"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



sexta-feira, 10 de setembro de 2010

UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA

Por Luiz Henrique Ribeiro da Fonseca

A pedofilia a cada dia que passa cresce no mundo e toma proporções danosas à sociedade, através das consequências que trazem às suas vítimas. Os pedófilos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, não são considerados criminosos e sim doentes que sofrem de distúrbios psicológicos e desvios sexuais, mas se praticarem atentado ao pudor, estupro ou pornografia infantil, podem ser enquadrados na categoria de criminosos. Ainda de acordo com a OMS são vítimas os menores de quatorze anos e criminosos o adolescente ou jovem que comete ato de perversão sexual em uma criança mais nova, cuja diferença de idade chegue a cinco anos.
A prostituição infantil é um caso diferente, mas não deixa de ser extremamente grave. Geralmente a exploração sexual do menor está relacionada à desagregação familiar e falta de perspectiva socioeconômica dos pais. O desemprego ou subemprego desencadeiam esses males e muitas vezes os pais exploram suas filhas nesse comércio para que possam ter algum ganho financeiro.
Outro fato incontestável são os jovens menores de idade que encontramos nos finais de semana pelas ruas usando drogas e ingerindo bebidas alcoólicas, os quais, em breve, podem se tornar reféns do vício e delinquentes em potenciais. Esses jovens, logicamente, são frutos de uma má política nas áreas da educação, saúde, trabalho, previdência, assistência social e segurança, pois esses órgãos em conjunto com o Conselho Tutelar não atuam adequadamente para cumprir os ditames do Estatuto da Criança e do Adolescente.
No que concerne às escolas públicas, essas sofrem uma espécie de sucateamento por parte daqueles que dirigem a educação, pois a crise maior não está na falta de dotação orçamentária e sim na crise de autoridade dos que dirigem e também na falha da gestão pública administrativa. Essas escolas poderiam voltar seus esforços para a formação do cidadão, isto é, dar aos alunos condições para que eles entendam a realidade que os cercam. Nessa formação devem conter os fatores econômicos, políticos e sociais, pelos quais os alunos poderão compreender seus direitos e deveres.
Outro aspecto é a falta de uma política de saúde, assistência social, trabalho e segurança pública, pelas quais o jovem possa ser beneficiado com medidas que lhes dê maiores perspectivas de futuro. Para isso deve ser criada uma política de saúde que permita ao jovem um tratamento adequado para se livrar do vício da droga, bem como que o previna de doenças sexualmente transmissíveis; também dê meios de progressão social, através de uma política voltada ao emprego, crie espaço para se expressar desportiva e culturalmente e por fim que seja protegido pelas ações preventivas e punitivas das autoridades policiais e judiciárias. Também é de suma importância que os Conselhos Tutelar e de Segurança atuem juntos aos pais, no sentido de trocarem informações e que estas possam subsidiar as autoridades para que as políticas públicas destinadas aos jovens tenham sucesso.
Acredito que Antonina se insere no contexto e para tanto essas ações colegiadas devem focar, inclusive, a família, pois a perspectiva do jovem passa pela perspectiva dos pais e é para todos que essas ações devem ser destinadas, para quem sabe um dia nossa cidade não se torne o lugar onde uma tragédia social será anunciada.

3 comentários:

Edson Negromonte disse...

É isso aí, Luiz. Bravo! Bravíssimo!

Maria Alice da Fonseca Pereira disse...

Luiz sou conslheira tutelar e o Conselho está te convidando a fazer uma visita em nossa sede, mas já posso te adiantar que todos os casos de pedofilia e abuso sexual em nossa cidade foi atravás do Conselho Tutelar que deu inicio e encaminhou aos órgãos competentes, gostaria mesmo que vc viesse e presenciasse de perto as nossas dificuldades. Nem uma dessas crianças que passaram por esse tipo de problema ficou sem atendimento ou acompanhamento, na verdade Luiz nós preferimos que os casos que são atendidos por nós ficassem mesmo no anonimato pois todos correm em segredo de justiça, mas a população pode ajudar fazendo as denuncias e como certeza iremos averiguadas.Só gostaria que não fisessem igual o padre que foi pra radio e falou o que bem entendeu sem antes conhecer o nosso trabalho ou mesmo oferecer a ajuda da Igreja para as familias com dificuldades. Agradeço a oportunidade e até mesmo vc Luiz por levantar essa questão e assim a gente pode falar um pouco, para os que são menos informados.

Amigos do Jekiti disse...

Maria Alice,
Com prazer vou conhecer a sede do Conselho Tutelar. O problema está na disponibilidade de tempo, pois moro em Curitiba e desço para a terrinha na sexta à tarde. Por sinal neste final de semana não desço, mas no outro, por conta das eleições, estarei aí e então conversaremos, ok?
abraço
Luiz Henrique

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento