"Monocrômica, anacrônica, atraente, arcaica Antonina, não amo-te ao meio, amo-te à maneira inteira."
Edson Negromonte.



sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

LADO B - TAIGUARA - O GÊNIO LIBERTÁRIO



inspiração: Edson "chulé" Araújo
Taiguara é considerado um dos símbolos da resistência contra à censura durante a ditadura militar. Ele foi um dos compositores mais censurados da MPB, tendo cerca de 100 canções vetadas. Os problemas com a censura obrigaram Taiguara a se autoexilar na Inglaterra, em meados de 1973. Em Londres, gravou o disco Let Children Hear the Music, que nunca chegou ao mercado, tornando-se o primeiro disco estrangeiro de um brasileiro censurado no Brasil. A propósito, sobre este disco, através de uma rede social, tive a humilde participação na campanha de repatriamento dessa obra-prima, liderada pela sua filha, Ymira.
Em 1975, quando retornou ao Brasil, gravou o LP Ymira, Tayra, Ypi, junto com Hermeto Pascoal e a participação de vários músicos, mas o espetáculo de lançamento do disco foi cancelado e todas as cópias foram recolhidas pela ditadura militar. Sem perspectiva, Taiguara forçou-se a outro exílio, retornando ao Brasil, em meados dos anos 80.
Na campanha de 89, levado por um amigo no comício do Brizola, tive a honra de conhecê-lo. Embora doente, ainda mantinha nas palavras um tom libertário e nos olhos a pureza de uma criança livre.

Canções Clássicas de sua autoria:

- Hoje
- Universo no teu corpo
- Piano e Viola
- Amanda
- Tributo a Jacob do Bandolin
- Viagem
- Berço de Marcela
- Teu sonho não acabou
- Geração 70
- Que as crianças cantem livres (vídeo):

"E que as crianças cantem livres sobre os muros
E ensinem sonho a quem não pode amar sem dor".

Viva Taiguara e Feliz Ano Novo!

O QUE SERÁ, QUE SERÁ?

Rendo-me às opiniões de alguns para eu não permitir comentários anônimos no blog. Minha negativa a respeito se mantinha na idéia de que as opiniões eram muito mais importantes que a identificação das pessoas, bem como, possibilitar àqueles que, por timidez ou por constrangimento, pudessem se expressar de maneira mais livre. Porém, a partir do momento que entram aqui para destratar um amigo que nem sequer tem responsabilidade alguma com as publicações deste blog, os comentários só poderão ser aceitos com a devida identificação, através da conta do acompanhante.
Para mim torna-se difícil entender os motivos pelos quais uma pessoa se utiliza do anonimato para se expressar aqui. Este blog jamais ofendeu alguém, desrespeitou o posicionamento de alguém e muito menos atacou, covardemente, algum posicionamento político, religioso ou de cunho moral. Cá com meus botões, fico aqui a imaginar o que uma pessoa, que se esconde no anonimato, faria se estivesse no poder?
Acho que Chico explicaria isso, com O que será que será:
Que andam suspirando pelas alcovas?
Que andam sussurrando em versos e trovas?
Que andam combinando no breu das tocas?
Que anda nas cabeças? Anda nas bocas?
Que andam acendendo velas nos becos?
Estão falando alto pelos botecos?
E gritam nos mercados?
Que com certeza está na natureza
Será, que será?
O que não tem certeza, nem nunca terá!
O que não tem conserto, nem nunca terá!
O que não tem tamanho...

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

CARTAS DE MAMÃE

Antonina, 31 de Dezembro de 2010.

Filhinho querido da mamãe, você enlouqueceu? Você um menino criado com carnes nobres, acostumado a tomar colheradas de Emulsão de Scott todas as manhãs, junto com mingau de aveia e para assentar o estômago uma xícara de gemada, como pode se tornar a vergonha da família? O que diria sua avó? Que deus a tenha! Se ela,  até você completar vinte e um anos, colocava uma cadeira ao lado da cama para você não se estatelar no chão durante seu precioso soninho. Ainda bem que ela não está aqui para passar por essa vergonha. Você, que sempre foi o lindinho da mamãe, um pleiboizinho acostumado a papar todas as empregadas aqui de casa, que estudou nos melhores colégios da capital e que foi escoteiro exemplar, como foi virar uma coisa dessa, a qual me recuso citar o nome?
Meu filho, sempre aceitei que você soltasse a franga no carnaval, que votasse na Dilma, que respeitasse pobre, preto, nordestino vagabundo recebedor de Bolsa Família, ateu, viado e outras merdas mais, poderia chegar a esse ponto. Onde foi que eu errei, meu Deus? Onde foi que seu pai e eu erramos? O que vão dizer suas tias, todas professoras e gente de bem, tementes a deus e fervorosas fieis de nossa senhora? O que dirão os vizinhos? O dono da farmácia? O dono da padaria?... E o que vão comentar, quando eu sair na rua?
Ah, meu filho! Não dê ouvido a esses anônimos cagões, pois eles não merecem que você, um menino da elite quatrocentona capelista, se rebaixe. Você que foi criado como o Chiquinho Scarpa, como um Kennedy, como membro da família Guinle, que nunca se preocupou com trabalho, pois mamãe sempre lhe deu de tudo, pode dar bola para esse invejoso? Não se sinta triste com essa calúnia de que você não fez nada por Antonina... Aliás! Antonina é quem tinha que fazer por você, ora bolas, pela honra que ela teve de receber, em sua maternidade, um bebê tão fofinho e lindinho. Para esse tal de Cícero morrer ainda mais de inveja, informo que você foi, na infância, o mais belo, inteligente e querido aluninho do Jardim de Infância o Pimentinha (vide foto) e aluno preferido da professora Nilza Bang, no Valle Porto (foto abaixo)
Para terminar minha sina sofredora, deixo aqui a minha culpa por nunca ter lhe dado uma surra com vara de marmelo e umas chineladas nessa sua bunda gorda e infame. Mas para me redimir das minhas falhas de mãe, agora mesmo vou juntar minhas economias e ofertar como dízimo para algum pastor lhe internar numa dessas clínicas que cura boiolice galopante e depois trocar todas as fechaduras dos armários para que você nunca mais saia de lá.
De sua mãe que te ama muito, apesar de tudo, me despeço.
Durma bem, coisa linda da mamãe.

O JEKITI É ELEITO PELO "CÍCERO" O REDUTO GAY DE ANTONINA

Cicero diz,

Essa é a mais pura caracterização esse bosta de Cequinel,essa cambada que fica aí nesse jiquiti são de uma geração de antoninenses que nunca fez nada pela cidade filhinhos de papai que foram estudar em Curitiba e hoje aposentados estão ai nesses blogs de merda fazendo o mesmo.Plaiboizinhos que não cresceram e continuam se achando melhor que os outros. Elite bichistica querendo se vestir de povo. Vergonha,Vergonha. Se Antonina é o que é hoje é porque vcs foram omissos e cagões receberam tudo de mão beijada dos seus pais e não fizeram nada pela cidade.
Resumindo vc é mais um desses jaguaras metidos a rico,que na plenitude da sua acomodação e sossego de vez em quando quer dar uns pitacos nos assuntos da cidade.
Dando uma olhada nesses blogs da cidade vi que só tem porcaria agora o teu e esse jiquiti são o cúmulo da idiotice, não lhe batem um sentimento de vergonha escrevendo essas bobagens tipo merda, foda, isso é coisa de boiola escondido no armário.Esse tipo de coisa que voces tem para acrescentar para os mais jovens?É isso que voces aprenderam na vida?É por isso que Antonina está desse jeito, voces são um zero a esquerda. Vergonha.

RESPOSTA AO "CÍCERO"
Caro Cícero, eis a prova de tudo que você falou a meu respeito. Realmente o Jekiti é um reduto "bichístico"... Que tal você juntá-la ao seu dossiê, cheio de intolerância e ódio, e propor minha excomungação pela "bichice" e por ter votado na Dilma?
Só rindo, mesmo... hahaha!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O OLHAR DE UM FILHO ADOTIVO

Por Paulo Roberto Cequinel

Começo reafirmando algo que já disse em meu blog intestinal: Antonina não é pior do que qualquer outra cidade ou lugar e não está acima nem é melhor que sua gente, não é uma entidade superior ou intangível, mas é, antes e sobretudo, resultado do nós fazemos, acertando e errando, divergindo, discutindo, escolhendo.
Filho adotivo e meio relapso, admito, gosto da sensação de segurança e da tranqüilidade, da falta de pressa, da calma e das belas imagens das montanhas e do mar que nos cerca, e devo dizer que detesto quando alguém diz que por aqui nada vai pra frente, ou que tudo acaba fechando. Então o sujeito abre lá o seu negócio (epa!), é incompetente e relapso, quebra, e a culpa é da cidade, é minha e de todos os capelistas?
Gosto das pessoas, sempre muito simples e em geral muito divertidas, do trânsito que anda sem problemas maiores, embora alguns motoristas sejam lamentáveis.
Gosto do calçamento das ruas, de pedras centenárias e duradouras e dos prédios antigos e históricos e gosto, que luxo, quando posso pagar depois uma compra no mercado quando esqueço carteira, cartão e grana.
Gosto da Casa Verde, do Buganvil, do Le Bistrô, da Casa da Pizza, do Cantinho de Antonina e do Baía de Antonina, e do Albatroz, e da Nair, e gosto tanto que não estou cobrando nada para dizer isso.
Gosto de Antonina, meus amigos, por gostar, por ter escolhido viver por aqui embora não tivesse raízes e, vejam bem, gosto de Antonina apesar de certos antoninenses que acham que isso, ser antoninense os torna seres melhores que os “estrangeiros”, e gosto daqui apesar daqueles que consideram ter o monopólio do amor pela cidade.
Sou capaz de somar minhas modestas, esquálidas e desimportantes forças por Antonina desde que não me venham com essa conversa mole de “união pela causa maior” - que é desmobilizadora e despolitizadora, porque não vou me permitir ajuntamento com certos figurões, dos quais quero completa e segura distância.
Afinal, cabelos e barbas brancas, penso ser merecedor de um pouco de respeito.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

CAMPANHA CONTRA O COMPLEXO DE VIRA-LATA CAPELISTA

Tenho a nítida impressão que o antoninense tem uma relação de amor e ódio com a sua cidade. Assim é em todas as nossas relações afetivas, pois a gente só briga e brinca com aqueles que nos são importantes. Muitas vezes deixamos de enxergar qualidades naquele que está ào nossa lado e às vezes o atacamos, com fúria, sem que percebamos o quanto estamos sendo injustos. Isso se configura pela intimidade, pelo desejo que temos de moldar o outro de acordo com a nossa maneira de ser e de pensar. Essa postura que adotamos com amigos, cônjuge e filhos, nada mais é que uma maneira torta de dizermos a eles o quanto nos importamos e os queremos bem. A relação do antoninense com Antonina é assim - uma espécie de amor visceral que muitas vezes nos cega e nos distancia do real sentimento por nossa cidade. Não falo em amor condicional, pois minha relação com Antonina não é apaixonada, portanto não é cega. Não coloco Antonina acima de tudo, pois jamais a colocarei acima dos meus princípios éticos, valores e moral, muito menos acima da minha família. O amor que sinto por Antonina é racional - exceto quando alguém de fora é injusta com ela -, mas posso odiá-la, ás vezes, quando a vejo distante do que ela poderia ser. O fato de enxergar Antonina com meus olhos de adulto, não me distancia de quando eu a enxergava na infância, pois ela, para mim, ainda é engraçada, romântica e patética. Portanto, minha humilde pretensão neste momento, é valorizá-la, sem o amor cego, sem ufanismo, sem  a exaltação daqueles que amam e não agem, porque amor para mim é atitude.
Viva Antonina!
Viva o povo antoninense!

O ANTONINENSE É TACANHO, RETRÓGRADO, CAROLA, ELITISTA e HIPÓCRITA?

Recebi um comentário do Geraldo, o qual eu posto na íntegra para que sirva de obejto de discussão.

"Meu caro
Acompanho o blog e percebo que vc é um otimista e nao deve ter atentado para o fato que o problema de antonina é o povo tacanho, retrogrado, carola, elitista e hipócrita!
Tente fazer algo por Antonina e vc ficará sozinho e ainda enfrentará uma legião de inimigos, todos com a boca cheia de criticas.
O "antoninense" é assim:
fala muito e não faz nada
é preguiçoso
joga lixo na rua e reclama da sujeira
se acha superior a tudo e a todos
os que "se dão bem" estão pendurados no saco de algum político corrupto.
Os demais vivem de pires na mão, buscando as benesses da igreja.
Antonina vai morrer assim, enquanto isso Morretes vai bem obrigado".

Geraldo

RESPOSTA AO GERALDO:
Meu caro Geraldo,
Toda generalização é perigosa, mas vamos dar a cara a tapa:

1 - Sou um otimista:
O fato de ser otimista não me configura uma pessoa tapada, portanto meu otimismo é um estado de alma. Só para você saber, tentei fazer alguns projetos para Antonina, entre os quais, a campanha do livro usado, o Programa de Educação Previdenciária e palestras antidrogas nas escolas. Tudo passou de um bom ensaio, apenas isso. Não fui criticado apenas não recebi adesões, portanto, você não está tão longe da realidade. Mas posso garantir que muitas escolas, como o Maria Arminda, há interessantes programas sociais. Incluo também a escola de teatro para jovens, desenvolvido no Moysés Lupion.

2 - O Povo de Antonina é preguiçoso e joga lixo na rua:
Vou lhe contar um fato. Uma amiga tentou abrir uma confecção em Antonina e empregou várias costureiras. Passado um tempo poucas roupas foram entregues e ela (a amiga) teve que montar a sua empresa em outra cidade, por falta de mão-de-obra. Outra coisa: Segundo relato, a maioria dos estudantes do ensino profissionalizante do Brasílio Machado é de Morretes.
Quanto ao lixo: moro na rua XV de Novembro e todos os domingos minha mãe, a empregada, um vizinho e eu retiramos o lixo das esquinas e colocamos nos entulhos da Feira-Mar. O que falta e um pouco de bom senso para alguns moradores e comerciantes, no sentido de esperarem o caminhão do lixo passar na segunda-feira.

3 - Os que estão bem estão pendurados em sacos de políticos:
Puxa-saco, fisiologismo, interesseiros existem em todo lugar. Talvez o que queira dizer é que em Antonina isso é mais frequente por conta da falta de uma política desenvolvimentista de trabalho e emprego. Nisso concordo com você.

4 - O povo é carola e hipócrita:
Antonina tem uma tradição católica. O problema está na maneira pela qual alguns encaram a religiosidade e as pregações pastorais. Conheço alguns que brigam pelo andor de nossa senhora, muito mais pelo marketing do que pela fé. No meu ponto de vista tudo está na forma como cada um encara e pratica os dógmas da igreja... Enquanto alguns utilizam o medo e a culpa com o intuito da subserviência, outros a usam como forma de libertação do "pecado". O grande problema está na pregação da fé cega que faz do povo uma espécie de gado marcado e que o impede de enxergar à sua volta. Para alguns deus vive apenas dentros das igrejas e que fora delas tudo é permitido. Para outros deus é deixado de lado, pois fazem a sua parte.

Incluo, logo depois de postar, que como antoninense e otimista, sou um defensor fervoroso de Antonina, princpalmente contra aqueles que julgam nossa cidade o último lugar do mundo para se viver. Temos problemas sim, como coloquei acima, mas não posso deixar de defendê-la contra as almas pequenas que a enxergam como um cidade de povo tacanho, retrógrado, carola, elitista e hipocrita.
Viva Antonina! 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Resposta a Mauren em relação à Feira-Mar

Posto o comentário da amiga Mauren Pinho a respeito de como ela encara a questão do corte das árvores da Feira-Mar, bem como, seus questionamentos sobre a postagem "A PRAÇA DA DISCÓRDIA".

Caro Luiz, registro aqui minha indignação;neste final de semana 25/12/2010,ao revisitar minha cidade Natal tão querida, senti uma parte de meu coração arrancada, ao ver lembranças e histórias decepadas no cenário estarrecedor da Feira-Mar, este fato para mim trata-se de desrespeito aos cidadãos antoninenses.
Pergunto: será que um projeto de revitalização é tão premente nesta cidade? Recuperar o calçamento em diversos pontos centrais, é prioridade neste âmbito, ao meu ver. Nem vou mencionar aqui, tantos outras prioridades deste município!
Mesmo não pertencendo ao nosso ecossistema, aquelas árvores ao longo de décadas assim como nós, fixaram suas raízes, e com elas estavam nossos risos das manhãs de pique-esconde, o frescor de um fim de tarde, o brilho de uma noite de luar, elas foram testemunhas de amores e disabores, da inocência e das inconsequências. Como se substituir tais lembranças e emoções?
Quando cita "...pela substitução das mesmas por espécies nativas..." como será isso possivel? visto que SUBSTITUIÇÃO,em uma de suas definições é: Troca de um corpo simples por outro corpo simples.
Onde estava a administração pública quando permitiu que o local fosse tomado então pelos vândalos e usuários de drogas, onde estão os programas ou políticas públicas de combate ao tráfico e ao uso de drogas? Isso sim é premente do que a dita revitalização da Feira-Mar.
Como queremos que nossos jovens adquiram consciência ecológica dando um grandessíssimo exemplo de estupidez?

RESPOSTA A MAUREN:

Cara, Mauren,
Concordo em partes com seus comentários, embora em alguns aspectos são apenas uma questão de ponto de vista.

1- Sobre o corte das árvores:
Entendo sua frustração em relação a descaracterização da praça, pois, como você, também vivi toda à minha infância jogando bola no então campinho do flamenguinho e depois, também como você, fiz da Feira-Mar meu recanto da juventude. Porém, como consta na postagem, não encaro o corte das árvores como crime ambiental, embora reconheça que aquelas árvores estavam lá por mais de quarenta anos sem prejuízo ao ecossistema.

2 - Sobre a revitalização da Feira-Mar:
Se é premente ou não é uma questão de ponto de vista. A meu ver é sim, desde que a administração a revitalize dentre de certos critérios, nos quais estejam inseridas atividades esportivas, educação ambiental e integração social. Segundo o que me contaram a Feira-Mar está sendo adequada para se tornar uma academia ao ar livre, portanto, a meu ver, é uma maneira de tornar à praça um espaço que permita ao antoninense praticar atividades esportivas e, consequentemente, possibilitar a interação social de seus frenquentadores.

3 - Sobre a substituição das árvores:
Entendo que seja um dos aspectos mais conflitante, mas, para mim, a substituição das "exóticas" pelas nativas seria a forma mais correta de dar às crianças e aos jovens uma educação ambiental mais adequada - é so acompanhar o programa Biocidade. Como poderemos ser ecologicamente corretos se não conhecermos as especificidades de nossa flora?

4 - Quanto a falta de uma política pública que evite a depredação da praça:
Concordo com você que a falta de uma política preventiva e repressiva levou a este estado deplorável da Feira-Mar, mas com a revitalização o resgate social da praça poderá ser amplo, desde que a prefeitura siga as regras da boa gestão pública.

Para finalizar, digo a você que as colocações que fiz são devaneios, perspectivas, pois não sei em detalhes a maneira pela qual o projeto de revitalização da praça será implementado. Se, por ventura, essa revitalização não obedecer aos critérios de educação ambiental, prática esportiva, integração social e segurança pública, realmente nos depararemos com mais um exemplo de péssima gestão pública.

domingo, 26 de dezembro de 2010

RELÓGIO DE SOL DO MERCADO

O amigo Edinho me escreveu querendo informações sobre os "restos mortais" do relógio de sol do mercado. Ele me informa que lembra quando o velho Félix Carbajal o construiu, bem como das peças metálicas que foram forjadas pelo Cúnico. Conta ainda que Félix e Germano passavam horas tomando conhaque no velho Caiçara, proseando em alemão sobre o filósofo Scheler. Por fim me informou que os muitos relógios de sol contruídos pelo velho astrônomo estão espalhados por várias cidades do mundo, enquanto o nosso (do mercado) foi derrubado a marretadas.
Quem souber alguma história de Félix Carbajal, por favor nos escreva. Teremos o maior prazer em postá-la no blog.

Encontrei no site do IELA - Instituto de Estudos Latino-Americanos, da Universidade de Santa Catarina, o seguinte texto sobre Felix Carbajal:

Por Elaine Tavares - jornalista no OLA/UFSC - 04/08/2005.

Quase ninguém percebeu, mas neste dia três de agosto o tempo parou. Foi um átimo de segundo, talvez por isso não sentido. Todos os sons sumiram, a paisagem congelou. Os passarinhos quedaram sobre as árvores, silentes. O céu perdeu a cor. Nenhum gosto veio à boca. As canções ficaram prisioneiras no espaço. É que o senhor do tempo encantou. Félix Peyrallo Carbajal, o sábio uruguaio, o plantador de relógios de sol, o filósofo, o cientista, o amigo querido, o homem apaixonado e apaixonante, se foi. Não mais ouviremos sua voz de trovão, seu riso de passarinho, sua ironia fina. Voou no início de uma linda manhã de agosto, iluminada pelo sol de quase primavera. Um dia perfeito.
Félix tinha 100 anos e todos os sonhos do mundo. Vivia num asilo em Blumenau porque, anarquista, nunca quis ter nada de seu, ao não ser duas mudas de roupa, sempre branquinhas. Não tinha diplomas, nem documentos, nem mulher, nem filhos. Nada. A não ser seu corpo e sua sabedoria. Quem cruzou seu caminho sabe. A sabedoria, espalhou, a quem quer que tivesse vontade de ouvi-lo. Nunca esqueceremos suas lições dadas no dia a dia, na conversa no bar, na rua, no cinema... O corpo, bem usou, em viagens e amores. Era um sedutor.
Foi embora o Félix nesta manhã de agosto em que o tempo parou, em reverência. Foi embora como viveu. Sereno e feliz. Uma dor de estômago, o hospital, uma cirurgia e o encantamento. Coisa rápida, sem sofrer. Poucos dias antes se despediu de sua amiga fiel, Roseméri Laurindo, entregando a ela uns passarinhos feitos à moda de origami. Era seu jeito de dizer adeus a quem esteve ao seu lado nesses últimos tempos, aprendiz e companheira. Para o resto do mundo, e principalmente para a América Latina, deixou seus relógios - mais de 180 por todo o continente - a marcar indefinidamente o tempo. Para mim deixou a certeza de que a vida é mesmo um presente, uma bênção, e que temos de vivê-la como quem bebe uma taça do mais fino vinho.
O corpinho magro de Félix vai se encontrar com a terra na cidade de Lages, onde vive Elza, sua "namorada", seu amor. Mas o espírito gigante deste homem está aí, integrado à grande energia cósmica, encantado, mas presente. Acho até que ele é aquele passarinho que tanto canta na minha janela. Morto que nunca morre, como dizem os sandinistas...adorável ladrão de corações, almas e mentes.
Félix estaria nas Jornadas Bolivarianas, evento promovido pelo Observatório Latino-Americano (OLA/UFSC), no dia 16 de agosto, falando de Simón Bolívar, a quem considerava genial. Seu corpo não estará, mas manteremos a programação. Falaremos sobre ele, contaremos sua história e celebraremos a vida desse sábio, um dos últimos, exatamente como ele gostava. Com riso, com alegria, com amor. Félix estará, sempre estará, porque quem o tocou ficou marcado, indelevelmente... Félix, o passarinho...Félix, o homem... Félix, o sábio... Félix, o mestre...
E assim é... tão logo integrou-se ao cosmos, tudo voltou a andar...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O HERÓI DE GUAPIARA

Andaram margeando a estrada até Guapiara, distrito de São José do Paranapanema. Andaram pela rua principal, na direção da prefeitura, onde deveriam entregar o Livro Diário ao prefeito. Enquanto caminhavam, os cincos se surpreendiam a quantidade de japoneses que passavam em carroças com a produção agrícola.
Enfim chegaram à prefeitura e, depois de muito esperarem, foram avisados que o prefeito não os receberia. Desolados, porém determinados, foram à delegacia, que ficava a poucas quadras, e se apresentaram ao delegado. Assim que narraram a odisséia, o delegado, de nome Péricles, lhes deu um caloroso abraço e imediatamente lhes ofereceu sua residência para pernoitarem.
À tardinha banharam-se no Rio Pequeno e depois visitaram a cidade. Praça, igreja e prédios públicos eram extremamente bem cuidados. Havia um bom hotel e alguns estabelecimentos comerciais, nos quais, em sua maioria, vendiam o que os rurícolas produziam.
À noite não saíram, pois estavam extremamente cansados. A esposa do delegado serviu-lhes o jantar e depois um café na varanda, onde puderam se deliciar com a brisa leve e com as histórias do delegado sobre a cidade. Dr. Péricles tinha o hábito de fumar cachimbo, de falar muito e gargalhar com uma boa piada, mas a sua maior característica era o seu jeito espalhafatoso com que contava suas histórias sobres os bandidos que prendeu.
Segundo ele, o mais perigoso homem que ele prendeu foi João “boca rica”, cujo apelido lhe valeu pelos dentes de ouro que tinha na frente da boca. Segundo Péricles, João era metido a brigar em bares, simplesmente por não gostar de pagar a conta. Na noite em que foi preso, João discutiu com um cliente sem razão aparente e Péricles foi avisado. Assim que chegou encontrou João brigando, aos socos, com mais dois freqüentadores do bar. Sem cerimônia, Péricles sacou da arma e exigiu que a confusão terminasse. João, sem medo, encarou o delegado e lhe disse:
- Se tu és homem, largue a arma e venha na mão.
Péricles aceitou o desafio e os dois foram para fora do bar acertar as contas. Antes do combate, Péricles lhe propôs um acordo:
- Se você perder a briga vai para a cadeia vestido de mulher.
- E se eu ganhar? – retrucou João.
- Deixo você partir e pago o prejuízo.
João, com um meneio de cabeça, concordou e partiu para cima de Péricles...
Os espectadores gritavam a favor do delegado e este, como Joe Louis, bailava na frente de João, tentando cansá-lo. Este, mais forte, porém com menos cérebro, partia para cima de Péricles de maneira espalhafatosa, sem nenhum soco acertar. Já ofegante e sem forças para acertar os golpes, João, aos pouco era abatido por Péricles, com jabs de esquerda. A multidão, percebendo que Péricles a qualquer momento nocautearia João, se inflamava e pedia logo o fim da luta. Por fim veio o golpe de misericórdia, no queixo de João "boca rica", que caiu na rua de paralelepípedo, sem conseguir reagir.
A multidão gritava o nome de Péricles, enquanto a esposa do dono do bar trazia um de seus vestidos para colocar em João “boca rica”. Péricles, nos ombros da multidão, levantava os braços, como se ganhasse o título dos Pesos Pesados, enquanto João, já devidamente vestido, esperava para pagar sua dívida.
Depois que terminou a história, Péricles, em meio ao seu orgulho, baforava seu cachimbo e, com um leve sorriso vitorioso no rosto gordo e bolhachento, disse aos cinco escoteiros boquiabertos:
- Numa briga o que vale mais é o cérebro. 

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

AO PT DE ANTONINA

Junto-me ao Ornitorrinco para dar meu humilde apoio à sua causa. O PT de Antonina precisa se posicionar contra esse tipo de ilação sórdica de que o partido é uma quadrilha de bandidos. Não sou filiado ao PT como a nenhum partido, mas conheço muita gente que ainda faz parte de seus quadros e são pessoas dignas. Mesmo durante a campanha presidencial este blog jamais generalizou que o PSDB abriga quadrilheiros, pois tenho amigos tucanos, filiados, que gozam do meu maior respeito e eles sabem muito bem que jamais saiu da minha boca ou do meu teclado uma generalização que desqualifica seus quadros.
Eu sei, o PT já não é aquele partido de esquerda, embora tenha em seus quadros muita gente progressista, mas taxá-lo de abrigo de bandidos ou coisa do tipo é no mínimo uma safadeza de quem usa a liberdade de expressão de forma irresponsável e tendenciosa.
Lembrem-se: A liberdade de expressão não é o princípio fundamental, e sim o respeito a honra!

Viva o PT

domingo, 19 de dezembro de 2010

Where is Maneco Macumba Chicken?

Amigos do Jekiti e o M.E.R.D.A. numa campanha desesperada para trazer nossos exilados etílicos para a terrinha, conclama a população antoninense que informe a este blog o paradeiro de Maneco "frango de macumba". Segundo uma fonte do DOPS Voodoo Chicken estava ligado à Vanguarda Popular Revolucionária de Guaraqueçaba, portanto considerado um traidor das causas capelistas. Porém, segundo decreto presidencial, outorgado pelo nosso honroso presidente do M.E.R.D.A., Paul "God Save the Queen" Cequinel, determinou que todos os traidores da causa capelista receberão ampla, geral e irrestrita anistia.
Portanto, se alguém tiver contato com Maneco "frango de macumba", avise-o que Antonina o quer de volta.

sábado, 18 de dezembro de 2010

ANTONINA CRIA…E O MUNDO COPIA!

por Jeff Picanço

Como já se sabe há muito tempo, a genialidade antoninense é como um jarro inesgotável de criatividade e de boas idéias para a humanidade. Modestos, os capelistas preferem não fazer alarde destas características tão peculiares aos nascidos entre a BR-116, lá no posto Jaguatirica, e o Registro, ali na foz do Nhundiaquara, próximo a Ilha do Teixeira. Este comportamento tão desinteressado dos antoninenses, no entanto, faz com que muitas das contribuições importantes criadas em Antonina e que revolucionaram a história da humanidade sejam esquecidas. Pior, faz com que estas descobertas científicas sejam atribuídas a outrem, alhures (no bom vernáculo, entenda-se: “copiadas por um bando de chupim de fora”).
Tal foi o caso de João Bang, o bagrinho que estabeleceu as bases da psicanálise e do método psicanalítico. João Bang, de tradicional família capelista, desde sempre foi dado ao pensamento e a reflexão. Pensamento rápido e instintivo, que sempre se fazia entender nas encrencas de menino.
Quando cresceu, em nada modificou seu comportamento peculiar, sempre amigo do diálogo, nem que este fosse feito na base do berro, o que contribuiu para que ganhasse a alcunha com que seria conhecido: Bang. Amigo do carteado, fazia sempre do jogo uma forma de analisar e compreender a alma humana. Sabia com certeza distinguir quem falava sempre a verdade dos mentirosos compulsivos. Os paranóicos, que sempre achavam que estavam sendo roubados. Os maníaco-depressivos, que se deixavam roubar, tudo isso Bang observava com sua lente analítica. Era um voraz decifrador da mente humana. Para entender esta faceta de seu pensamento, recomendo a leitura de seu pequeno compêndio, “Psicologia da vida Cartesiana”, onde, como é óbvio, Bang não discute o mestre Francês e sim as estratégias do jogo de cartas.
Inveterado jogador do jogo do bicho, costumava usar os sonhos para fazer seus jogos. Estava em determinado momento escrevendo seu mais importante livro, “A Interpretação Dos Sonhos”, onde fazia importantes conjecturas sobre os aspectos mais obscuros da mente humana e suas relações com o jogo do bicho. Num dia desses, em que sonhou com uma voluptuosa vizinha, percebeu que tinha que jogar no bicho. Acordou gritando “égua, super-égua, irra!!”, e quis ir imediatamente à banca fazer a aposta. Mas sua mãe não deixou, estava de castigo.
Acontece que um caixeiro viajante, judeu austríaco, um tal Sigismundo, estava passando por Antonina naquela época. Também tinha problemas com a mãe, e prestou atenção nos berros de João Bang. Sigismundo usou de artifícios indesculpáveis - fingiu-se de amigo e, enquanto João Bang, deitado no divã de sua casa, contava os problemas que tinha com sua mãe, Sigimundo anotava tudo incessantemente. Sempre, como se pode esperar, Sigismundo entendia Bang de maneira imperfeita. No seu português deficiente, por exemplo, Sigismundo entendeu “égua, super-égua, irra!!” como “ego, superego e id”, entre outras barbaridades que inventou para o jargão psicanalítico.
Sigismundo voltou para Viena, onde residia, e no ano seguinte colocava ao mundo, em alemão, as teorias que havia ouvido - sob segredo, frise-se – de João Bang. “Die Traumdeutung”, ou “A Interpretação dos Sonhos”, um dos livros mais importantes da cultura ocidental, na verdade, foi uma descarada colagem das idéias de João Bang sobre como utilizar os sonhos e ficar rico com o jogo do bicho. Bang, aliás, quando soube por meio de seus editores do lançamento do livro em Viena foi até o Mercado, tomou uma boa pinga de Morretes e fez sua fezinha: “urso, na cabeça”.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O M.E.R.D.A. ESTÁ CRESCENDO

Querido e excelentíssimo senhor Paulo "the Windsor" Cequinel, mui digno Presidente do Movimento Escatológico Revolucionário De Antonina, o popular M.E.R.D.A., é com o coração em júbilo que me reporto à vossa reverendíssima para prestar a maior solidariedade em relação às suas angústias. Porém, mesmo que o PT tenha lhe dado grandes decepções, devo lembrá-lo que é preciso defender o M.E.R.D.A. e dele fazer nossa maior resistência contra o direitismo tucano e o reacionarismo DEMO do Mal.

Aproveitando o momento quero informá-lo que mais uma facção do M.E.R.D.A. foi criada para dar apoio ao F.O.D.A. Quem ficará no comando dessa nova facção é o camarada Edson "chulé" Araújo, , vulgo “anta-de-tênis, mui digno comandante da Patrulha Investigativa Capelista Armada, o popular P.I.C.A. Como vimos, ó altíssimo líder, nosso movimento está crescendo.

As boas notícias não param por aí, ó grande líder, pois há mais e mais adesões ao nosso movimento. Agora a camarada Tia Ciroba, num esforço titânico, angariou no quilômetro Quatro, várias camaradas que ali praticam a missão pastoral de entreter nossos camaradas revolucionários. Segundo a camarada Ciroba, as novas integrantes do M.E.R.D.A. criaram a facção feminina Batalhão Uterino da Cópula Esquerdista com Trompas Armadas, o popular B.U.C.E.T.A., também servindo como apoio ao F.O.D.A.. Segundo ainda a camarada Tia Ciroba, o QG do B.U.C.E.T.A., será no Morro do Picão.

VÁ a M.E.R.D.A, COMPANHEIRO

ASS: Chefe do Comando Tático revolucionário.

Primeira Diretriz do F.O.D.A.

Pré-projeto....

(...) camarada Fortunato Machado Filho, honroso presidente do Fundo Orçamentário e Defesa Armada, o popular F.O.D.A., a elaboração de planos pertinentes para subsidiar as causas revolucionárias do M.E.R.D.A.(...)

Como fui compulsoriamente elevado a presidente do F.O.D.A., em algum momento de sapiência etílica dos camaradas, repasso-lhes escrito proveniente do nosso filiado colombiano para as suas respectivas apreciações e para futuros desenvolvimento de ações(planos) de combate a essa doutrina. Agora! Camaradas, Se eu não puder dançar e cantar, não é a minha revolução! Tenho dito.

Natinho(codinome)

Os economistas neoliberais, novos criminosos de guerra.

O escritor marxista colombiano Renán Veja Cantor (historiador e professor da Universidade Pedagógica Nacional, em Bogotá) é autor de uma candente avaliação dos ideólogos do neoliberalismo, que se ocultam sob títulos acadêmicos para planejar e legitimar crimes contra os povos.Trata-se do livro Os economistas neoliberais - novos criminosos de guerra: o genocídio econômico e social do capitalismo contemporâneo (Bogotá, Centro Bolivariano, 2005). O texto a seguir é a apresentação do livro, cujo título é “Economistas ou criminosos”:

Economistas ou criminosos

Por Renan Vega Cantor

“Você deve chamar por seu nome a tudo o que vê e nunca ignorar
as consequências. Esta é a única maneira de enfrentar a barbárie.
Ver as consequências”

John Berger y Nella Bielski.

1- Esta é uma análise dos economistas neoliberais mas não pretende ser um livro de economia no sentido convencional da palavra, isto é, carregado de números, equações, modelos e gráficos, instrumentos que no caso do economista ortodoxo são usados nem tanto para esclarecer seu pensamento senão mas ocultar sua ignorância. Este tipo de escritura dos economistas se transforma, em grande medida, em uma barreira para o conhecimento dos problemas econômicos e sociais do mundo e em um mecanismo de desmobilização política das pessoas comuns.
Não tem nenhum sentido escrever para os economistas, pois já inúmeros deles se escrevem entre si e para si mesmos, porque isso significa usar uma linguagem hermética e incompreensível, distante das expectativas imediatas dos seres humanos. Somente o conhecimento acadêmico é gerado por essa terrível mania de dirigir-se de maneira exclusiva aos “membros da tribo”, sem que se façam o mínimo esforço de comunicar-se com o resto dos mortais, com aqueles que não têm as credenciais de “especialistas”, o que limita o conhecimento e a amplitude intelectual.
Como bem disse Günther Anders sobre o tema da filosofia: “escrever textos sobre moral que só podem ser lidos e compreendidos por colegas universitários me parece sem sentido. Algo cômico, se não inclusive imoral. Tão carente de sentido como um se um padeiro fizesse seus pães apenas para outros padeiros”. Seguindo tão sábio conselho, este livro não tem como destinatário principal nem exclusivo os economistas nem foi escrito a partir da lógica convencional da economia, cada vez mais distante do mundo real e dos problemas dos homens e mulheres de carne e osso.
Quando aqui se fala de economistas neoliberais não se considera apenas os detentores de títulos de economia, mas a todos os neoliberais – sejam eles de qualquer profissão ou disciplina do conhecimento - porque têm assumido como sua a lógica estreita e mecânica da ortodoxia da “economia de mercado”, ou seja, a vulgata neoliberal. Tal vulgata é repetida como uma litania por advogados, pedagogos, sociólogos, historiadores, pesquisadores e técnicos quando pretendem explicar o funcionamento das diversas instâncias da sociedade. Por esta razão, os postulados básicos de todos os neoliberais se subordinam à “racionalidade” dos economistas, a partir da qual podem ser analisadas suas políticas criminosas nos mais diversos terrenos da realidade social.
Os economistas liberais são a pedra angular para entender os crimes econômicos de nosso tempo, porque como já anunciou a revista Business Week, em março de 1977, vendem suas habilidades profissionais, “seus contatos, sua destrezas, e, na opinião de alguns, até sua alma, no tenebroso mundo da política de Washington”. Como parte de suas habilidades de negociantes se destaca a abertura de cátedras de “livre empresa” em universidades de todo o mundo com o objetivo manifesto de expandir a ideologizado capitalismo, que converteu ao fundamentalismo neoliberal indivíduos e grupos procedentes de várias profissões e de diferentes origens intelectuais e políticas, universalizando os crimes econômicos e sociais.
Durante a pesquisa foi se reafirmando a estreita relação entre neoliberalismo e capitalismo, porque aqui se enfatiza que não é possível separá-los e pensar que o neoliberalismo seja uma negação do “capitalismo civilizado” existente faz algumas décadas em sua versão social-democrática. Este tipo de análise pode ser antineoliberal mas não é anticapitalista, supondo que se possa chegar a um capitalismo social sem os incômodos “extremismos” dos “fundamentalistas de mercado”.
Ao contrário, ao longo destas páginas mostramos que existe um vínculo indissociável entre capitalismo e neoliberalismo e, portanto, é óbvio que a criminalidade destes últimos não pode ser entendida sem que se faça referência à barbárie capitalista. Por isto o subtítulo desta obra é “O genocídio econômico e social do capitalismo contemporâneo”.

2 - A criminalidade neoliberal tem estendido as redes delinquentes do capitalismo até níveis impensáveis há algumas décadas. No mundo atual os neoliberais desempenham o mesmo papel genocida que antigamente desempenharam a Igreja católica e os missionários, os piratas e aventureiros, os negreiros e os colonizadores. Embora todos eles continuem atuando de forma criminosa no capitalismo contemporâneo, subordinaram-se à lógica do neoliberalismo, cobrindo-se com o novo manto delinquente que agora os envolve a todos.
Com o neoliberalismo, o capital ampliou o caráter criminoso de sua estrutura a todo o mundo e aos mais diferentes aspectos da vida social e natural, o que pode ser constatado em diferentes âmbitos: o mundo do trabalho, a educação, o meio ambiente, a biotecnologia, o sistema de saúde, as migrações internacionais, a alimentação e a água.
O capitalismo converte a tudo o que encontra em seu caminho em mercadoria, destruindo sociedades, cultural, economias, tradições e costumes, deixando em sua passagem deixa morte e desolação. Isto se evidencia com a mercantilização da natureza, dos genes, dos órgãos humanos, das crianças e das mulheres... E o neoliberalismo se converteu no legitimador “teórico” e ideológico da brutal conversão de todos os valores de uso em vulgares mercadorias , com suas devastadoras consequências sobre os seres vivos.
Nestes momentos estamos suportando um impiedoso genocídio que pode ser corroborado com números eloquentes sobre a pobreza e a riqueza, sobre fome e obesidade, sobre sede e águas residuais, sobre analfabetismo e fastio informativo, sobre a exploração do trabalho e os fabulosos lucros dos empresários capitalistas... Este panorama de antagonismos se sustenta na exploração intensiva de milhões de seres humanos e na destruição acelerada dos ecossistemas.
O conjunto desse duplo processo destrutivo explica a amplitude e a variedade dos crimes do capitalismo e o papel que desempenham os neoliberais, como legitimadores ideológicos de tal projeto genocida, mas também como partícipes diretos e responsáveis nessa guerra contra o s pobres do mundo.
Nesta pesquisa quisemos mostrar tanto a responsabilidade do sistema capitalista como dos economistas neoliberais na perpetuação dos crimes de muito diversa natureza, ressaltando que muitos dos delinquentes, com brilhantes títulos de Doutores em Economia de prestigiosas universidades norte-americanas, planejam o assassinato em massa de milhões de seres humanos a partir de suas cômodas cadeiras de burocratas em seus tecnologicamente avançados escritórios do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional ou das instituições econômicas de cada nação.
Estes assassinatos se materializam na prática cotidiana quando são aplicadas as Armas Econômicas de Destruição em Massa, como os Planos de Ajuste Estrutural, contra povos inteiros. E, como sempre acontece com os delinquentes, que justificam seus crimes com argúcias, no caso dos economistas com sofismas sobre modernização, crescimento econômico, êxito exportador, eficiência, eficácia, qualidade, transparência... e mil falácias deste tipo. Se houver dúvidas, recorde-se o que ocorreu com Argentina, Bolívia, Colômbia, Nicarágua, Rússia, Gana, Zâmbia e outros 100 países devastados por projetos neoliberais.
É bom recordar que são tão criminosos os que apertam o gatilho para matar suas vítimas como os que selecionam e planejam a forma de executá-las. Isto, aplicado à economia capitalista contemporânea, significa que os assassinos não são somente os políticos que implementam os Planos de Ajuste Estrutural ou privatizam as empresas de serviço público ou assinam os Tratados de Livre Comércio para entregar ao capital imperialista os recursos de um pais. Atrás deles estão os criminosos de colarinho branco que, com sevícia, preparam os assaltos e roubos do patrimônio dos povos, o roubo de seus recursos naturais e matérias primas e a eliminação dos sindicatos e representantes dos trabalhadores. Como escreveu Bertolt Brecht em seu célebre poema “Muitas maneiras matar”:

“Há muitas maneiras de matar;
Podem enfiar uma faca na tua barriga
Tirar-lhe o pão
Não tratar de uma doença
Enfiá-lo em uma casa insalubre
Empurrá-lo ao suicídio
Torturá-lo até à morte pelo trabalho
Levá-lo à guerra, etcétera
Só algumas destas coisas são proibidas em nosso estado”

Ao mesmo tempo, os economistas neoliberais pretendem apresentar-se como novos oráculos dotados de poderes divinos para interpretar as “objetivas” e impessoais forças do mercado, em nome das quais perpetram todos seus crimes, da mesma maneira que todos os ideólogos dos impérios coloniais sempre justificaram seus delitos em nome de uma razão suprema (como as pretensas raças superiores, a civilização ou o progresso).
Agora, a “mão invisível” do mercado guia aos seres humanos pelo caminho da prosperidade e os únicos que podem interpretar de maneira correta os signos cabalísticos dessa força suprema são os neoliberais, o que também, nos asseguram, é uma expressão da superioridade moral do capitalismo. Trata-se da “grande moralidade” que o capitalismo demonstrou através da história, escravizando seres humanos, assassinando crianças, exterminando indígenas, colonizando povos... como tem demonstrado nos últimos anos, com os milhões de vítimas que produz em todos os rincões da Terra!
A partir dos dogmas do “livre mercado”, que fundamentam o pressuposto da globalização como realidade irreversível – uma espécie de “lei de gravidade social” - os neoliberais justificam suas ações criminosas e sua impunidade, e responsabilizam as próprias vítimas, às quais apontam o dedo acusador por não terem sido capazes de adequar-se às sacrossantas leis da competitividade e do êxito. A vulgata neoliberal sustenta que o homem é egoísta por natureza, que o mercado é uma condição natural dos seres humanos, que a competição premia os vencedores e castiga os perdedores, que tanto na sociedade como na selva sobrevivem os mais aptos, e estes são os melhores... Todas estas mentiras, cuidadosamente elaboradas pelos meios de comunicação, imprensa, revistas, livros e universidades, são apresentadas como a verdade revelada ante a qual é preciso submeter-se ou perecer.
Por sorte, o novo sentido comum de tipo criminoso que o neoliberalismo tratou de impor nas últimas décadas, e cujos ideólogos mais visíveis são os economistas, está repleto de contradições insolúveis porque não pode combinas as promessas de riqueza e prosperidade com as quais apresenta suas receitas mágicas, com adura realidade da miséria, o desemprego e a desigualdade, nem sua distopia de um crescimento infinito com os limites naturais da terra.
Por isso, até na tão elogiada União Europeia, apresentada como paradigma de uma pretensa integração neoliberal exitosa, e que hoje faz água por todos os lados, se levantam as vozes de repulsa e de protesto, que se somam a todas as dos povos do mundo periférico, como nós, e a de todos aqueles que durante muitos anos temos combatido o capitalismo e, desde nosso modesto lugar como trabalhadores do pensamento, temos promovido um combate aberto contra as falácias criminosas dos elogiados heróis do mercado total, os neoliberais, apoiando-nos na sábia definição de José Martí, quando dizia: “Os que lutam pela ambição, por fazer escravos a outros povos, por ter maior domínio, para roubar a terra de outros povos, não são heróis, mas criminosos”. Por sua vez, em nosso caso pessoal, se afronta este combate teórico e político, plenamente convencido de que, para dizê-lo com palavras do José Gervasio Artigas (líder da independência do Uruguai), “com a verdade, não ofendo nem temo”.

O chefe do Comando Tático Revolucionário, de antemão, aprova tal diretriz e confirma que o arsenal bélico já está a inteira disposição do líder do F.O.D.A.. Cabe ressaltar que o honroso Presidente do M.E.R.D.A., a revelia, também aprova a medida.
Vão à M.E.R.D.A., companheiros! 

Chefe do Comando Tático Revolucionário.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

LADO B - HOMENAGEM À RÁDIO TAM TAM - TU ÉS O MDC DA MINHA VIDA - RAUL SEIXAS

por Edson Araujo



Projeto TAMTAM: 21 anos de experiência em Arte e Loucura ou a estética da linguagem como arte de expressar as diferenças.
A língua que enrola a fala, que distrai o verbo, que ilude o verso, reproduz a linguagem dos que pensam.
O risco- traço desgastado, grafismos de um grito quase Goya, quase capricho, que "a louca" de vestido de bolinhas – pop – falava, mostrando a caligrafia de um tempo torto. A dramaturgia desagradável quase teatro pobre – cruel nos abscessos - para a qual alguns diriam: "Bobagens!"; outros, "Castigo...", e, outros, "Paixão!". Puros fragmentos, em cena seca – diálogos do silêncio – numa arquitetura dura.
A dramaturgia grega associou em nós a tragédia, o inevitável, o destino inglório do homem.
A linguagem do ato insubstituível, desse mundo excluído, criado pelo homem para outro que se faz ninguém, nos turva a face e desfoca o olhar. O mundo que se cria com o outro produz sentido ético/estético por acaso e pelo acaso. A socialização do prazer, provocada por escândalos de experienciações em encontros comuns com o outro. Esse compartilhar de emoções e paixões provoca rupturas e cria a língua (quase silêncio), a vanguarda, o alfabeto dos excluídos, uma real produção do romance, do poema e da poética – um novo signo cultural com vozes diversas de dizeres tantos, de um olhar "além do olho".
Não se trata de um elogio à piedade e nem a utilidade da arte – não se trata de uma arte-show – mas sim da estética de uma ética de aquisição de saberes: a linguagem, voz de todo corpo, numa nova produção de valores – ressonância do assombro... Talvez um gesto de amor (homem/humanidade).
Romântico demais? Você acha?
Falas do que? Dos hospícios ou dos castelos? Da favela ou dos cortiços? Das tribos? Gangs?... O que é isso? Algum movimento filosófico? Pós-modernidade? Ou será a exclusão da tese?
... Então, a "mulher de vestido de bolinhas" se vestiu de branco, atravessou o palco numa mala de ferro também branca – quase Dalí, mas é Pop-art... Êxodus... Onde um virou dois... dói, é macumba – baba –Dadá. Está feliz.
"Precisamos, mais uma vez, dar ouvidos aos loucos e aos profetas. Precisamos recuperar nossa cabeça."
O que se deseja é o direito de poder pensar artisticamente... Poder expressar a Arte sem, mais uma vez, vê-la associada a um sofrimento diagnosticado. Pois é mesmo um sofrimento a razão desse existir, desse bem-estar, dessa felicidade dessa alegria.
O que se deseja, então, é poder expressar, sem pressões, com conteúdos próprios, as nossas diferenças.
"Mas, enquanto isso não se tornar possível, teremos que ser radicais, não por opção estética, mas por desconfiança." (Galícia, 1972)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

TREVAS E LUZES

Por Luiz Henrique Ribeiro da Fonseca

É evidente que hoje em dia há uma terceirização da educação dos filhos. Os pais perderam a autoridade e sem saber como lidar com os limites transferem para a escola a responsabilidade de educá-los. Mas a própria escola, com seus professores e pedagogos, também perderam essa guerra e, em meio a toda a crise de autoridade, entra a Igreja e faz a sua parte, pregando a intolerância. A visibilidade que a TV e a internet dão aos movimentos das minorias, o programa Brasil sem Homofobia esbarra ainda nessa incapacidade que as pessoas têm de aceitar as diferenças. Foi assim em São Paulo, quando jovens de classe média alta espancaram um rapaz, na Avenida Paulista, e no Rio, onde houve uma tentativa de homicídio contra um rapaz de 19 anos, logo após a parada gay. Esse ódio deixa de ser latente quando os religiosos enfatizam o pecado do homossexualismo, quando as pessoas expõem seus preconceitos contra nordestinos. Outro aspecto está nas raízes históricas brasileiras, principalmente quando a minoria branca colonizadora se impôs, através da força, para garantir sua supremacia contra os nativos e os escravos.
Mas de tudo o que se vê de intolerância a mais comum é aquela que vem do seio da família. Pais e filhos entram em conflitos por conta da incapacidade que ambos têm em não conseguirem discernir autoridade de autoritarismo. Esse grande entrave cria no jovem uma visão distorcida, a qual, somatizadas com as pregações religiosas e ao contexto histórico da repressão às minorias, desencadeiam uma patologia social de ódio e medo contra aqueles que lhes são diferentes.
Com a falência da educação familiar e da escolar, a guarda dos filhos passou a ser da ordem jurídica, através da qual o jovem é punido pelos seus delitos, obrigando-o a se distanciar cada vez mais das regras sociais e, consequentemente, de sua educação convencional.
Se analisarmos as atrocidades cometidas recentes contra homossexuais, poderemos colocar na discussão a cultura de massa e a sua padronização (social) comportamental. Por conta desse padrão o jovem atua na sociedade de maneira não racional e reage contra tudo e todos que não seguem o padrão estabelecido, impedindo o jovem de ser o verdadeiro condutor da sua própria natureza humana.
Muitas vezes, os pais se surpreendem com a atitude violenta dos filhos e culpam-se por não saberem discernir entre os extremos da repressão e da liberdade. Essa situação mostra que não só o jovem segue esse padrão de conduta, pois os pais, também influenciados pela cultura de massa, adotam a mesma postura e o consenso formal imposto. Se pais e filhos fazem parte desse contexto massificado, a priori, torna-se difícil indicar caminhos para que ambos possam preencher suas lacunas. Como essas lacunas também não foram preenchidas pela escola e muito menos pela justiça acredito que a troca da ênfase do entretenimento pela informação, do trivial pelo profundo, poderia ser um bom caminho para que as minorias, através do seu processo histórico cultural, sejam inserindo junto àqueles que têm seus direitos civis, políticos e sociais respeitados.
A cidadania, como todos sabem, é a isonomia dos direitos - principalmente o social – e o apelo legal, como no caso da PEC 392/05, é apenas um instrumento garantidor de direitos àqueles que são alijados do processo de cidadania ampla, embora saibamos que não elimina o preconceito. Sinto que a intolerância está diretamente ligada à questão sócio-econômica, pois o preconceito está muito mais na distância que há entre ricos e pobres que nas questões de ordem sexual. Essa máxima entra em voga quando nos deparamos com artistas famosos, cuja opção sexual não é um fato desencadeador de violência, nem mesmo são atingidos pelas pregações de padre e pastores que são contra o homossexualismo.
A questão racial tem a mesma medida, isto é, negros ricos, bem sucedidos, não sofrem nenhum tipo de discriminação, embora considere que o preconceito esteja latente em muitos que ainda carregam o ranço da intolerância.
O preconceito, pelo viés religioso, está na facilidade com que muitos fiéis creditam sua postura social nas mãos de líderes cristãos, cuja doutrina fundamentalista incita o separatismo, impede uma integração social com aquele homossexual que não abdica de seus direitos à cidadania. Essa ética cristã, muitas vezes cega, gera a intolerância através do medo, muito mais pela pregação do púlpito, repleta de santimônias evangelistas, do que a própria natureza humana do fiel que a escuta. Esse fiel, ao sair da igreja, já “convencido” pela pregação, adquire uma vulnerabilidade, por conta da perda de seu sentido moral, e adquire outro estímulo que lhe causa uma excitação subjetiva, modificando sua estrutura psíquica. Assim, já doutrinado, principalmente pelo medo, reage com certa intolerância, sem que consiga compreender os enigmas de seus estímulos primários, devido à obscuridade da sua culpa.
Sobretudo, são os fatores religiosos que incitam essas diferenças e inibem a coexistência. Quando há cruzamento cultural, étnico, racial e econômico, isto é, quando não há sobreposição importante, inexiste o conflito, pois essa mitigação dilui essas diferenças, embora considere que é de forma mascarada.
A meu ver, para por fim a determinados conflitos e preconceitos, a comunidade religiosa deveria quebrar as barreiras que a separam das outras que gravitam à sua volta e estas deixarem de julgar, atacar seus dogmas, valores e padrões comportamentais. Se não for possível a convivência que pelo menos as atitudes sejam mais flexíveis, civilizadas, para que essa violência descabida não seja o caminho ideal para o fortalecimento de grupos de extrema direita que pregam, preferencialmente, uma sociedade separatista, cheia de intolerância e ódio às minorias.

ELOGIO AOS BLOGS DE ANTONINA

Copiado do Ornitorrinco

Atenção blogosfera de Antonina: ói nóis na foto.com.br!

1. Vejam comentário interessante que Pedroso, o misterioso, publicou por aqui agorinha, às 10:43.

2. Antes que alguém faça suposições descabidas, meu irmão Maury trabalha no TCE, admitido por concurso público, e é bibliotecário.

Pedroso disse:

Mudando um pouco o rumo da prosa, quero parabeniza-lo pelo blog e aos demais blogs em Antonina. Procurei blogs em Curitiba, Pta Grossa, Londrina e não encontrei nenhum com a qualidade critica e fiscalizadora dos blogs de Antonina. Em especial o seu O Ortnitorrinco e do Jekiti, não devem nada a blogs como o Cloaca ou o Doladodelá, por exemplo, embora estes criem um pouco mais, mas, enfatizando, a qualidade, está muito boa. Como diz o Paulo Cequinel, todos os dias dou uma passada no O Ornitorrinco,só pra conferir. Saludos, de um humilde cidadão.

Manda um abraço pro Amaury, la no TCE.

domingo, 12 de dezembro de 2010

PAULO e SÔNIA

O que dizer de Paulo e Sônia? Temo cometer falhas, principalmente o risco de parecer piegas demais e hipócrita, mas como sempre dei minha cara a tapa, risco dizer que são pessoas da mais fina estirpe. A conversa foi fluida, instigante, sem a lisura daqueles que pregam a gentileza como uma forma blasè de serem apenas educados. Paulo é efervescente, embora comedido, Sônia é coração quente, aconchegante e de sorriso cintilante.

Paulo e Sônia são pessoas que trazem nos olhos a dignidade solitária das causas nobres, uma altivez de princípios e valores que nos subordina a uma valorização do sensível, uma nítida sensação de que vale a pena ser ético e solidário, sem que precisemos mostrar aos demais nossas boas ações.

Ter conhecido de perto Paulo e Sônia foi uma grande e bela experiência. As horas que passamos juntos, para mim e minha esposa, foram breves, porém bem compensadas, inclusive nos hiatos provocados pelos goles e garfadas da boa bebida e comida do André.

O MANIFESTO DO M.E.R.D.A.

Reunidos neste final de semana as mentes mais privilegiadas da esquerda capelistas, resolveram, em seu primeiro encontro, concretizar os princípios que nortearão as ações contra a exploração da massa trabalhadora antoninense e contra toda a forma de homofobia e xenofobia discriminante.
O Presidente Paulo "Marx e Engels" Cequinel, do popular M.E.R.D.A., ao qual coube a honra de abrir o congresso, manifestou, peremptoriamente, sua disposição em combater a escravidão clássica, a servidão medieval e o obscurantismo religioso, bem como lutar para que todas as formas opressivas às minorias sejam extirpadas da nossa sociedade.
Depois de vários apartes e questões de ordem, por fim o Manifesto do M.E.R.D.A. foi eleito, por aclamação, aos gritos de “Viva o M.E.R.D.A. e todo poder ao M.E.R.D.A.”. Ovacionado pelas centenas de pessoas que lotaram o auditório, nosso querido e amado Presidente do M.E.R.D.A. , determinou ao camarada Fortunato Machado Filho, honroso presidente do Fundo Orçamentário e Defesa Armada, o popular F.O.D.A., a elaboração de planos pertinentes para subsidiar as causas revolucionárias do M.E.R.D.A.
Ao encerrar a plenária, nosso Presidente recebeu das mãos da Tia Ciroba, a Cigana Freudiana, um modelito chiquérrimo, constituído por um bustiê e saia lantejoulada, com o qual ele fez questão de anunciar a primeira Parada Gay de Antonina, a popular PARAGAYNINA, em 15 de Janeiro de 2011.

Vão à M.E.R.D.A., companheiros!

Ass: Chefe do Comando Tático Revolucionário do M.E.R.D.A.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O FIM DO MUNDO

Por Jeff Picanço, do blog Urublues - imprecisões, algaravias, garatujas e heresias

Eu tenho uma aposta com meu querido amigo Guilherme Schroeder, geólogo lá nos sertões de Goiás, dono de um sitio na chapada dos veadeiros e ser humano da melhor estirpe: pago pra ele quantas cervejas ele agüentar no bar que ele escolher lá perto do sitio dele, em janeiro de 2013. Se o Guilherme ganhar nossa aposta, e o mundo acabar mesmo em dezembro de 2012, segundo o Calendário Maia, a gente escolhe outro lugar. Schincariol quente no inferno, provavelmente.
Não levo muito a serio isso de Teorias de conspiração, Disco voador, então? Pois dizem que o ET de Varginha está escondido no porão de um laboratório aqui na Universidade, vigiado pelo exército cerca de quatro quadras de onde estou escrevendo agora. Nos anos 70 muita gente viu disco voador em Antonina. Acredito, claro. E me esqueço em cinco minutos, tenho outras coisas pra fazer.
Estes dias, nosso colega blogueiro Luiz Henrique Fonseca, do “Amigos do Jequiti”, entrou numa polemica sobre as estradas dos portos. Existe um projeto interligando os portos do Paraná aos portos de São Francisco (e Itajaí) e Santos, mas que emperra, no caso paranaense, no problema ambiental: trata-se da região com maior área de mata atlântica continua que (ainda temos). Sim, concordo com o Luiz, que o mico leão é um saco. Um tempo atrás, por causa da questão da mina de ferro, alguns vieram com o mote de que “mineração é escravidão”. Nada mais fora da realidade. Estrada, portanto, seria sinônimo de degradação ambiental para estas pessoas. Sim e não. Se elas forem feitas como são feitas hoje, claro que são, alem de ser um vetor de entrada de interesses imobiliários, que por fim levam a devastação de vários “paraísos” por ai.
Por outro lado, e as pessoas? Estradas levam e trazem pessoas e, também riquezas. É justo que as pessoas de uma região fiquem de fora do bolo que vai crescer e beneficiar a todos? É o caso do paraíso que é Guaraqueçaba, refém de meia dúzia de ONGs e de projetos – a maioria com dinheiro americano – de seqüestro de carbono. Se eu voluntariamente abro mão de explorar uma riqueza, é preciso que eu seja recompensado por isso. O que Antonina e o litoral – traduza-se: as pessoas mais simples e mais necessitadas desta região - ganham sendo reféns de ONGs? Antonina e Morretes têm vilas formadas por pessoas expulsas de suas terras por causa do seqüestro de carbono. E daí, Mr. Mico Leão Dourado?
Concordo com o Luiz, que devemos sim pensar no assunto, colocar Meio Ambiente e desenvolvimento na balança e decidir o que é melhor para a comunidade. Sem preconceitos e decisões a priori, mas com inteligência. Soluções técnicas existem para fazer estradas menos agressivas ao meio ambiente. É só querer. Ou não.
A outra solução é a que o meu amigo Guilherme acha inevitável: o fim do mundo. Sem a humanidade pra atrapalhar, em no máximo 50 anos a Mata Atlântica voltaria a ocupar todo o território que ela tinha antes de 1500. Antas, macacos, até onças pintadas, lobos guarás, todos iam re-ocupar o território. E ninguém ia nem lembrar daqueles macacos peludos (e folgados!) que um dia vieram fazer um sambaqui ali no Corisco, há 7 mil anos atrás e foram ficando, ficando, ficando...

A UTOPIA DE WILSON RIO APA


Conta Thomas More em seu livro Utopia que a propriedade privada nada mais é que a essência dos males dos homens. Assim também pensou Rosseau, em seu “Discurso Sobre a Origem da Desigualdade”, no qual o escritor defende o retorno à civilização de estado natural, sob novas formas.
Pouco sei de Wilson Rio Apa, exceto pelos relatos daqueles que conviveram com ele e o ajudaram em sua utopia de encontrar no homem o seu senso ético, sempre em comunhão com a natureza.
O fato marcante para mim foi no carnaval de 1975, quando vi na avenida uma enorme caravela repleta de marujos portugueses e ele, em destaque, representando Pedro Álvares Cabral. Outra lembrança foi uma peça de teatro de sua autoria, representada no auditório do prédio da Estiva, onde presenciei uma verdadeira catarse, como se os presentes estivessem assistindo uma tragédia grega de Sófocles. Muitos anos depois descobri que a peça se chamava O Homem Solitário e que fora montada pela primeira vez em 1968, portanto, eu tinha apenas 10 anos de idade.
Como não tive nenhum contato com ele, tenho pouco a dizer, mas, mesmo distante, sempre soube da sua importância cultural e da sua busca por um admirável mundo novo.
Wilson Rio Apa, com seus filhos Thor e Kim e o escritor Cristóvão Tezza - Antonina 1973.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Antônio Abujamra, em O Menino Jesus, de Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa)



BOA NOITE!

ESTRADA DA GRACIOSA

Em setembro de 1959, o governador Moyses Lupion - junto com autoridades de Antonina, Morretes e Paranaguá - fez a entrega oficial do tráfego do trecho que vai da ponte sobre o rio Mãe Catira a São João da Graciosa (PR-51), na rodovia Curitiba-Antonina. O trecho pavimentado ligava Antonina à estrada imperial da Graciosa, colocando finalmente Antonina em contato com a capital Curitiba. Esta ligação era estratégica para o tráfego local, pois a auto-estrada Curitiba_Paranaguá - BR-35 - estava em construção e a BR-6 (Anhaia - Morretes - Antonina, ligação natural para o porto de Antonina não saiu das pranchetas).
Na foto aparecem o Prefeito de Antonina, Carlos Eduardo Maia, Olga Leite, do jornal o Antoninense e o Governador Moises Lupion.
Fonte Lolô Cornelsen

domingo, 5 de dezembro de 2010

A CAÓTICA SITUAÇÃO DO NOSSO PATRIMÔNIO HISTÓRICO

Num desses finais de semana, andando pelas ruaa da nossa cidade, pude enxergar melhor a arquitetura das casas e constatar que o antoninense não tem consciência da importância de preservar seu patrimônio histórico. Muitas casas perderam suas características originais, talvez por conta de um contexto de época, cujos conceitos de modernidade exigiam um olhar para o futuro, esquecendo o passado.
Não tenho certeza, mas me parece que em Antonina havia uma Lei Municipal que determinava ao proprietário – desde que a casa passasse por uma reforma – a troca dos beirais por platibandas para impedir que a água da chuva molhasse os transeuntes. Claro que este conceito não passava de uma visão, muito em voga na época, de esquecer o velho e criar o novo. Só que essa mentalidade desencadeou uma ideologia contra as tradições e a identidade de um povo - prova disso é o carnaval de Antonina que se tornou há anos num genérico dos carnavais do Rio e Salvador - sem levar em conta o nosso fandango, que agoniza em todo litoral.
Essa equivocada maneira de pensar a modernidade, além da perda da identidade, nos tirou a memória e nos condenou a ser um povo sem referência – não é á toa que a maioria dos jovens antoninenses não conhece a história da cidade- e, por não tê-la, não sabe como encontrar suas perspectivas de futuro.
Antonina, como sabemos, perdeu esse rumo, embora seja considerada uma cidade histórica. Mas se a compararmos com cidades como Paraty, Olinda e Tiradentes, onde o turismo é intenso, podemos considerar que aquela visão modernista de outrora só trouxe prejuízos não só à nossa identidade cultural, mas à nossa arrecadação pelo turismo.
Embora o cenário não seja favorável, nada está perdido, pois há meios de reverter esse quadro caótico que se encontra o urbanismo de Antonina. A revitalização é uma maneira de se resgatar toda essa memória, desde que o espaço sirva à comunidade e aos visitantes como meio de interação social, prestação de serviço e divisa para o município. Com isso não quero negar o presente e muito menos a modernidade, quero sim, que passado e presente convivam de maneira harmoniosa; que o passado seja o entendimento do presente através do resgate da cultura de um povo e que esta redenção seja a boa herança do futuro.

LINHA DE MONTAGEM, O FILME

Acabei de assistir no Canal Brasil um programa, no qual se comentou o filme-documentário Linha de Montagem, do diretor Renato Tapajó. O filme retrata o início do movimento sindical dos metalúrgicos do ABC e mostra, com detalhes, a esperança e as dificuldades dos trabalhadores, sob a violência da ditadura militar no Brasil.
Lula é a figura central do documentário, mas não por uma questão pré-estabelecida pelo roteiro e sim pelo seu poder de comunicação junto à massa trabalhadora. O filme, além de mostrar de que maneira os trabalhadores se mobilizaram durante as greves, mostra que o movimento é por melhorias salariais e não político-partidário.
A parte mais comovendo é quando o filme relata, pela longa paralisação dos trabalhadores, a maneira pela qual se organizou o Fundo Greve para auxiliar as famílias dos operários sem salários.
Portanto, o filme é imperdível e serve de base para entendermos o surgimento de uma nova alternativa de luta para os trabalhadores, bem como as bases para a criação do PT.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

ARTISTA ANTONINENSE

MARCELO CECYN, em NE ME QUITTE PAS, composição de Jacques Brel.
Do Blog Antonina Antiga

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A INTERPORTOS E O MICO-LEÃO-DOURADO

Postei uma matéria sobre a abertura de licitação do projeto que viabilizará a rodovia Interportos. A postagem criou celeumas e desconfianças, mas como assumo tudo que escrevo, reafirmo minha posição sobre as vantagens desse empreendimento.
Esta rodovia, segundo o projeto do governo estadual, terá 145 quilômetros de obras, além da construção de uma ponte sobre a Baía de Guaratuba. Além de ligar Matinhos e Guaratuba aos portos de Antonina e Paranaguá, também dará acesso aos novos terminais portuários de Pontal do Paraná, Ponto do Poço, Embu-Guaçu e Embucuí, que ainda serão construídos. O aspecto mais importante e significativo é a ligação do sistema viário paranaense ao porto de Santos, através de uma nova rota que ligará o sistema viário paranaense ao porto de Santos.
Segundo o Secretário Estadual de Transporte, Mario Stamm Júnior, a obra visa facilitar a integração dos portos paranaenses com a zona de influência atendida pelo porto de Santos, objetivando a triplicação da movimentação de 40 milhões de toneladas para 120 milhões.
para melhor entendimento informo que a Interportos partirá de Garuva (SC), passando pela PR-412 até a Baía de Guaratuba, onde se construirá uma ponte que permitirá acesso a Matinhos. Seguindo em frente, a rodovia continuará até Pontal do Paraná e, pela PR-407, terá acesso a Paranaguá. Dali, o projeto se estende até um trecho da 277, para chegar a Ponta do Pólo, Emgu-Guaçu e Embucui, para depois, em um novo traçado, chegar a Antonina. Na seqüência, pela PR 410, pode-se chegar ao Porto de Santos, pela BR 116 e, depois pela SP-55.
Como vimos este sistema viário poderá trazer grandes avanços a Antonina, embora reconheça que a complexidade da obra e os recursos financeiros possam ser um entrave. Mas o mais importante, no momento é mostrar a viabilidade do projeto e o quanto ele pode muito significar a Antonina.
Quanto ao impacto ambiental, estudos de viabilidades indicam que não haverá problemas significativos no trecho de oito quilômetros de Antonina, pois o sistema viário, na área da Mata Atlântica, será sustentado por pilotis, evitando assim grandes prejuízos ao ecossistema.
O que me deixa de saco cheio são algumas posições de “ecologistas”, que se acham os donos do saber no que diz respeito aos assuntos ambientais e pregam um discurso vazio sobre o que não conhecem, como se o que fora colocado não respeitasse nenhum critério ambiental. Mas eu entendo esse discurso e sei muito bem que o intuito é a manipulação pelo pânico do aquecimento global, pelo medo do derretimento das geleiras...Vamos construir nossas Arcas com ar condicionado!
Ah! Ia me esquecendo: Acho esse papo de mico-leão-dourado um saco!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Lado B - Morte em Veneza - Cena Final

Filme clássico do diretor Visconti, baseado na obra-prima de Thomas Mann, e embalado pela intensiva música de Gustav Mahler. O filme retrata o platonismo na sua forma mais impoderável, quanto o protagonista - um músico famoso, humano e sensível -, é destruído pela peste e pela beleza intocada de um menino... Vale a pena assisti-lo.
Dica: Edson Araújo

Vem aí o Movimento Escatológico Revolucionário De Antonina, o popular M.E.R.D.A.

Seguindo a tradição de Marx e Engels, nós revolucionários de M.E.R.D.A., realizaremos o primeiro encontro da esquerda de M.E.R.D.A. a ser realizado no próximo final de semana, dia 04/12, na Casa Verde, mas antes pintaremos o lugar de vermelho para que não sejamos confundidos com simpatizantes do Partido Verde de M.E.R.D.A. A convocatória faz parte de uma estratégia revolucionária, da qual se tirará nossa ação escatológica para combater àqueles que torcem o nariz para o nosso movimento de M.E.R.D.A. 
Nosso presidente de M.E.R.D.A. Paulo Roberto "Mao" Cequinel, junto com a primeira-dama de M.E.R.D.A., senhora Sônia Olga Benário Cequinel, juntamente com a companheira de M.E.R.D.A Lia Rousseff Kerkhoff, a terrorista búlgara de M.E.R.D.A. e esposa do chefe do Comando Tático Revolucionário de M.E.R.D.A., farão uma rifa, com o intuito de angariar fundos para a nossa causa revolucionária de M.E.R.D.A., cuja arrecadação em Real será convertida em Peso Cubano, para faciliar o pagamento a Fidel, que nos treinará em Sierra Maestra.
Caso a rifa do patronato de M.E.R.D.A. não seja o ideal, discutiremos outras ações de M.E.R.D.A., como assaltos a Bancos de Espermas e sequestros de membros da elite capelista de M.E.R.D.A., com o intuito de criar o Fundo Orçamentário de Defesa a Armadinejá, o popular F.O.D.A., liderado pelo não menos revolucionário de M.E.R.D.A. Fortunato "Che" Machado.
Portanto, companheiros, prestigiem a nossa causa, pois a coisa vai feder!
Vão a M.E.R.D.A., companheiros! 

A ODISSÉIA DA PATRULHA TOURO

UM CASAMENTO EM APIAÍ

Na madrugada seguinte acamparam entre rochas, ao pé da Serra do Apiaí, com o intuito de chegarem à cidade no dia seguinte. De manhã Canário e Manduca foram à procura de lenha e gravetos, enquanto Lydio foi buscar água no Rio Apiaí-mirim para o café e depois seguirem a caminhada até a cidade Apiaí. Beto foi poupado do trabalho por conta das assaduras nas coxas e ficou descansando, enquanto Oribe preparava o material para seguirem em frente.
Por volta das 07hrs30min partiram, sob a manhã fresca, na direção do Portal da Mata Atlântica. Sem descanso chegaram as 11hs30min em Apiaí. A cidade estava em festa, pois era o dia de São Benedito, padroeiro da cidade. Andaram em meio a multidão e barracas, atraídos pelas ofertas das bugigangas. Alguns queriam parar e conferir a festa, mas chefe Beto os ordenou que seguissem em frente, na direção da Prefeitura Municipal.
Ao chegarem no Passo Municipal, foram informados que o prefeito não poderia recebê-los, devido aos compromissos dos festejos. Os escoteiros, decepcionados, com o Livro Diário nas mãos, resolveram não insistir e partiram, sem saber se seguiam em frente ou se paravam para descansar. Chefe Beto deu a ordem para que acampassem longe da aglomeração, próximo a um hospital em construção. As assaduras eram o que mais lhes incomodavam, muito mais que a decepção de não serem recebidos pelo prefeito.
Do acampamento era perfeitamente possível contemplar a natureza da cidade, cercada de morros com declives e planaltos. A terra roxa propiciava o cultivo do tomate, milho arroz e feijão, bem como a fruticultura, através do cultivo do pêssego, caqui e laranja.
À tarde foram fazer compra num comércio distante um quilômetro do centro e depois, às 17 horas, foram acompanhar a procissão de São Benedito.
Pernoitaram em Apiaí e logo cedo seguiram, margeando a rodovia SP-250. O movimento de carros e caminhões era intenso, mas eles seguiam, confiantes, ora assobiando ora cantando dobrados militares. Ao meio dia pararam para o almoço e cuidaram das assaduras com pomadas anestésicas. Em seguida, retomaram a caminhada, ainda sobre intenso movimento da rodovia, com o intuito de chegarem em algum lugarejo para pernoitarem.
A noite já caía e eles, menos aflitos, avistaram um lugarejo com apenas nove casas. Um senhor alto e com um cassetete nas mãos aproximou-se, querendo saber os que cinco desejavam. Imediatamente Beto informou-o sobre a missão e o homem, que era uma espécie de inspetor de quarteirão, ofereceu-lhes uma casa abandonada para pernoitarem.
Depois de acomodados, o senhor lhes ofereceu uma janta e ainda os convidou para assistirem o casamento da filha. Impressionados, todos imediatamente foram tomar um banho e vestirem seus trajes especiais de escoteiros. Por volta das 20 horas, os cincos se juntaram à família dos noivos e juntos foram para a associação de moradores, que ficava em frente a uma pequenina praça. Na porta, eles se surpreenderam com a chegada do noivo, vestido de terno de listra, chapéu de cowboy, montado num belo cavalo negro. Em seguida, surgiu a noiva, numa charrete enfeitada de flores campestres, puxada por dois cavalos brancos e, em seguida uma outra charrete com as daminhas de honra. Minutos depois, chegaram o Juiz de Paz e o Escrivão, ambos de Apiaí.
A cerimônia foi rápida e os noivos, seguidos pelos familiares e convidados, se despediram, sob choros das mães e votos de felicidades dos parentes e amigos. Manduca virou-se para o Inspetor e perguntou se haveria a tradição de jogar arroz nos noivos. O pai da noiva sorriu e imediatamente sacou de um revolver, dando vários disparos para o alto, seguido pelos demais...

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento

O JEKITI NOS ANOS 60 - foto do amigo Eduardo Nascimento