"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A ÉPOCA DE OURO DA RÁDIO ANTONINENSE


Por Luiz Henrique Ribeiro da Fonseca

O motivo pelo qual escrevo esta postagem é promover o resgate emocional da minha família com a querida ZYX-6, Rádio Antoninense Ltda., que entrou nos lares capelistas em meados de 1949. Por incrível que pareça foi meu avô  o primeiro ouvinte e esse privilégio foi provocado por uma coincidência geográfica, pois meus avós e meu pai moravam de fronte à emissora, na rua XV de novembro. Assim que o prefixo foi anunciado, Cesar Mussi, o diretor da rádio, foi à janela e gritou para o meu avô, que estava na porta da sua casa:
- “Carvalhinho, ligue o rádio que a Rádio Antoninense vai entrar no ar”!
Este fato deu início a relação afetiva entre minha família e a querida Rádio Antoninense e o meio pelo qual ela iria se expressar artística e profissionalmente. A música logicamente foi esse meio, através dos programas de auditório, nos quais meu pai cantava os sucessos da época e minha mãe, na mesa de som, regulava a operação musical, revezando com Ivete Cecyn. Além de meus pais, estes programas contavam, na direção e roteiro, Wilson Rio Apa, na produção Cezar Mussi, na locução Matilde Azim e o discotecário Gil Vieira, este responsável pela manutenção da discoteca, de onde ele tirava os discos para que os ouvintes pudessem ouvir as canções pedidas durante a programação. Na chave de programação da rádio havia o programa "Clube Mirim", criado e apresentado por Olga Mussi, e era destinado ao talento infantil de Antonina. As meninas participantes do programa podiam concorrer à rainha e princesas do rádio, para as quais o concurso era realizado no Theatro Municipal, tendo como primeira rainha Marília Rio Apa e as princesas Gleisi Ferreira e Leni Vieira.
Outro programa desenvolvido na rádio foi o teleteatro, escrito e dirigido por Wilson Rio Apa, baseado em peças de teatro e novelas da Rádio Nacional, Mayerink Veiga, Tamoyo e outras. Mas foi o programa "Nossa Gente" que obteve maior sucesso, no qual Ivo, meu pai, se apresentava, juntamente com Rachido, Ivete Cecyn, Lu Marival, Djalma Costa, Adair e Alceu Pinheiro Lima (formiga), o escrivão Zeca Vieira, irmão de Joubert Vieira, o funcionário municipal Euclides da Rocha, Dona Maria José (Zezé) mãe de Abel Pinto Filho e a jovem Janeci, entre outros. Para acompanhá-los havia o regional de Arcírio Passos, que tinha como integrantes: Zominho e Babão no violão, Miro “raposa” no pandeiro, Antoninho “barbeiro” no acordeom e no cavaco o pai de Cicinho, atual vice-prefeito de Antonina.
Conta meu pai que antes das apresentações os ensaios eram realizados no porão da rádio e que depois dos programas as fãs aproximavam-se dos artistas e deles tiravam algumas lembranças, como lenços, gravatas e até mesmo um pedaço do terno.
Nos anos cinquenta esses programas de auditório eram os mais ouvidos e frequentados e neles algumas rivalidades foram criadas, incitadas pelo que acontecia na Rádio Nacional entre Marlene e Emilinha Borba. Mas esta rivalidade era de maneira civilizada e resumia-se apenas à preferência de estilos musicais dos ídolos da época, como Carlos Galhardo, Orlando Silva, Nelson Gonçalves e outros famosos.
Nos anos sessenta, com a massificação das TVs, os ouvintes de então, passaram a ver e ouvir seus ídolos nacionais, fato este que provocou a extinção dos programas de auditório e consequentemente a manisfestação artísticas dos ídolos locais.
Embora esses programas não existam mais, seus artistas ainda permanencem em nossa memória e alguns deles ainda nos envolvem com as história daqueles tempos em que a querida ZYX-6 Rádio Antoninense Limitada, a sentinela democrática no ar, levava aos lares capelistas entretendimento e cultura.
Nos anos setenta surge nos quadros da rádio outro membro da família, meu primo João Alberto Fonseca, mas isto é uma outra história...
As fotos são dos anos cinquenta e mostram, no alto, Ivo e Rosi (meus pais) - minha mãe na janela da rádio (Rua Emerlinho de Leão). Abaixo as crianças do "Clube Mirim", com Olga Mussi e a rainha Marilia Rio Apa e as princesas Gleisi Ferreira e Leni Vieira. As outras duas fotos mostram Lu Marival e Rachido, cantando no programa "Nossa Gente". 

Acervo Ivo Fonseca.

5 comentários:

Edson Negromonte disse...

Grande, excelente, Luiz! Este texto está ótimo, o resgate da Rádio Antoninense é imprescindível. Você tem à mão dois nomes importates desse passado glorioso: seu Ivo e Araponga. Escreva mais sobre a Rádio Antoninesne! Abração!

Amigos do Jekiti disse...

Edson,
Vou continuar escrevendo sobre a rádio, dando ênfase aos anos cinquenta e setenta, época em que João Alberto criou vários programa importantes.
Valeu pela participação
abraços

lui disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lui disse...

djalma costa era meu avÔ
vcs nao tem fotos dessas epocas ?
fico feliz de ver o nome dele ai
familia costa agradeçe

Anônimo disse...

Me lembro da cantora Eglê de Oliveira.
Quando ela cantava no programa de auditório que chegava até a interromper a rua, o auditório quase vinha abaixo.
A última noticia a que tive dela é que tinha casado com um policial Rodoviário e foi embora de Antonina.
Seu irmão Joel de Oliveira, também nunca mais tive notícias.

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento