Por Luiz Henrique Ribeiro da Fonseca
Permitam-me postar uma opinião sobre a qual não se refere diretamente a Antonina. É que eu não aguento mais receber emails nos quais a candidata Dilma, do PT, é achincalhada em sua moral, postura e estética. Esses emails mostram uma Dilma medonha, horrorosa, guerrilheira e ladra, como se as barbaridades do período da ditadura fossem esquecidas, como se os bandidos fossem aqueles que lutaram contra o regime militar. Outro que sofre preconceito é o presidente Lula simplesmente porque não teve estudo e como se não bastasse ainda é chamado de beberrão e caipira por gostar de futebol e por não abrir o palácio para dar de comer a elite reacionária desse país. Essa caipirisse do Lula ofende, agride aqueles de roupa de seda, aqueles culturalmente superiores que tentam influenciar uma burguesia que tem como maior desejo ascender socialmente e esquecer suas origens.
Isso nada mais é que um preconceito de uma “elite” conservadora e burra, tradicional e pouco produtiva, um preconceito de classe que ainda perpetua em nosso país. No Brasil fomos habituados com certos princípios de que é na alta sociedade que estão os verdadeiros cavalheiros e damas, os verdadeiros donos do saber e os únicos capazes de modificar os rumos de uma sociedade. Mas na verdade essa elite que ainda convive com a hipocrisia dos salões soçaites não suporta ver a ascensão de uma nova classe que abriu caminhos a cotoveladas, que soube o significado do trabalho, da perseverança e que ainda cultiva suas origens.
Essa nova elite prefere gerar riqueza, dar empregos, descentralizar a renda, cuidar para que as diferenças sociais não sejam tão significativas, ao contrário daqueles que optam pela especulação, que concentram riqueza e compram obras de arte apenas como investimento. Essa elite retrógada abomina a política social, pois não suporta ver os mais humildes dividir a sala de aula com seus filhos, não suporta vê-los comer a mesma carne, ver as ruas cheias de carros populares e dividir espaços em aviões comerciais.
Há também uma elite que nasceu pobre e ainda mantém o ranço da pobreza, que por conveniência assumiu o código das elites e se transformou num insensível tecnocrata, pois como veio de baixo abomina aqueles que ainda dependem de programas sociais para ascenderem profissionalmente.
O que essa elite reacionária não quer é uma política social que oportunize educação e emprego, subsistência e consumo, ascensão social e independência, simplesmente porque ela acredita na caridade dos salões de chá, do patronato hospitalar, da esmola no sinal de trânsito, pois essas ações, além de manterem a distância, mantêm a subserviência.
7 comentários:
Prezado Luiz:
Com sua licença, vou postar este texto - excelente, claro, pertinente -, em meu modesto e sujo blog.
Abraços,
Paulo R. Cequinel
Também peço licença para postar o texto no Correio do Litoral.com, no site e na edição impressa
Somos um jornal de notícias e pouca opinião. Mas esta merece um destaque.
a postagem está autorizada
Meu amigo Luiz Henrique,
Acho que o teu comentário foi bastante pertinente, por isso não votarei no atual governo federal e não estou motivada por emails, mas sim, por uma realidade nua e crua, ora, transcrevendo teu próprio texto:
"Há também uma elite que nasceu pobre e ainda mantém o ranço da pobreza, que por conveniência assumiu o código das elites e se transformou num insensível tecnocrata, pois como veio de baixo abomina aqueles que ainda dependem de programas sociais para ascenderem profissionalmente."
Esta é a descrição do nosso atual presidente, que dos pés no chão onde nasceu e cresceu, hoje usa Armani, bebe vinho cuja garrafa custa duas vezes mais o salário mínimo, que camisas de marcas internacionais, guardanapos de 1500 fios (egípcios), etc, etc.
Márcia,
Que bom que vc acessa ao blog e ainda faz seus comentários.
Como uma amiga jekitibana, vc pode postar, se quiser, suas idéias.
Suas opiniões e ideias serão bem recebidas, e claro, com os devidos créditos.
bjo
Você sabe que se eu chamo de amigo é porque é...
Uma PEQUENA diferença é sempre uma forma de trocarmos idéias e nunca para travarmos duelos e se travarmos, que a arma seja um belo cafezinho no Jekiti.
Beijo, Márcia
"Luzhenrique", lendo os comentários chequei a uma conclusão naquele paragráfo "aspado" pela Márcia. Aqueles "são os escravos com o olho do dono" ou seja, saíram da senzala e foram para a casa grande e criaram os seus rebentos como "sinhazinha" e "fidalgos". Penso. Não! Tenho certeza que o Lula rompeu essa dependência ideologica de ser o "escravo com o olho do dono" - leia-se geopolítica EUA - e mostrou ao mundo que nos existimos e somos a quinta economia do mundo e temos que ser respeitados e o principal esta trazendo a nossa auto estima de volta, deixando a Síndrome de Vira Latas para àqueles que continuam criando nesse país "sinhazinhas e fidalgos".
Natinho
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