"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



terça-feira, 28 de setembro de 2010

O EFEITO TIRIRICA


Por Luiz Henrique Ribeiro da Fonseca

Há uma onda de indignação sobre a possível eleição de Tiririca para o Congresso Nacional. Com uma estimativa de um milhão de votos o “palhaço” cearense além de ocupar uma cadeira no Congresso Nacional levará consigo dois ou três candidatos de sua legenda. Essa indignação, naturalmente, vem de uma casta que enxergou o Brasil de acordo com a sua hereditariedade cultural colonizadora, que disseminou o escravismo e criou oligopólios em nome da Revolução Industrial.
Essa mentalidade ainda perdura no país e tem uma nova roupagem, chamada neoliberalismo, e que é proveniente de uma ação política e econômica desencadeada nos países desenvolvidos economicamente e incorporada pela velha elite brasileira, que acredita na competitividade de mercado e na máxima de que o mais forte se sobrepõe ao mais fraco.
Mas para essa elite Tiririca não é um incapaz, é um petulante, um personagem audacioso, cheio de embustes e sem consciência tradicional. Mas para muitos ele nada mais é que um Macunaíma sem o caráter daqueles que ainda repudiam essa multiplicidade cultural que foi criada dentro das senzalas, cortiços, morros e guetos.
Logicamente não podemos cobrar desse petulante "palhaço" um entendimento sobre o funcionamento das várias comissões que há no Congresso Nacional e nem indagá-lo como fora feito o processo de capitalização da Petrobras. Tudo isso deve ficar para aqueles de punho de seda, de colarinho branco, que legislam em causa própria e que têm o aval da elite conservadora e da burguesia, os quais só pensam em manter seus status quo. Essa elite ainda é a mesma que atura seus filhos queimarem indigentes nas madrugadas, baterem em prostitutas nas esquinas, matarem homossexuais e índios, por estes não pertencerem a mesma classe social e por serem culturalmente inferiores.  
Provavelmente Tiririca não terá uma participação atuante e talvez seja engolido pelas velhas raposas do Congresso Nacional. Mas, com certeza, ele deixará um grande legado para aqueles que têm a mesma origem social da dele, ensinando-os que neste país a oportunidade é para todos.

Um comentário:

PAULO R. CEQUINEL disse...

Prezado:

Belo texto, análise acurada, na mosca. Desse jeito vou fechar meu bloguezinho. Sua concorrência é-me francamente desleal.

Paulo Roberto Cequinel

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento