"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



segunda-feira, 30 de abril de 2012

BASTA TIRÁ-LOS DE LÁ!

Foto: José Maurício Farias
Alguns comentários sobre a postagem “O lado escuro da lua” me levou a algumas reflexões e me obrigou a escrever, de novo, sobre a “Turma do Litro”.
Entra ano, sai ano e o assunto sobre a retirada daqueles “vagabundos” da Feira-Mar volta à tona. Não vou menosprezá-los porque os considero parte integrante da nossa sociedade, como as jovens-meninas que se prostituem e os jovens usuários de crack. Não vou aqui também dar soluções para esse ônus social, causado pela falta de oportunidade, oriunda de uma política neoliberal canibalesca e excludente, que privilegia a especulação e desconsidera o trabalho. Embora a situação das jovens-meninas prostitutas e dos usuários de drogas, obrigatoriamente, não tenha relação com as pessoas que compõem a “Turma do Litro”, obrigo-me a afirmar-lhes que, embora seus integrantes não gozem de cidadania plena, são, de certa maneira, dependentes do Estado e devem ser tratados com dignidade.
Essa realidade nos dificulta a entender essa relação dualista que há entre o cidadão carente e aquele considerado socialmente normal, mas devemos procurar entender, pelo contexto das suas existências e pelo fator econômico, social e cultural da nossa sociedade, o motivo pelo qual achamos que os espaços urbanos devam ser higienizados, para que não sejamos incomodados por esses “vagabundos”.
Como convivemos com essa “doença” e não sabemos como curá-la, tentamos escondê-la, como foi no passado a lepra, dando a ela um caráter muito mais moral do que de enfermidade - também de loucura -, que culminou com a exclusão desses doentes do seu grupo social. Essa nova moral, que jogou esses indesejáveis para dentro das grades das prisões, serviu, preventivamente, para proteger os cidadãos comuns.
Esse mascaramento não passa de uma inquietude, trazida pelo medo, pela insegurança, que desencadeou uma mudança em nossos costumes, pela perda de referências morais e nos deixou como herança o aviltamento das relações humanas, por conta de um vazio que não sabemos como preencher.
Esse vazio nos trouxe o medo e nos levou a enxergar a Turma do Litro como um bando de devassos, que não seguem a moral estabelecida nos nossos tempos, obrigando-nos, por uma questão de sobrevivência, estigmatizá-los como cidadãos incomuns e que deveriam ser excluídos do convívio social por não seguirem nosso código de conduta.
Essa assimilação é proveniente de uma corrente, uma onda social desencadeada por fatores substanciais, como violência, desemprego, falta de perspectiva e, recentemente, a calamidade das chuvas, as quais provocaram em nossa sociedade um medo e, consequentemente, a criação de um mecanismo de defesa, transformando-nos num escravo dos nossos próprios desatinos.
Enfim, a maneira pela qual enxergamos a Turma do Litro tem tudo a ver com a nossa incapacidade crítica, com a nossa postura de rebanho perante o que nos é imposto. Toda essa visão não passa de uma representação, de uma verdade irrisória, como nos tempos em que o mundo temia o fim da humanidade por causa das pestes e das guerras. Esse medo ainda se mantém, mas com outra roupagem, outra moral, embora na essência seja a mesma quando, na Idade Média, a sociedade tratava a loucura nos tribunais, isto é, decidia, julgava e executava.
Mas, infelizmente, esses fatos não se resumem à "Turma do Litro", expandem-se para além da praça e chega aos guetos de nossa cidade, onde jovens são reféns do crack, onde meninas-crianças vendem o corpo em troca de algum dinheiro para ajudar no orçamento doméstico, onde adultos mendigam à margem da sociedade por falta de perspectiva de vida, enquanto nós, "pessoas de bem", nos preocupamos em tirar o lixo das ruas e da praça, porque é mais simples e cômodo dizer: basta tirá-los de lá.
Objetivamente, cabe ao Estado assumir os seus deveres e, no caso da “Turma do Litro”, atuar com políticas públicas, isto é, dar-lhes amparo social e médico, inclusive lhes proporcionando meios para que sejam inseridos socialmente; porém, cabe lembrar, que essa atitude requer o respeito aos direitos constitucionais, pelo simples fato de que eles podem recusar a intervenção do Estado e preferirem recorrer ao direito de irem, virem e ficarem.

22 comentários:

Henrique disse...

Prezado amigo Luiz Henrique, li com muita atenção este e o último post.
Concordo em gênero e número com que foi escrito. Louvo sua coragem em tocar em um assunto tão delicado. Entretanto, o problema não é novo. A elite (SIC) e os políticos sempre procuraram varrer para baixo do tapete isto que eles consideram sujeira. Quando garoto em Antonina, existiam vários coitados doentes que procuravam esquecer e amainar suas dores e frustrações na cachaça. Me lembro de vários, não vou citar nomes para não ultrajar suas memórias. Hoje o problema se agravou. Se agravou justamente porque nunca foi feito nada ( salvos alguns poucos abenegados que existiam como ainda existem).
Porém, hoje o problema tornou-se mais grave, justamente por ter sido feito muito pouco no passado. Com o aumento da população e a dissiminação das malditas drogas, chegamos a beira do caos.
Lógico que tudo isto não é caso de polícia e sim de saúde pública. Também a indiferença dos mais aquinhoados pela sorte ou dos "cheirosos" sempre existiu e fez parte da causa do problema. Não é somente em Antonina que isto ocorre. Hoje isto é um problema mundial, porém deve ser resolvido ou aliviado localmente com o esforço da sociedade. Em fim, para não me alongar muito, pois este debate deve ir muito longe, faço um apelo para a população de Antonina. O primeiro passo a ser dado para ajudar estas pobres almas é reconhecer que são doentes e assim devem ser tratadas.

Anônimo disse...

Se não consegue acabar, alie-se a eles. Que se funde uma Ong a "Litrolãndia".

Anônimo disse...

Luiz, não os chamaria de " vagabundos". Não se sabe quais foram as circunstâncias que os levaram à situação em que se encontram hoje.
Na realidade são pessoas que ficaram a margem da sociedade.Precisa-se de uma solução, o que não é fácil.
Mas, a minha pergunta é: Onde está a Secretaria de Assistência Social?
Ela não existe para, pelo menos tentar, dar uma solução para essas pessoas? Ou a Secretaria de Assistência Social só serve para dar assistência ao carnaval, ao festival de inverno, ou a qualquer outro evento da cidade? Pelo que vejo e escuto, a secretária se mete em tudo,menos no que lhe diz respeito, isto é,a sua pasta.

Anônimo disse...

Luiz, não os chamaria de " vagabundos". Não se sabe quais foram as circunstâncias que os levaram à situação em que se encontram hoje.
Na realidade são pessoas que ficaram a margem da sociedade.Precisa-se de uma solução, o que não é fácil.
Mas, a minha pergunta é: Onde está a Secretaria de Assistência Social?
Ela não existe para, pelo menos tentar, dar uma solução para essas pessoas? Ou a Secretaria de Assistência Social só serve para dar assistência ao carnaval, ao festival de inverno, ou a qualquer outro evento da cidade? Pelo que vejo e escuto, a secretária se mete em tudo,menos no que lhe diz respeito, isto é,a sua pasta.

Anônimo disse...

FALOU BONITO. MAS QUEM DEVE ESCUTAR NÁO ESCUTA: O PESSOAL DA SECRETARIA DE PROMOÇÃO SOCIAL, INCLUSIVE A SECRETÁRIA, SÃO CEGOS, SURDOS E MUDOS... (só comparecem em chás beneficentes...)
- Turma do litro?
-Que litro?
- Que turma?
- Esta secretaria nunca ouviu falar desse problema... O que esta´secretaria sabe é que na feiramar tem "honestos e diligentes guardadores de carro"....

Anônimo disse...

Uma sugestão:-
1 - uma quarentena sem beber;
2- depois de 'desopilados' - botar os caras pra trabalhar. Não sabem fazer nada? Botem eles de vassoura e enxada na mão pra limparem o centro da cidade e a via de entrada que está sempre suja!!!
3 - dá pra 'defender' pelo menos o salário mínimo.
4- a prefeitura abre um albergue pra eles, mediante pagamento mensal simbólico....

Discordo dessa de jogar esse problema nas costas da gente.
Pra que é que tem aquela turma de "far niente" na prefeitura??? Só pra comer o dinheiro do povo????

PAULO R. CEQUINEL disse...

Só pra fazer o teste de robô, uma das minhas atividades favoritas. Rsopeon Meattalo não seria o militante trotsquista, de origem bósnia, que tentou assassinar titio Stálin quatro vezes?

GERALDO disse...

Caro Luiz,

A Secretaria de Ação Social de Antonina é formada por membros estratégicamente ali localizados para não incomodar o Prefeito e sua equipe.

A única ação rápida que vi de seus membros foi esconder os colchões doados na época da enchente e desviar mantimentos pela janela.

Eles nem sabem que a turma do litro existe, ou fazem de conta que desconhecem o problema social ali existente.

E a IGREJA???
Qual é o projeto social do padre?

O padre que veio, aqui no blog, arrotar sua grande faceta de magnanimo administrador e apóstolo, que aumentou consideravelmente o quinhão destinado aos bolsos da batina, ele já desenvolveu um projeto social para Antonina?

É fácil ficar com bravatas na rádio, fazendo considerações, imposições ou comentários a respeito de assuntos que nada têm a ver com a igreja, como faz o tal padre
Então eu volto a perguntar: Qual o projeto católico para assistência e inclusão social?

Tanto o padre quanto os membros da Ação Social vivem da pose, crítica, tolerância e omissão.
Ação?
Nenhuma.

Geraldo

Anônimo disse...

PARA ACABAR COM A TURMA DO LITRO DAS DROGAS DA FEIRAMAR TEM QUE TER POLICIAMENTO NA PRAÇA. A TURMA DO LITRO ATE QUE NAO INCOMADA OS DROGADOS QUE SE MISTURAM COM ELES E O PERIGO ASSALTAM OS TURISTAS E BOTAM MEDO .POLICIA NAS RUAS COMO NO TEMPO DA MUNIRA.

Anônimo disse...

Geraldo, venho aqui não para defender o padre, longe disso. Não vim aqui para criar polêmica, mas não fale o que vc não sabe. Se vc frequentasse ou pelo menos fosse até lá para ver o que acontece, não estaria escrevendo essas coisas. Para se fazer o bem, não é preciso ficar gritando o que se faz, basta "fazer o bem". Se for até lá, vai saber qtas cestas básicas são destribuídas aos carentes por mês, e não é só cestas básicas, o que o padre faz pela clínica de dependentes no saivá.
Qdo me referi a Secretaria de Assistência Social é pq é da competência dela fazer alguma coisa. Dar uma solução para a turma do litro. Não é se meter em outras secretarias, como a que dirige faz. Assistência Social mesmo, a secretária só faz para ela.

Paulo do B disse...

“Em que consiste meu crime? Em ter trabalhado para a implantação de um sistema social no qual seja impossível o fato de que enquanto uns, os donos das máquinas, amontoam milhões, outros caem na degradação e na miséria. Assim como a água e o ar são para todos, também a terra e as invenções dos homens de ciência devem ser utilizadas em benefício de todos. Vossas leis se opõem às leis da natureza e utilizando-as roubais às massas o direito à vida, à liberdade e ao bem-estar”. George Engel, 50 anos, tipógrafo.

Inezita do Barrosso disse...

Os problemas de Antonina, jamais foram causados pelos "bêbados" e sim pelos que que dizem sóbrios.

Anônimo disse...

Secretaria Municipal de Assistência Social tem por finalidade de coordenar o conjunto de serviços assistenciais de combate a pobreza visando o aumento da auto estima e dignidade do cidadão ( TURMA DO LITRO) em consonância com as diretrizes emanadas pela LOAS e do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, através de ações e serviços que visem à promoção, proteção social dos munícipes, tendo como princípios a universalização, a territorialização, a matricialidade sociofamiliar, equidade e a integralidade, a qualidade do serviço e humanização no atendimento.

QUEM BRICA COM FOGO MIJA NA CAMA disse...

O problema da Secretaria de Assistência Social não é omissão, e sim receio de se tornar um membro da TURMA, ela e seu par.

Fala o que quer! Ouve o que não quer disse...

Uma postagem que trás átona o descaso em nosso município, algo que não é de hoje, que sempre foi do conhecimento de nossos gestores, descaso esse que para muitos não passa de motivo de piada.
Demagogos e Antropólogos, é dessa forma que vejo alguns de nossos representantes no Município, Qual é o papel do Governo e de Algumas entidades religiosas perante a Sociedade Capelista para sanar de forma humanitária esse problema social? Vejo hoje, que aqueles dependentes químicos e alcoólatras que estão na praça, não têm direito algum a Vida, São apenas parte da paisagem que passa despercebida, rostos que se apagam em meio ás mazelas do sistema falho.
Vejam como é grande o empenho por parte do Governo, conversando com o, engenheiro responsável pela obra de construção das casas para os desabrigados no Bairro do Batel, ele me disse que no espaço físico onde encontrasse a Associação de Moradores do Bairro do Batel e o (AA) Alcoólicos Anônimos, entidade essa sem fins lucrativos e que a anos vem realizando um trabalho importantíssimo em Antonina, vai ser derrubado para a construção de uma Rua, isso mesmo que os nobres Amigos leram, o espaço vai ser derrubado para construção de uma rua, ainda questionei, não será construído casa nesse espaço não, apenas a abertura de uma Rua.

Que fique registrado nesse espaço Democrático para cobranças futuras.

Boa parte do poder constituído nesse Município apenas preocupasse com causas próprias e de grandes empresários, usam espaços do povo e concessões públicas para autopromoção de defesas tortuosas dos mesmos, fugindo assim da verdade e esquecendo o povo.

Marlon Everton

Anônimo disse...

Marlon, esse é o grande problema dos antoninenses.Para cobrança no futuro. Pq no futuro e não no presente. Depois que o leite tiver sido derramado, não adianta chorar. Kd a Associação dos Moradores? Kd o pessoal do bairro do Batel, que vão deixar isso acontecer? O pedido de uma explicação p a administração municipal é agora, não no futuro. O basta para essas insanidade tem que ser AGORA não no FUTURO.

Anônimo disse...

Vs. desceram o cacete no padre. E AS IGREJAS EVANGÉLICAS DO REINO, NÃO FAZEM NADA?????????? SÓ ARRECADAM DÍZIMO PRO PASTOR????????

Fala o que quer! Ouve o que não quer disse...

Anônimo das 15:55 horas. Não foi falado que não estamos fazendo nada, medidas já estão sendo tomadas, quando falo futuro, é para não nos esquecermos dos erros cometidos no presente.
Você esta certo quando fala da acomodação por parte dos Capelistas.

Marlon Everton

Anônimo disse...

Taí!!! ceis tanto falaro que a prefeitura num faiz nada, qui ela resorveu fazê pra turma do litro num sê incomodada! VAI DERRUBÁ O CANTO OS ARCOLICOS ANONIMOS!!

Anônimo disse...

Marlon, e também não foi falado que estão fazendo alguma coisa. Espero que sim, que já estejam se movimentando. O que não pode é esperar que comecem, que destruam a atual casa, que está servindo para o AA, para depois se movimentarem. Tá na hora da comunidade do Batel, e não somente a Associação de Moradores, se mexerem.

Amigos do Jekiti disse...

Meus caros, não tive tempo de ler todos os comentários. Percebi que alguém me orientou a não usar o termo "vagabundo" ao me referir a turma do litro. Entendi a sugestão e aceito, embora tenha feito de propósito, mas com aspas para que não levassem ao pé da letra.
Quanto ao Padre e pastores. Realmente concordo com as críticas, uma vez que o pressuposto dogmático os obriga a uma opção pelos pobres e excluídos. Para quem quiser saber sobre o investimento em ações sociais, sugiro que olhem a relação de despesas, exposta na entrada da matriz sobre o quando se gasta com despesas pessoais, de pessoal e de assistencia social. Tá lá pra todo mundo ver... a não ser que já tenham tirado.

Anônimo disse...

eu acredito que a turma do litro nao esta ali na praça por opção . e sim por algum problema que os levou a esta situação .essas pessoas tem familia .apenas estão excluidos no momento.algum motivo , sei la.resta as autoridades de antonina tomarem providencia .lembrando todos nos temos problemas . mas nem todos tem força pra nao cair ."obs la vem o cequinel me descer o cacete ." Edson.

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento