"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

CARTAS DE MAMÃE

Antonina, 31 de Dezembro de 2010.

Filhinho querido da mamãe, você enlouqueceu? Você um menino criado com carnes nobres, acostumado a tomar colheradas de Emulsão de Scott todas as manhãs, junto com mingau de aveia e para assentar o estômago uma xícara de gemada, como pode se tornar a vergonha da família? O que diria sua avó? Que deus a tenha! Se ela,  até você completar vinte e um anos, colocava uma cadeira ao lado da cama para você não se estatelar no chão durante seu precioso soninho. Ainda bem que ela não está aqui para passar por essa vergonha. Você, que sempre foi o lindinho da mamãe, um pleiboizinho acostumado a papar todas as empregadas aqui de casa, que estudou nos melhores colégios da capital e que foi escoteiro exemplar, como foi virar uma coisa dessa, a qual me recuso citar o nome?
Meu filho, sempre aceitei que você soltasse a franga no carnaval, que votasse na Dilma, que respeitasse pobre, preto, nordestino vagabundo recebedor de Bolsa Família, ateu, viado e outras merdas mais, poderia chegar a esse ponto. Onde foi que eu errei, meu Deus? Onde foi que seu pai e eu erramos? O que vão dizer suas tias, todas professoras e gente de bem, tementes a deus e fervorosas fieis de nossa senhora? O que dirão os vizinhos? O dono da farmácia? O dono da padaria?... E o que vão comentar, quando eu sair na rua?
Ah, meu filho! Não dê ouvido a esses anônimos cagões, pois eles não merecem que você, um menino da elite quatrocentona capelista, se rebaixe. Você que foi criado como o Chiquinho Scarpa, como um Kennedy, como membro da família Guinle, que nunca se preocupou com trabalho, pois mamãe sempre lhe deu de tudo, pode dar bola para esse invejoso? Não se sinta triste com essa calúnia de que você não fez nada por Antonina... Aliás! Antonina é quem tinha que fazer por você, ora bolas, pela honra que ela teve de receber, em sua maternidade, um bebê tão fofinho e lindinho. Para esse tal de Cícero morrer ainda mais de inveja, informo que você foi, na infância, o mais belo, inteligente e querido aluninho do Jardim de Infância o Pimentinha (vide foto) e aluno preferido da professora Nilza Bang, no Valle Porto (foto abaixo)
Para terminar minha sina sofredora, deixo aqui a minha culpa por nunca ter lhe dado uma surra com vara de marmelo e umas chineladas nessa sua bunda gorda e infame. Mas para me redimir das minhas falhas de mãe, agora mesmo vou juntar minhas economias e ofertar como dízimo para algum pastor lhe internar numa dessas clínicas que cura boiolice galopante e depois trocar todas as fechaduras dos armários para que você nunca mais saia de lá.
De sua mãe que te ama muito, apesar de tudo, me despeço.
Durma bem, coisa linda da mamãe.

5 comentários:

Anônimo disse...

porra Luis, imagina Chiquitita lendo isso? hahaha
Esqueceu de fala que seu Dodo tamnbém era teu fã hahaha
Hoje foi só risada lendo teu blog muito bom.
abraço

Rolando Pinto

Anônimo disse...

1. Sua mãe está certa. Deveria ter-lhe aplicado umas varadas de marmelo no tempo adequado, de modo a impedir que você, hoje, homem feito e casado, seja visto em companhia de gente (?!) não muito recomendável.
2. Quem é este bosta de merda deste Cequinel para ficar falando palavrões naquele seu blog sujo e fedorento, tão desbocado que fala até psdb na frente das crianças?
Anônimo da Silva von Bostoffen

Edson de Araújo disse...

O cara era tão requintado que só apanhava com vara de marmelo e plumas de cisnes selvagens da Malásia he he he
Eu, fedorento do buraco da onça, entrava na porrada com rabo de tatu e acha de lenha tabucuva he he he
Aliás, você é o primeiro à esquerda na foto?
Acertei?

Amigos do Jekiti disse...

Edson,
Da esquerda para a direita:
Jura (minha irmã), Polaco (filho de Jamil), Rui Sérgio Giublin, Alexandra Camargo (filho de dona Laura), Bebel Giublin e eu (sem o uniforme)

Amigos do Jekiti disse...

Ah! Sou sim, a de mini-saia pregueada...ha ha ha!

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento