"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ERASMINHO E O ECONOMÊS DO BAR DA ABELHA


Por Luiz Henrique Ribeiro da Fonseca

O Bar da Abelha ficava em frente ao Mercado Municípal e era frequentado, na sua maioria, por aqueles que tinham fetiche pela mercadoria cognominada de absinto guarapirocabano. A seleta clientela contava com o renomado cientista Nininho "inxó", que transformou, via pasteurização da licitina, óleo de rícino em alucinógeno, o poeta e compositor da geração bagrinhos-beatnik, Alceu "cachorrinho", criador do clássico carnavalesco “Pula Pacholeke” e Estevan, o fashion hair das estrelas dionisíacas, responsável pelo desenvolvimento em seu salão do método da proliferação das parasitas pubianas. O proprietário era Erasmo “araponga”, um arrojado investidor que teve a visão de empenhar todas suas commodities a fundo perdido, isto é, formalizou um cadastro com dados e informações gerais sobre a qualificação dos clientes que bebiam no crédito a posteriori (no fiado).
Sendo um empreendimento de capital fechado, do qual faziam parte alguns membros da prestigiosa família “araponga”, Erasminho, como garantia, elaborou um método de capitalização de bens com o intuito de não sofrer com os golpes da inflação galopante. Este método consistia na fermentação de um litro de cachaça da qual resultavam cinco litros do absinto guarapirocabano, solução esta desenvolvida no laboratório do próprio bar, realizado pelo renomado químico Antoninho “esmaga pinto”. Outra medida saneadora foi o método da corretagem, da qual saía a taxa de remuneração sobre o débito vencido e em seguida lançava-o no certificado de desdobro, garantindo assim sua mais valia. No entanto, com a economia em crash e sem o crédito dos consumidores, o deficit empresarial aumentou, fato este que levou o empreendedor efetuar uma relação nominal de inadimplentes com o valor que cada um devia pelo excesso de consumo das commodities etílicas.
Para sair da crise, Erasminho instituiu o método das ações ordinárias, as quais possibilitaram que Vitor "piça de vela" manipulasse seus dumpings nos fundos da poupança de um frequentador que aparecia por lá só para leiloar suas debêntures fornicantes. A taxa era cobrada pela quantidade de clientes que utilizavam as reservas do mercado para realizar suas aplicações ativas, dando-lhes o direito, inclusive, de injetar  liquidez do seu produto interno bruto no fundo do paraíso fiscal do acionista passivo.
Infelizmente o trading post não obteve êxito, porque o valor nominal das ações entrou em queda, obrigando Erasminho fechar as portas de seu empreendimento e transformar-se no executivo (bem sucedido) da Viação Sul Americana, que também faliu - provavelmente pelas arrojadas consultorias econômicas de Erasminho.
Hoje a empresa Sul Americana não existe mais, como também o querido e bem frequentado boteco, mas alguns mitos permanecem e estes são mais importantes que a reles realidade, como no caso da famigerada lista dos devedores do Bar da Abelha, também conhecida como “O Seproc de Erasminho”.

4 comentários:

Edson Negromonte disse...

Grande, Luiz! As últimas postagens estão ótimas, é um resgate que precisa ser feito. Agradeço as palavras sobre o poema O Nicromante e tê-lo usado como epígrafe do seu blog. Abração!

Fortunato disse...

Luiz...Erasminho quando os devedores pagavam a conta ele somava até a data do pagamento.

Ex. se a conta fosse R$ 50,00 ele acrescentava + 15,00
+ 8,00
+ 20,00
+ 10,00
___________
R$103,00
Data de pagamento 15/08/2010, era para que o sócio dele Maneco, nãi se perde-se na contabilização das "blues chips".

Amigos do Jekiti disse...

Natinho, quer dizer que Maneco fazia caixa dois no bar da abelha e depositava num paraíso fiscal?
Então não é com o conserto das bolas que Erasminho ergueu seu império?
Abraço, valeu a participação

Fortunato disse...

Maneco quando some de Antonina, esta em sua casa em Quito, lá é endeusado pelos rentistas. Pois se ele tirar o seu dinheiro da Bolsa de Valores do Equador, quebra o país, e tudo saiu da holding Bee Corporate.

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento