"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



domingo, 20 de março de 2011

Carta para meus amigos que têm (ou tiveram) algum cargo público em Antonina

Meus caros:
É com dor e tristeza que escrevo estas linhas. Neste momento de caos, não é de bom-tom ficar apontando falhas ou omissões do passado. No presente, presente sério e agudo, temos mortos para enterrar e vivos para cuidar. O presente exige cuidados, e cuidados urgentes. Não é hora de brincadeira nem de reclamação, é hora de ação. Vi agora, pela internet, dos desabamentos no morro da Laranjeira, e soube das enchentes no Maria Luiza e outros bairros. Minha terra se cobre de lama, luto e desamparo.
É com tristeza que vejo se repetir, em Antonina, as muitas tragédias anunciadas do chuvoso verão brasileiro. Também é com tristeza que vejo que as principais vítimas são as pessoas mais simples e humildes, que são induzidas a ocupar áreas de risco.
Antonina é um fundo de baía, cresceu a partir do aterro de mangues. Logo, portanto, é uma área baixa, sujeita a alagamentos. Não é o mesmo problema de Morretes, cujos problemas de enchentes são de ciclo mais curto, isto é, acontecem mais repetidamente. Lá em Morretes, o problema é o Nhundiaquara, que concentra todas as águas da Serra e as despeja como enchente na planície, justamente onde fica Morretes. Em Antonina, por estar sujeita só à ação das marés, as cheias tem um ciclo mais longo, ou seja, acontecem a cada trinta, cinqüenta, cem anos. Perguntem aos mais antigos e teremos uma confirmação de um ciclo de enchentes na cidade.
Quanto aos morros, o problema é outro. Nós ficamos sempre nas franjas dos morros, e só no século XX começamos a ocupar mais intensamente a franja de morros ao redor do morro da Graciosa de Cima, na Laranjeira, no Buraco Da Onça. Do outro lado, temos a região do Batel, o Morro do Salgado, a Caixa D’água. Ali se concentra, majoritariamente, a população mais simples, que vai lentamente ocupando pequenos lotes e construindo suas casinhas.
As encostas dos morros e das serras estão sempre em evolução. Deslizamentos são fenômenos naturais muito comuns em épocas de grandes chuvas. No passado, quando os morros não eram ocupados, os deslizamentos de terra ocorriam e ninguém nem percebia. Quando nós permitimos a ocupação destas áreas, seja por ação, seja por omissão, os deslizamentos de terra deixam de ser fenômenos naturais e passam a ser riscos geológicos. Risco geológico é quando um fenômeno natural causa perdas materiais ou humanas.
Essas tragédias nos pegam de surpresa, são fatalidades do inexorável destino? Nem um pouco. Monitoramento feito pela ADEMADAN e pela UFPR mostra que o morro da Laranjeira é uma área de risco e estava trabalhando com possíveis soluções para a população da área. Para detalhes, clique aqui. Por outro lado, meu amigo Eduardo Bó, reclama, todas as vezes que pode, da implantação de um Plano Diretor em Antonina. É, meu caro Eduardo, coerência as vezes pode ser confundida com chatice mesmo. Já existe um Plano Diretor, feito por pessoas competentes, mas que não sai nunca do papel. Vocês, meus amigos, que tem ou tiveram cargo público em nossa cidade, sabem nos dizer por quê?
Por isso, por tudo isso, reitero a vocês, meus amigos, todos os que têm algum poder de decisão em nossa querida Deitada-a-beira-do-mar: é preciso enxergar esta tragédia com os olhos do futuro, é necessário usar a ciência em conjunto com a cidadania. É preciso implantar um Plano Diretor, é preciso evitar a ocupação de áreas de risco, é preciso ter planos de emergência para as situações de calamidade. Coloco-me a disposição para contribuir neste debate, com meus parcos conhecimentos, em colaboração com outras pessoas que possam e queiram ajudar. Mas que não seja uma “comissão de doutores”. É sempre bom frisar que a comunidade que mora nas áreas de risco tem que necessariamente ser ouvida e ter poder nas decisões que se venham a tomar. Quando eu digo ajudar é de verdade, sem exclusão de pessoas, sem cálculos eleitorais imediatistas. Vamos tentar?

Jeff Picanço

2 comentários:

Anônimo disse...

CRESCENDO COM O (NOSSO) FRACASO

Albert Einstein nasceu em 1.879, numa família judia pobre. Cresceu num ambiente antissemítico, o que produziu nele um complexo de inferioridade. Tornou-se tão introvertido que foi levado a ser examinado por especialistas. E ele foi reprovado na primeira tentativa de ingresso na Escola Politécnica de Zurique. Foi desse quadro de fracasso que surge o cientista mais renomado do século XX. O fracasso não é determinante se for administrado de forma sábia.

John Kennedy, o presidente americano do passado, afirmou: “O sucesso tem muitos pais, mas o fracasso é órfão. Ninguém quer assumi-lo.” Enquanto alguns enfrentam bem o fracasso, a maioria se vê encurralada por ele. Grande é a dificuldade com essa experiência tão humana e comum. Por isso um dos segredos da vida é saber lidar com o fracasso. O palestrante motivacional Zig Ziglar colocou bem a questão: “Saber como se beneficiar do fracasso é a chave para o sucesso.” O fracasso pode se tornar uma grande oportunidade.

O fracasso pode ser do tipo existencial. Esse é o fracasso em um projeto, quando não se atinge ou concretiza um alvo. E há o fracasso espiritual. Esse é o fracasso moral diante de Deus, quando se fere os princípios divinos. Tanto do fracasso existencial, como do espiritual, ninguém sai o mesmo. Se o fracasso for tratado na presença de Deus, o indivíduo sempre sai melhor. O contrário também é verdade. Sem Deus, o fracasso conduz à amargura e à arrogância. Diferentemente, na presença de Deus a humildade toma conta do coração. E dali o indivíduo sai mais dependente de Deus, pronto a rever e modificar sua conduta e, com a graça de Deus, sai cheio de força e sabedoria para recomeçar.

A Bíblia narra que o apóstolo Pedro fracassou terrivelmente e saiu melhor de sua experiência negativa. Cristo informou a Pedro e aos outros discípulos que eles o abandonariam quando ele fosse preso. Pedro reagiu a essa colocação com uma bravata: “Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei” (Marcos 14:29). Então, Cristo o alertou que ele o negaria três vezes antes que o galo cantasse duas vezes. Cristo foi preso, Pedro fica incógnito na multidão, acompanhando os acontecimentos noite a dentro. Mas, foi interpelado por duas pessoas que questionaram se ele não pertencia ao grupo de Cristo. Pedro negou veementemente. Em seguida o galo cantou. Pedro caiu em si e chorou, mas “chorou amargamente” (Mateus 26:75). Foi dessa falha tremenda que Deus levantou Pedro para uma história de sucesso. Do choro de Pedro Deus inicia um novo começo com Pedro. E ele se torna uma história de sucesso no Cristianismo, passando inclusive a ser conhecido à volta do mundo através dos séculos. Um coração humilde na presença de Deus vira sempre uma história de superação.

Fracassado não é quem fracassa, mas quem permanece no fracasso. Ninguém precisa permanecer no fracasso. É preciso apenas lançar mão da provisão de Deus. Buscando a presença de Deus, na graça e misericórdia manifestadas em Cristo, se encontra sempre o abraço de perdão, cura e renovação. Com Deus, o recomeço, e em melhor estado interior, é sempre possível. Com Ele, o indesejado fracasso se torna uma grande oportunidade de crescimento.


"O GUARDIÃO DO PORTINHO"

Anônimo disse...

Nos últimos dias o noticiário retrata a calamidade em Antonina. Uma calamidade planejada. Exatamente isso. Planejada em nome do voto a qualquer custo. Um custo muito caro, pois as principais perdas foram humanas. Quem são os (as) responsáveis? Não venham dizer que a responsabilidade pela tragédia foi a força da natureza. As decisões políticas dos políticos irresponsáveis são as verdadeiras responsáveis pela irresponsabilidade do voto a qualquer custo.
O Morro da Laranjeira , em Antonina, que deslizou com as últimas chuvas, um local totalmente instável, que por omissão dos governos que fizeram “vistas grossas” permitiram que a ocupação irregular ocorresse. Uma omissão que custou a vida. Que destruiu famílias inteiras.
Essa falta de vontade política para retirar as pessoas daquele local e dar-lhes uma moradia digna retrata o que os políticos pensam sobre o que o povo significa: um lixo. Onde anda todos os ex-prefeitos da cidade de Antonina e os vereadores? Rindo do povo em suas belas casas centrais! Mas o que vale uma vida? Nada, para esse bando de calhordas.

"O Barão da Barão de Antonina"

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento