Por Luiz Henrique Ribeiro da Fonseca
O motivo pelo qual escrevo esta postagem é promover o resgate emocional da minha família com a querida ZYX-6, Rádio Antoninense Ltda., que entrou nos lares capelistas em meados de 1949. Por incrível que pareça foi meu avô o primeiro ouvinte e esse privilégio foi provocado por uma coincidência geográfica, pois meus avós e meu pai moravam de fronte à emissora, na rua XV de novembro. Assim que o prefixo foi anunciado, Cesar Mussi, o diretor da rádio, foi à janela e gritou para o meu avô, que estava na porta da sua casa:
- “Carvalhinho, ligue o rádio que a Rádio Antoninense vai entrar no ar”!
Este fato deu início a relação afetiva entre minha família e a querida Rádio Antoninense e o meio pelo qual ela iria se expressar artística e profissionalmente. A música logicamente foi esse meio, através dos programas de auditório, nos quais meu pai cantava os sucessos da época e minha mãe, na mesa de som, regulava a operação musical, revezando com Ivete Cecyn. Além de meus pais, estes programas contavam, na direção e roteiro, Wilson Rio Apa, na produção Cezar Mussi, na locução Matilde Azim e o discotecário Gil Vieira, este responsável pela manutenção da discoteca, de onde ele tirava os discos para que os ouvintes pudessem ouvir as canções pedidas durante a programação. Na chave de programação da rádio havia o programa "Clube Mirim", criado e apresentado por Olga Mussi, e era destinado ao talento infantil de Antonina. As meninas participantes do programa podiam concorrer à rainha e princesas do rádio, para as quais o concurso era realizado no Theatro Municipal, tendo como primeira rainha Marília Rio Apa e as princesas Gleisi Ferreira e Leni Vieira.
Outro programa desenvolvido na rádio foi o teleteatro, escrito e dirigido por Wilson Rio Apa, baseado em peças de teatro e novelas da Rádio Nacional, Mayerink Veiga, Tamoyo e outras. Mas foi o programa "Nossa Gente" que obteve maior sucesso, no qual Ivo, meu pai, se apresentava, juntamente com Rachido, Ivete Cecyn, Lu Marival, Djalma Costa, Adair e Alceu Pinheiro Lima (formiga), o escrivão Zeca Vieira, irmão de Joubert Vieira, o funcionário municipal Euclides da Rocha, Dona Maria José (Zezé) mãe de Abel Pinto Filho e a jovem Janeci, entre outros. Para acompanhá-los havia o regional de Arcírio Passos, que tinha como integrantes: Zominho e Babão no violão, Miro “raposa” no pandeiro, Antoninho “barbeiro” no acordeom e no cavaco o pai de Cicinho, atual vice-prefeito de Antonina.
Conta meu pai que antes das apresentações os ensaios eram realizados no porão da rádio e que depois dos programas as fãs aproximavam-se dos artistas e deles tiravam algumas lembranças, como lenços, gravatas e até mesmo um pedaço do terno.
Nos anos cinquenta esses programas de auditório eram os mais ouvidos e frequentados e neles algumas rivalidades foram criadas, incitadas pelo que acontecia na Rádio Nacional entre Marlene e Emilinha Borba. Mas esta rivalidade era de maneira civilizada e resumia-se apenas à preferência de estilos musicais dos ídolos da época, como Carlos Galhardo, Orlando Silva, Nelson Gonçalves e outros famosos.
Nos anos sessenta, com a massificação das TVs, os ouvintes de então, passaram a ver e ouvir seus ídolos nacionais, fato este que provocou a extinção dos programas de auditório e consequentemente a manisfestação artísticas dos ídolos locais.
Embora esses programas não existam mais, seus artistas ainda permanencem em nossa memória e alguns deles ainda nos envolvem com as história daqueles tempos em que a querida ZYX-6 Rádio Antoninense Limitada, a sentinela democrática no ar, levava aos lares capelistas entretendimento e cultura.
Nos anos setenta surge nos quadros da rádio outro membro da família, meu primo João Alberto Fonseca, mas isto é uma outra história...
As fotos são dos anos cinquenta e mostram, no alto, Ivo e Rosi (meus pais) - minha mãe na janela da rádio (Rua Emerlinho de Leão). Abaixo as crianças do "Clube Mirim", com Olga Mussi e a rainha Marilia Rio Apa e as princesas Gleisi Ferreira e Leni Vieira. As outras duas fotos mostram Lu Marival e Rachido, cantando no programa "Nossa Gente".
Acervo Ivo Fonseca.
5 comentários:
Grande, excelente, Luiz! Este texto está ótimo, o resgate da Rádio Antoninense é imprescindível. Você tem à mão dois nomes importates desse passado glorioso: seu Ivo e Araponga. Escreva mais sobre a Rádio Antoninesne! Abração!
Edson,
Vou continuar escrevendo sobre a rádio, dando ênfase aos anos cinquenta e setenta, época em que João Alberto criou vários programa importantes.
Valeu pela participação
abraços
djalma costa era meu avÔ
vcs nao tem fotos dessas epocas ?
fico feliz de ver o nome dele ai
familia costa agradeçe
Me lembro da cantora Eglê de Oliveira.
Quando ela cantava no programa de auditório que chegava até a interromper a rua, o auditório quase vinha abaixo.
A última noticia a que tive dela é que tinha casado com um policial Rodoviário e foi embora de Antonina.
Seu irmão Joel de Oliveira, também nunca mais tive notícias.
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