavam na vala comum, adotou-se a postura de
equilíbrio e tudo foi dividido entre os vândalos das duas torcidas. O que me
deixou indignado foi ver nas redes sociais vídeos que provam que foi a torcida
do Vasco que primeiro ultrapassou o espaço destinado a ela e em seguida a do
Atlético, mas essas imagens não foram mostradas pelas emissoras. Tal omissão me
enche de indagações e uma delas é a da emissora proteger seus interesses
políticos e financeiros?
Não é nenhum absurdo imaginar
que é praticamente impossível que as torcidas tomassem a iniciativa do
confronto simultaneamente, provando, em parte, que não há lógica no que as
emissoras insistem em nos informar.
Logicamente o fato de uma tomar a iniciativa do confronto não isenta a
outra, mas nos dá indícios de que há por parte de quem se posiciona um
inequívoco interesse que os fatos não sejam apurados na sua plenitude.
Se for por causa da linha
editorial da emissora ou por interesses administrativos e financeiros, fica
difícil de afirmar, mas pelo menos prova que há algo nas entranhas dessas redes
que impede que formemos nosso senso crítico e, consequentemente, as soluções
para banir a violência dos estádios.
Mas não podemos analisar essa
questão apenas pelo ângulo das torcidas e dos agentes envolvidos, porque esses
conflitos são provenientes de fatores externos ao futebol - como no caso da
violência dentro das escolas -, devido a uma série de razões que vai desde a
miséria a falta de perspectivas para o jovem.
Não vou aqui analisar esses
fatores, apenas colocá-los para que possamos indicar que a violência é um
fenômeno social e que cabe ao Estado, como agente principal, a maior
responsabilidade, no caso, de intervir para a resolução desses conflitos.
Outro aspecto importante é a
democratização dos meios de comunicação para que haja eqüidade na informação,
objetivando aprimorar a análise crítica sobre os problemas que envolvem o
futebol. Não é possível que apenas uma rede de televisão seja a única a
transmitir esses eventos, fato este que impõe ao torcedor obrigatoriedade de
aceitar uma única linha editorial, além de impedir que ele tenha opções conforme
seu interesse clubístico.
Para não me alongar reafirmo
minha posição de que demonizar torcidas organizadas e cartolas só interessam
àqueles que fazem do futebol um meio para que o atual status quo permaneça pela
distorção e desinformação dos fatos, utilizando-se da estratégia de lançar na
vala comum todos aqueles que há décadas receberam o título de demônios do
futebol brasileiro pela hipocrisia das redes de comunicação desse país.
3 comentários:
Caro amigo, e a FACULDADE DE ARTES? Ficará pertencendo às miragens de Antonina?
ACORDE, JEKITI!!!
Antonina tem muito a perder com o silêncio deste blog.....
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