"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



terça-feira, 2 de novembro de 2010

DILMA A PRIMEIRA PRESIDENTA DO BRASIL

Acabei de chegar de Antonina e lá vi Dilma vencer a eleição. Foi um alívio, não nego, pois mesmo, em meu íntimo, tendo a certeza da vitória, minha esperança mórbida ainda temia alguma reviravolta. Tive certeza da vitória logo no primeiro boletim, quando Dilma surgiu com 53% contra 47% de Serra, por saber que ainda faltavam um grande percentual de votos do nordeste. Por volta das 20 horas veio a confirmação do que praticamente eu já sabia: a vitória da esperança contra o medo, da verdade contra mentira. De canal em canal acompanhei tudo de perto e, com meu batimento já regulado, como se estivesse naquele dezembro de 2001, quando meu Atlético foi campeão brasileiro, pude enfim relaxar.
Vi e ouvi com atenção o discurso da nova presidente e ali pude constatar que se tratava de uma verdadeira estadista, quando ela enfatizou que é contra qualquer revanchismo e que governará para todos. Depois Serra falou e, com seu velho ranço de derrotado, com a empáfia de sempre, veio culpar os outros pelos seus fracassos.
No domingo, perderam Serra e Fernando Henrique, como também as forças mais reacionárias e retrógadas desse país e aqueles que, por falta de humildade e espírito democrático, insistiam em desqualificar o desejo popular com relações equivocadas de valores percentuais, como se a relação que serviu para o Estado não servisse para o Brasil.
Nas ruas de Antonina vi uma comemoração tímida, exceto pelo meu primo Gibe (araponga) que saiu com uma bandeira do PT cobrindo o corpo, três carros fazendo buzinaço e alguns foguetes que quebraram o silêncio da noite natural antoninense. Os 66% que votaram em Serra não esboçaram tristeza, nem indignação ou medo pela vitória da "terrorista". A Antonina tucana não lamentou a derrota de Serra, nem nas conversas no Jekiti tiveram maiores destaques, talvez por acharem que Antonina não seja inserida no contexto do novo governo petista, preferindo dar ênfase à política estadual e municipal.
Pela minha ótica, Antonina votou em peso em Serra, muito mais pela falta de empatia em Dilma, que pela percepção de que o tucano era o melhor. Essa constatação foi fácil de identificar em muitas conversas, nas quais reforçavam sobre ela o estigma de guerrilheira, terrorista, e outras coisas do gênero.
A minha visão sobre a vitória de Dilma é mais ampla e atinge Antonina de maneira extremamente positiva. Antonina, no decorrer do governo Dilma, pode ser muito beneficiada, pois as forças políticas ligadas à nova administração podem trazer muitos recursos, principalmente no que concerne ao Pré-Sal. Essa visão não é utópica e pode dar a Antonina uma condição que permita desenvolver políticas voltadas ao trabalho e ao emprego, por conta da posição estratégica do Porto e do Matarazzo.
Para melhor esclarecer, Dilma encara o Pré-Sal através do contrato de partilha, isto é, a União contrata as empresas e as remunera com parte da produção, pois é o governo que tem o controle estrito sobre as reservas. Esta visão é totalmente diferente do regime de concessão, através da qual as empresas exploram a riqueza e se tornam donos dela, em troca pagam royalties à União, Estados e Município.
Este modelo não garante uma ampla aplicação de recursos em políticas públicas, pois os royalties, como no caso do ecológico, não dão essa garantia de investimento, simplesmente porque não se configuram como investimentos transparentes. Com o sistema de partilha, o Porto e o Matarazzo podem ser utilizados como uma espécie de apoio logístico aos trabalhos de exploração, mas para isso a administração municipal deve atuar junto às forças políticas que o apoiam a inserção de Antonina no projeto do Pré-Sal... Por que não?

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O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento