"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



domingo, 17 de outubro de 2010

OS ASPECTOS EXCLUDENTES DE SERRA

Causa-me preocupação a forma pela qual se explora o fator religioso nestas eleições. Os dois segmentos cristãos – Evangélicos e Católicos – usam de subterfúgios para tentarem manipular seus seguidores em relação a temas que nada acrescentam para enriquecer processo democrático, como no caso do aborto. Na internet há vários vídeos desses pregadores com informações distorcidas de que o PT e Dilma querem legalizar o aborto e convocam seus fiéis a uma espécie de guerra santa contra a candidata da situação. Para mim isso se caracteriza uma desinformação e maledicência, pois nunca houve um posicionamento por parte da candidatura Dilma sobre a legalização do aborto e sim uma posição de estadista em tratá-lo como um caso de saúde pública. Mas, devido à proporção que o assunto tomou, ela, numa tentativa de evitar que isso descambasse para o ódio e a intolerância religiosa, posicionou-se de que não levaria ao Congresso nenhum projeto que envolva a questão aborto.
Nossa Constituição define o Brasil como sendo um Estado laico, isto é, um Estado que não seja regido com base em dogmas religiosos. O laicismo nada mais é que a separação ou neutralidade do Estado em relação às questões religiosas, deixando que o cidadão possa se expressar religiosamente com liberdade, em suma: o Estado cuida das questões administrativas e as instituições religiosas cuidam da fé. No meu ponto de vista em relação à questão do aborto deve a igreja cuidar do assunto de acordo com seus dogmas e ao Estado cuidar das questões administrativas concernentes à saúde da mulher. Se conseguirmos entender os papéis de cada instituição, estas definições permitirão que o aborto seja tratado em todos os seus aspectos e deixe de ser instrumento de oportunismo eleitoreiro.
Como a Constituição define o Brasil como Estado laico, cabe Serra, principalmente, entender que seu posicionamento religioso como cristão é, no mínimo, excludente, ao afirmar em panfletos que “só Jesus é a verdade e a justiça” e isso para mim deixa bem claro que os milhões de não cristãos, os que não têm religião e os ateus, para ele, devem ser extirpados da sociedade brasileira. Além de se caracterizar excludente, cria um aspecto de falsidade e hipocrisia, quando ele afirmar que vai governar para todos.
A meu ver, o grande risco que Serra representa é o fim dos princípios democráticos, da liberdade religiosa, de imprensa e expressão e isso se configura nas planfetagens, nos discursos desses velhacos da fé que querem transformar o Brasil num Estado teocrático e dele excluir milhões e milhões que não seguem o cristianismo, os milhões de homossexuais, as milhões de mulheres que por várias razões fizeram o aborto, em síntese: Serra quer governar apenas para 20 milhões de pessoas.

4 comentários:

Sonia Arcanjo disse...

Olá, Henrique!

Subscrevo cada palavra de sua postagem! A maneira como o tema aborto foi trazido para esta campanha é irresponsável, indigesta mas não surpreende muito vindo de que veio. Sou uma das excluídas do programa de governo Serra mas principalmente pela questão religiosa. Porque levando-se em conta que faço parte da elite financeiramente privilegiada não tenho dúvidas de que é pra gente como eu que ele governaria (toc, toc, toc).

Quanto ao comportamento recorrente dos religiosos fanáticos, liderados especialmente pelos evangélicos, se você me permite transcrevo um trecho de um post do Leornado de Sousa que diz um bocado sobre isso: ""Aproveitando o tema [religião], permita-me uma pergunta: o que aconteceria se, ao invés de se mobilizarem maciçamente contra o “casamento gay”, os evangélicos se movessem por coisas que importam, como metrôs, ensino público, bons hospitais e punição a corruptos? Por essas e outras, é que indicadores como mortes violentas, saneamento básico e crianças nas escolas são bem melhores em Paris do que em São Gonçalo, cidade do Brasil com maior concentração de evangélicos. A luta contra a miséria e os embates por educação, transporte e hospitais de qualidade não parecem sensibilizar evangélicos – mas se dois marmajos querem juntar escovas de dentes no mesmo copo do banheiro, aí eles entram na briga, né? Essa miopia política acívica atrasa o país. O Brasil seria bem melhor para todos se os evangélicos batalhassem politicamente por coisas que realmente importam – e isso certamente não inclui ajustar o mundo aos estritos códigos comportamentais que defendem."

Parabéns pelo Blog!! A Lia amada me indicou e já virei fã!

Amigos do Jekiti disse...

Obrigada, Sônia.
A colocação do Leonardo é pertinente e esclarecedora.
Concordo plenamente com o que ele colocou.
Vou postá-la aqui
abraço

Anônimo disse...

Assino embaixo...mas esse blog cada vez fica melhor, assim, sem querer,éééé...a Arcanjo é sua amiga, Luis? Bonita! Quando ela irá visitar o Jekiti? Vc já fez uma agenda com ela, nos apresente "Sulingue". Fui!!!!

Anônimo disse...

Assino embaixo...mas esse blog cada vez fica melhor, assim, sem querer,éééé...a Arcanjo,que divina mulher. É sua amiga, Luis? Bonita! Quando ela irá visitar o Jekiti? Vc já fez uma agenda com ela, nos apresente "Sulingue". Fui!!!!

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento