"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



segunda-feira, 15 de novembro de 2010

OS BÁRBAROS SÃO ELES

Na postagem o Efeito Tiririca, fiz uma colocação sobre o quanto as elites discriminam, ofendem e atacam àqueles que lhes são diferentes. Como Tiririca, há também os nordestinos, os homossexuais, as que fizeram abortos, os não-cristãos, ateus e os que não têm religião. Essa elite que ainda pensa que é a dona do saber e guardiã dos bons costumes, não se conforma com o novo mapa social do Brasil e quer, a todo custo, tentar modificar a nova tendência social que preza e dá oportunidade para todos.
Assim é quando eles criticam o ENEM, o PROUNI, o Bolsa Família, pois, segundo eles, assistencialismo é uma maneira que o governo encontrou para sustentar vagabundos e dar chances a delinqüentes, filhos de pedreiros, de domésticas e do lixo social, tomarem o lugar de seus filhos bem criados nas universidades e no mercado de trabalho.
Esse pensamento separatista é histórico e vem desde os primórdios do Brasil, que consolidou a política das grandes oligarquias e depois a neolibeal, as quais jogaram a maioria da população em guetos, cortiços e favelas. Como essa elite, de certa forma, acredita na subserviência - inclusive dela pela sua adesão aos costumes franceses e depois pelo americano - sua lógica natural não poderia ser diferente quando ela, em suas entranhas, acredita na máxima de que há os que nasceram para mandar e os que nasceram para obedecer.
Mas, com o tempo, a elite faliu financeira e intelectualmente e se transformou num arquétipo risível cheia de ódio, de intolerância, de inveja, embora sem deixar o velho ranço que a configurou como a dona do saber. Essa postura ficou evidente nas últimas eleições, quando o representante dessas elites, se apresentava como tendo o melhor currículo, como sendo o mais preparado e como sendo único capaz de salvar o Brasil das garras do "semi-analfabeto" e da "terrorista búlgara". Se analisarmos a fundo essa postura do candidato tucanos, concluiremos que nem mesmo seu eleitorado acreditava nessas falácias elitistas, tanto que a maioria de seu eleitorado votou muito mais pela intolerância a Lula e à Dilma, que nos argumentos pretensiosos e petulantes de seu candidato.
Na verdade, essa elite que votou em Serra, tem uma limitação retórica, de costumes, e está, como sempre esteve, cega para os avanços sociais que este país alcançou. Para essa elite entender que pobres podem se tornar doutores, que nordestinos podem comer e se desenvolver, que uma pessoa de baixa escolaridade pode ser um de seus representantes no Congresso Nacional, vai levar ainda muito tempo e tal consciência só poderá ser adquirida pela coragem do governo em criar uma educação pública eficiente e igual para todos.
Como sabemos que hoje em dia isso ainda não é possível, o jeito é o governo criar meios para que essa "pobretada" insolente abra seus caminhos na base da cotovelada e obrigue as elites a ter que engoli-la. Mas, se por ventura, a elite ignorante não entender esses avanços, resta-nos apenas lamentar, pois enquanto a caravana passa, os cães ladram.

2 comentários:

Edson Negromonte disse...

Como é, não vai dar continuidade às crônicas sobre a Patrulha Touro? Abraço!

Amigos do Jekiti disse...

Edson,
No final de semana postarei.
abraço

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento